ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 19/09/2020 10:10
INCENTIVO DO LÍDER
Reprodução/Foto-RN176 Foto de ilustração da Editora Brasil Seikyo – BSGI
Quando era muito novinha, lembro-me de ouvir minha avó baiana, arretada e cheia de pérolas na ponta da língua, gritar pela casa: “Quem quer bem, catinga cheira!”.
Ela dizia isso quando meu irmão e eu brigávamos pela posse do controle remoto ou quando uma visita reclamava do seu cônjuge devido a costumes e desacordos na convivência. Até que um dia, ao me queixar de uma amiga que tinha desmarcado um compromisso em cima da hora, ela me disse, enquanto lavava a louça e sem olhar para trás: “Quem quer bem, catinga cheira”.
Naquela época, entendia essa frase como uma máxima de conformismo e abuso. Como assim? Para se querer bem, tem de cheirar a catinga? Aff! É claro que não, pensava eu.
Algum tempo passou, e eu já não encontro minha avó lavando louça e, sobretudo, ela não pode mais olhar para trás. No entanto, enquanto eu mesma lavava pela vigésima vez a louça aqui de casa, lembrei-me daquela pérola da vovó. Olhei ao redor e percebi que: o controle remoto é pivô de desentendimentos outra vez; tenho lavado mais louça que fulano e sicrano; e o certo é guardar as panelas depois que se almoça, ou não? Aí, gente, acho que estou certa, né?
Relembrei, naquele momento, um trecho do livro Pode Haver uma História Mais Maravilhosa do que a Sua?, que diz:
O importante é agir para ajudar a pessoa que está bem diante de nós. Para que o Budismo Nichiren perdure, para que a paz e a prosperidade sejam alcançadas, necessitamos de pessoas que propaguem a Lei. Os membros da SGI são aqueles que empreendem essas ações e que se responsabilizam pelo futuro. (p. 93)
É isso! O convívio com o diferente é o que nos faz mais fortes, mais sábios e é justamente essa “diferença” em relação ao outro que torna nossa existência mais alegre. E tudo bem se ele coloca o feijão por cima do arroz. Acho que essas são as “catingas” de que vovó falava.
Não existe certo ou errado. Existem o meu e o seu jeito de ver as coisas. E, quando se quer bem alguém, conseguimos deixar cada coisa no seu lugar, sobretudo, porque temos a oportunidade de enxergar além, de buscar o precioso e definitivo, sem nos perdermos no meio das questões transitórias. Afinal, viver com outras pessoas revela o que temos de mais sensível, e ter pessoas fortes por perto corrobora para que treinemos nossa própria vida.
Na mensagem endereçada à Divisão dos Jovens, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, enfatiza:
Nichiren Daishonin declara: “Quando uma árvore é transplantada, ainda que soprem ventos fortes, ela não tombará se estiver sustentada por uma firme estaca” (CEND, v. I, p. 625). Ele afirma que, da mesma forma, uma pessoa “não tropeçará se aqueles que a apoiam forem fortes” (Ibidem), ensinando a importância dos bons amigos. (Brasil Seikyo, ed. 2.522, 4 jul. 2020, p. 3)
Então, queridos amigos, toda vez que você não aguentar mais ver a garrafa de água vazia na geladeira, ou não encontrar seu chinelo onde o deixou, ou até mesmo se incomodar com o volume alto do som no quarto, digo para você respirar fundo e se lembrar da minha avó dizendo: “Quem quer bem, catinga cheira!”.
Silmara Cristina Lima Morita
Coordenadora da Divisão Feminina de Jovens de coordenadoria