ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 19/09/2020 10:15
RELATO
Para Carol, como é conhecida, todo sonho pode ser conquistado com determinação e coragem
Reprodução/Foto-RN176 Ana Carolina Farias, Resp. pela DFJ do Distrito Jd. Apurá; vice-resp. pelo Pompom-tai do grupo Asas da Paz Kotekitai do Brasil da CNSP, CGESP.Editora Brasil Seikyo – BSGI
Por gostar de matemática, ainda bem jovem sabia que minha graduação seria na área de exatas. Lembro-me com carinho quando então decidi ser engenheira. E, até conquistar esse sonho, enfrentei sete anos de vários desafios na faculdade. Foram noites sem dormir, muitas horas de recitação do Nam-myoho-renge-kyo, provas e trabalhos difíceis. Ouvia dizer que ser engenheiro era profissão para homens e por diversas vezes realmente eu era a única mulher na sala de aula ou no laboratório. Mas nunca me abalei. Minha convicção sempre foi romper os limites, fazer o que gosto e evidenciar a minha força.
Constante aprendizado
Moro em São Paulo, e em junho de 2013, fui aprovada no curso de engenharia de produção do Centro Universitário FEI, uma das melhores instituições do país, o que exige bastante empenho dos estudantes. Isso não foi diferente comigo, a começar pela distância de casa até a faculdade. Tinha aulas de segunda a sábado e pegava três ônibus ou mais todos os dias para assistir às aulas, e me empenhava ao máximo nos estudos, fazendo valer cada momento.
Em paralelo, na organização, eu me esforçava para não perder as atividades que me fortaleciam e me impulsionavam a ensinar sobre a prática budista para as pessoas. Sempre que possível, participava dos ensaios e das apresentações do meu amado grupo Asas da Paz Kotekitai do Brasil [banda da Divisão Feminina de Jovens (DFJ)], que me proporcionou incomparável aprimoramento.
O apoio da minha família também foi essencial. Minha mãe me incentivava a não desistir mesmo nos momentos mais difíceis, por exemplo, quando repeti em algumas matérias ou quando perdi a bolsa de estudos que havia conquistado com tanto esforço, e ela passou a arcar com a mensalidade.
Assim, após sete anos de estudos e desafios, apresentei o trabalho de conclusão de curso (TCC), de forma inédita, numa plataforma on-line, em 23 de junho (Dia Internacional da Mulher Engenheira), obtendo nota máxima. Com o reconhecimento dos professores, o trabalho foi arquivado na biblioteca da universidade e indicado para ser apresentado na feira de inovação (Inova) promovida pela instituição. Quanta alegria!
É chegada a primavera
Em 30 de junho, encerrava-se o contrato de estágio que havia conseguido na Motorola e, apreensiva, temia a respeito da minha efetivação, num momento de crise e de isolamento social em que a empresa, dona do grupo, congelou novas contratações em âmbito global. Foi um período de tensão e de incertezas.
O presidente Ikeda relembra seu mestre, Josei Toda:
O presidente Josei Toda salientou que o mais importante é tornar-se indispensável onde estão. Em vez de lamentar o fato de o trabalho não ser aquilo que gostariam de fazer, afirmou ele, tornem-se pessoas de primeira classe nessa atividade. Isso desbravará o caminho que conduz à próxima fase na vida, durante a qual também deverão continuar a fazer o máximo. Esses esforços certamente levarão a um trabalho de que gostem, que sustente sua vida e que lhes permita contribuir para a sociedade. E então, quando olharem para trás, verão que todos os seus esforços se tornaram preciosos patrimônios em seu campo ideal e que nenhum deles e nem as dificuldades foram em vão.1
Com essa determinação e de que “o inverno nunca falha em se tornar primavera”,2 segui recitando daimoku. Continuei me dedicando pela felicidade das pessoas em meio ao movimento Soka na localidade, com o desejo de apoiar aos membros, realizar visitas e auxiliar os demais líderes de distrito na realização das atividades virtuais.
No trabalho, apesar da tentativa da empresa de abrir exceção para realizar meu contrato, ainda não tinha uma resposta sobre essa situação.
Certo dia, numa visita on-line, uma amiga me incentivou dizendo que não importa quão difícil fosse a situação, nós praticamos o budismo para conseguir o impossível. Também dividiu comigo um poema do escritor inglês James Allen:
“A humana vontade, essa invisível força / nascida de uma alma imortal / pode abrir caminhos para qualquer meta / embora muros de granito se lhe anteponham. Não te impaciente a longa espera / Suporta-a como alguém que compreende / quando o espírito se ergue e assume o comando, os deuses estão prontos para obedecer”.3
Isso me fez renovar a determinação de vencer sem falta. E como aprendemos que no budismo não há oração sem resposta, em 7 de julho, fui contratada como funcionária direta da empresa, do jeitinho que eu queria! Com o feedback positivo do meu chefe, eu me senti reconhecida por todos os esforços que despendi na empresa, e feliz pela confiança em mim depositada. Venci, quando quase ninguém acreditava ser possível. Quanta gratidão!
Motivada, escrevi para Ikeda sensei comunicando sobre essa vitória e recebi dele preciosas considerações que guardarei por toda a vida. É maravilhoso ter a chance de viver com nosso mestre e trilhar um caminho de vitórias juntos. Isso me faz refletir que não devemos nos limitar e sim acreditar que podemos realizar tudo!
Notas:
- Brasil Seikyo, ed. 2.132, 19 maio 2012, p. C2.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, v. I, p. 560.
- ALLEN, James. O Homem é Aquilo que Ele Pensa. Editora Pensamento, 2016. p. 23.
Ana Carolina Farias, 26 anos. Engenheira de produção. Resp. pela DFJ do Distrito Jd. Apurá; vice-resp. pelo Pompom-tai do grupo Asas da Paz Kotekitai do Brasil da CNSP, CGESP.