ROTANEWS176 27/10/2023 11:20 CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA Por Ho Goku
Capítulo “Sino do Alvorecer”, volume 30
PARTE 53
Após cruzar o Oceano Atlântico, o avião com a comitiva de Shin’ichi Yamamoto aterrissou no aeroporto internacional John F. Kennedy, em Nova York, pouco antes das 15 horas do dia 16 de junho de 1981 (horário local). Era uma visita a Nova York depois de seis anos.
Em Nova York, o prior do templo local da Nichiren Shoshu, que havia sido transferido para lá, realizou de forma astuta seguidas críticas à Soka Gakkai. A organização acabou sendo perturbada por pessoas que foram influenciadas pelo clérigo, e seus membros estavam com dificuldades de se unirem. Shin’ichi decidira em seu coração que se encontraria com todos e transmitiria a cada um deles o orgulho e a convicção da Soka Gakkai de se empenhar pela missão dos emergidos da terra. Além disso, o kosen-rufu nos Estados Unidos estava mais adiantado na costa oeste, como em Los Angeles. O desenvolvimento na costa leste, por exemplo, em Nova York, era doravante um importante tema. Para tanto, ele queria criar “valores humanos”.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas de ilustração da matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida
Tanto nesse dia como no seguinte, ele realizou seguidas orientações, dialogando diversas vezes com os líderes centrais da Área Nordeste onde pertencia Nova York:
— A América é o continente da liberdade. Por isso, é essencial respeitar a vontade de todos. Os líderes não devem impor unilateralmente suas opiniões. Devem sempre conduzir a organização trocando opiniões com as pessoas. Quando elas forem conflitantes, não devem ser levados pelo sentimentalismo nem criar hostilidade. Devem retornar ao ponto primordial do Gohonzon e do kosen-rufu e recitar daimoku juntos unindo o coração. O buda Nichiren Daishonin afirma em seus escritos: “Budismo é razão”. Assim, mesmo para se apresentar as diretrizes de atividades, deve-se fundamentar na “razão”1 para que todos compreendam plenamente. Procurem se preocupar sempre em discorrer os assuntos de forma racional. A “razão” se torna a força para convencer todas as pessoas. Nesse sentido também, procurem polir suas capacidades com o estudo do budismo. Quando os escritos de Nichiren Daishonin se enraizarem no modo de vida de cada um, os sentimentos de desprezar, de odiar, de invejar ou de caluniar os companheiros deixarão de existir, e poderão unir o coração. Os escritos são uma referência para si, e um espelho para seu modo de vida. Portanto, antes de criticar as pessoas, é preciso analisar seus pensamentos e sua conduta com base nos escritos de Nichiren Daishonin. Isso é ser budista.
PARTE 54
Considerando que havia muitos líderes de origem japonesa nos Estados Unidos, Shin’ichi também pensou em transmitir alguns pontos a serem observados com atenção na promoção das atividades do dia a dia:
— Em especial, aos líderes japoneses, gostaria que prestassem atenção para não agir com o mesmo senso do Japão. A América é o continente de múltiplas etnias, e tanto o modo de pensar como o senso de valor das pessoas são variados. Portanto, mesmo em questões básicas consideradas premissas, é necessário obter concordância, confirmando item a item. O modo de pensar do tipo “subentendido, sem falar” ou “transmissão de pensamento” como na sociedade japonesa pode causar mal-entendido.
Shin’ichi se referiu ainda à importância de unir o coração na promoção do kosen-rufu mundial:
— Gostaria que os membros não só da América, mas de todos os países, observassem e respeitassem as respectivas leis, os hábitos e os costumes, e conduzissem as atividades em harmonia como bons cidadãos. Como consta nos escritos de Nichiren Daishonin, “Se o espírito de ‘diferentes em corpo, unos em mente’ prevalecer entre as pessoas, elas alcançarão todos os seus objetivos”.2 Os companheiros de fé devem unir o coração, acelerar e eternizar a correnteza do kosen-rufu mundial. A força motriz desse movimento pelo kosen-rufu é a relação de mestre e discípulo Soka. Consequentemente, é essencial que os líderes não centralizem os membros em si, mas os orientem para que todos consigam caminhar pela grande estrada de mestre e discípulo. Para tanto, o próprio líder deve se enfileirar à correnteza verdadeira da Soka Gakkai manifestando o límpido e refrescante espírito de procura. A atitude de centralizar em si próprio é comparável a uma poça d’água que se afastou da límpida correnteza. A água vai se tornando turva e, no final, acaba secando. Assim, é impossível conduzir os membros para o grande oceano da paz e da felicidade. Além disso, se não ajustar a engrenagem ao eixo do kosen-rufu, a rotação acaba se interrompendo. E, mesmo que continue o movimento, será uma rotação em falso. Portanto, vamos sempre nos alinhar com a correnteza verdadeira da Soka Gakkai, ajustando os dentes da engrenagem e acertando o ritmo. Esse deve ser o sentimento do líder que avança em prol do kosen-rufu.
A Soka Gakkai está recebendo a época de alçar um grande voo como religião mundial. Ele sentia profundamente que, para tanto, a condição mais importante encontrava-se na atitude de se levantar na fé pelo kosen-rufu e de edificar a inabalável união de “diferentes em corpo, unos em mente”.
PARTE 55
No início da tarde do dia 18, na qualidade de representante da Editora Seikyo Shimbun, Shin’ichi visitou a Associated Press, localizada no Rockfeller Center, em Manhattan. Após visitar as dependências da companhia, Shin’ichi manteve diálogo com seu presidente Keith Fuller. Conversaram trocando opiniões sobre variados assuntos, tais como as questões raciais, o papel e a responsabilidade da imprensa, entre outros.
Shin’ichi afirmou que transmitir corretamente os fatos para o mundo era a “mais elevada estratégia para a paz”, e enalteceu o esforço e a luta daquela empresa jornalística. Salientou também a preocupação de se criar uma sociedade exclusivista em que, ao se defrontar com situações de crescente intranquilidade como na economia, o homem valoriza mais os ganhos imediatos em detrimento da ideologia, e o sentimentalismo sobre a razão. Shin’ichi enfatizou que, para se elevar a consciência das pessoas para a contribuição social, era necessária uma verdadeira religião que tornasse as pessoas senhoras de sua mente e que não fossem levadas somente pelo seu sentimentalismo. O presidente Fuller meneou a cabeça e demonstrou concordância com a afirmação de Shin’ichi.
Após a visita à Associated Press, Shin’ichi visitou a sede regional de Nova York localizada na Park Avenue South, também em Manhattan. Era uma sede pequena no andar térreo de um edifício com apenas oitenta cadeiras. Ao tomarem conhecimento da visita dele, um grande número de membros se reuniu e o local ficou completamente lotado:
— Good afternoon! (Boa tarde!) Fico feliz em encontrá-los. Orando pelo kosen-rufu de Nova York, como também pela boa saúde e felicidade de todos e prosperidade de suas famílias, vamos recitar juntos o gongyo.
Ele orou profundamente desejando que os membros de Nova York, sem exceção, conduzissem plenamente sua fé, edificassem uma condição de felicidade indestrutível e se desenvolvessem como pilares da confiança na sociedade.
Em seguida, discorreu sobre o ponto fundamental da prática da fé, isto é, o grandioso poder do Nam-myoho-renge-kyo, e a importância da recitação do daimoku.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas de ilustração da matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida
A oração ao Gohonzon é a base da prática da fé. A organização e as atividades da Soka Gakkai existem para ensinar esse ponto às pessoas. Essencialmente, o vigor para desenvolver o kosen-rufu, o desafio para transformar o destino e o empenho para criar a união surgem do ato de cada pessoa se levantar com absoluta convicção ao Gohonzon devotando firme oração.
PARTE 56
Shin’ichi orientou com base nos escritos de Nichiren Daishonin:
— Nos escritos consta: “E quando, nesses quatro estados de nascimento, envelhecimento, doença e morte, recitamos Nam-myoho-renge-kyo, fazemos com que eles exalem a fragrância das quatro virtudes”.3 Há pessoas que vivem chorando pela infelicidade, envoltas pelas nuvens negras do seu destino. Aliás, talvez essa seja a condição da maioria das pessoas. Porém, com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo, nós podemos varrer essas nuvens negras dos sofrimentos com a brisa perfumada da eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. Além disso, o “Nam-myoho-renge-kyo é a maior das alegrias”.4 Na vida existem diversos prazeres. Mas essa passagem dos escritos assegura que o fato de recitar Nam-myoho-renge-kyo, despertando para a consciência de que é o próprio Buda, é a maior de todas as alegrias. A alegria de conquistar o que tanto desejava ou de obter fama e reputação é algo que vem de fora. Essa alegria é apenas momentânea e não é de forma alguma perene. Em contrapartida, quando se dedica à recitação do daimoku, abre-se um grandioso palácio em sua própria vida, e emerge a suprema condição do seu interior, isto é, das profundezas do seu coração, tal como a fonte de uma correnteza. Essa é a maior das alegrias que surge do seu interior. E ainda, essa fonte de alegria não cessa mesmo diante das mais severas provações e adversas condições. Nos escritos de Nichiren Daishonin também consta: “O meio maravilhoso verdadeiramente capaz de impedir os obstáculos físicos e espirituais dos seres humanos não é outro senão o Nam-myoho-renge-kyo”.5 As divindades celestiais e as divindades benevolentes e todos os budas das dez direções e das três existências prometeram proteger sem falta a todos nós que recitamos Nam-myoho-renge-kyo. Portanto, a recitação do daimoku é o meio maravilhoso para impedir quaisquer dificuldades, possibilitando-nos viver plenamente, apreciando a suprema felicidade em nossa existência. Convictos de que a suprema existência de plena satisfação se encontra no ato de viver até o fim junto com o Gohonzon e na recitação do daimoku, dediquem-se à prática budista e procurem polir a própria vida. Não sejam pessoas influenciadas pelas palavras e pelas ações de outras que mudam de opinião ao sabor dos ventos. Sejam pessoas que se devotam à recitação do daimoku capazes de afirmar: “Adoro recitar daimoku”.
Pessoas que recitam daimoku possuem um coração radiante como o céu azul. São pessoas felizes e de grande alegria.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Ilustrações: Kenichiro Uchida
Notas:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 99, 2019.
- Idem, v. I, p. 646.
- The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, 2004, p. 90.
- Ibidem, p. 211.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 103.
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO