Modelo faz relato mostrando como era menos saudável quando era magra

DELAS E ROTANEWS176  28/04/2017 13:33

Australiana Kate Wasley, 22, já tentou se encaixar no padrão de magreza socialmente mais aceito, mas viu sua vida se transformar em um pesadelo

Kate Wasley é uma modelo australiana que ficou conhecida após fotos suas ao lado da amiga Georgia Gibbs serem alvo de certo tipo preconceito. Se Georgia veste tamanho 34, Kate é tamanho 44. Seguidores da também modelo Georgia no Instagram passaram a comentar que ela usava photoshop nas fotos para aparecer mais magra nas fotos ao lado da amiga, mas a verdade é que elas apenas tinham corpos diferentes. Agora, Kate revelou como era menos saudável na época em que também foi magra.

 Em foto publicada nesta quarta-feira (26), a jovem de 22 anos mostra seu antes e depois e avisa: “antes que qualquer pessoa venha me dizer que eu era mais saudável antes, aqui está o porquê do não. E aqui também está o porquê de eu firmemente acreditar que saúde vem em todos as formas e tamanhos”.

A modelo explica que quando estava no ensino médio costumava ter cerca de 10 quilos a mais do que tem agora. Ela sempre ouvia comentários como “você seria mais bonita se emagrecesse” e, como tinha apenas 17 anos, a opinião das outras pessoas ainda era muito importante. Para piorar, um professor ainda decidiu falar para ela, em frente a todos os colegas, que a estudante não estava tão em forma quanto poderia estar. O mesmo profissional já havia criticado o corpo de Kate anteriormente, e tudo isto foi o bastante para que ela decidisse passar por uma transformação.

Não só os comentários a fizeram repensar suas escolhas, mas ela sabia que costumava comer pizza demais e bebidas açucaradas, sendo que nunca se exercitava – nada que possa ser considerado saudável. Mas, a verdade, é que ela era feliz com o corpo que tinha, só não tinha noção disso na época.

Processo de emagrecimento

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Reprodução/Foto-RN176 Em tentativa de ficar magra e saudável, Kate parou de se alimentar adequadamente e só aparentava curtir a vida – Instagram/Kate Wasley/Reprodução

A então estudante passou a seguir uma dieta rígida. “Eu conversei com algumas meninas do meu ano que achava serem perfeitas. Depois, pesquisei algumas coisas na internet e comecei minha primeira dieta detox. Era algo ridículo, com apenas 800 calorias e sucos nojentos, mas eu estava convencida que aquilo era saudável e me daria o corpo que eu desejava.”

Depois disso, ela testou diversas dietas: com base em proteínas, apenas de proteínas, outras detox, apenas de sucos… Até que ela encontrou uma que a fizesse se sentir bem, mas não comendo de verdade.

“Eu me exercitava até doer e, meu Deus, eu estava em forma. Eu tenho tanto respeito por pessoas que se exercitam diariamente e ainda fazem isso corretamente, se alimentando sabiamente. Porque isso exige trabalho duro e dedicação. Mas não no ponto em que eu estava. Não vou falar o que eu comia para que ninguém copie, mas não era saudável ou até mesmo possível de se continuar seguindo”, afirmou Kate, que, na época do regime, só ingeria 800 calorias ao dia, algo muito abaixo do recomendado para o seu biotipo.

 “Eu cheguei a um ponto em que eu não sabia mais como comer mais do que isso. Estava presa na contagem de calorias, uma goma de mascar e a mistura de gelo, suco de limão e espinafre em um smoothie. Mesmo que, na época, eu jurasse que poderia manter este estilo de vida, não poderia.

A falta de uma alimentação adequada fez com que Kate perdesse energia e motivação. Ela passou a ficar cansada e irritada o tempo todo e ainda deixou de ver os próprios amigos porque tinha medo de comer – ou ficar sem comer – em público. “Eu tinha 18 e me recusava a sair, me divertir ou beber com meus amigos porque parecia que quanto mais magra eu ficava, mais insegura me tornava.”

Consciência

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Reprodução/Foto-RN176 Aos poucos, a jovem Kate foi aceitando o seu corpo e biotipo e voltando a se alimentar e se divertir com os amigos – Instagram/Kate Wasley/Reprodução

Cada vez mais, Kate passava a se importar com o que achava serem seus defeitos. Ela até se lembra de dizer a um amigo que passaria alguns meses fora do país que, quando ele voltasse, ela estaria muito mais magra do que já estava. “Número um: eu já havia perdido 27 quilos naquele momento. Número dois: como se ele se importasse! Ele era meu amigo e me amava por quem eu era, não pela minha aparência”, escreveu a jovem.

“Basicamente, não estava aproveitando a vida porque me odiava. Decidi, então, fazer uma nova mudança. Busquei meu próprio certificado para treinamento e fui para a universidade afim de estudar nutrição e promoção da saúde.”

Começava aí uma luta pessoal de Kate para aceitar seu biotipo e ir contra o preconceito de muitas pessoas em relação a pessoas que pesam mais do que as modelos tradicionais.  A australiana também entendeu que aquelas dietas milagrosas a que se submetia não eram nem um pouco saudáveis. “Passei a me alimentar melhor e equilibradamente. Continuei a me exercitar, mas não me condeno caso não o faça. Estou muito mais feliz agora que aceitei o meu corpo.”

Aceitação

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Reprodução/Foto-RN176 Modelo australiana passou por um período em que odiava o próprio corpo, mas conseguiu retomar a própria vida – Instagram/Kate Wasley/Reprodução

Claro que não foi tão simples o processo de aceitação do próprio corpo. Ainda mais porque ela saiu de uma fase em que passou a odiar o corpo que tinha.

“É uma difícil jornada na sociedade atual, em que o “corpo perfeito” é enfiado garganta abaixo. Estou maravilhada de ter chegado a um ponto em que comentários preconceituosos sobre meu corpo nas redes sociais não me afeitam mais, mas também estou orgulhosa disto. Ainda tenho os meus dias em que me concentro nas minhas falhas, mas eles são poucos.”

A modelo lembra que a definição da Organização Mundial da Saúde para o termo “saúde” é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”.

“Viva sua vida, faça escolhas saudáveis, aproveite seus amigos e família, experimente novas comidas, dane-se o que as pessoas pensam, coma sorvete se você quiser também e seja gentil com você mesmo(a)”, finaliza Kate.

Página no Instagram

Depois da amiga de Kate, Georgia, ser acusada de se ‘photoshopar’ para aparecer mais magra, as duas criaram a página Any Body no Instagram. O objetivo é mostrar que não há problema em se ter corpos de formas e tamanhos diferentes – além disso, provar que é possível, sim, ter uma amizade verdadeira com alguém aparentemente diferente de você.

“O fato de que uma simples foto de duas pessoas juntas se tornou viral apenas por conta de seus corpos me deixou chocada”, escreveu Georgia em uma foto compartilhada na página. “A página Any Body foi criada porque ninguém deveria precisar lidar isso. Parem de comparar uns aos outros e aceitem a beleza de cada pessoa.”

Foi na rede social, onde as duas já reúnem mais de 147 mil seguidores que Kate divulgou o relato sobre ser mais saudável hoje do que quando era magra. Em pouco mais de um dia, a foto conseguiu mais de 7,6 mil likes. Ela também reproduziu sua história em sua conta oficial, conseguindo mais de 14,9 mil likes no mesmo período.

“Por mais que eu já conhecesse a sua história, Kate, estou muito impressionada que você a contou e que ama o corpo que tem agora. Que modelo incrível você é para tantas pessoas jovens”, foi um dos comentários na foto com o relato de Kate sobre ser saudável. “Obrigada por dividir uma história tão difícil de contar. Você é uma inspiração. Não por conta do seu tamanho, mas por ser uma mulher tão confiante. Felicidades!”, disse outra usuária da rede social.