Cultivar a boa sorte

ROTANEWS176 10/11/2023 14:05                                                                                                                                RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS

De Mogi das Cruzes, SP, Eduardo Urakami revela como superou a depressão e tornou a empresa da família líder no mercado de cogumelos.

 

Reprodução/Foto-RN176 Eduardo Urakami, Na BSGI, é vice-responsável pela Regional Braz Cubas, CGSP.

A realização de um sonho exige que cultivemos, antes de tudo, a esperança no coração. Não é tarefa fácil. Meu nome é Eduardo Urakami, tenho 50 anos e moro no município paulista de Mogi das Cruzes, SP. Vivi a depressão, uma forma de a vida dizer que não existe saída. Introvertido e triste desde criança, já sabia do poder da recitação do Nam-myoho-renge-kyo, ao ver minha mãe se curar de um grave quadro de saúde. Ela conheceu o budismo em 1992, e eu logo a segui, mas ainda sem reconhecer essa força dentro de mim.

Levava uma vida no automático e, ao mesmo tempo, estudava física na Universidade de São Paulo (USP). Foi preciso uma forte crise me atingir para eu reagir. Os momentos depressivos foram evoluindo, a ponto de eu não desejar mais viver. No entanto, uma voz interna ecoou: deveria persistir. Dos cinco minutos de recitação do Nam-myoho-renge-kyo possíveis pelas minhas condições de tempo, passei a orar três horas por dia. Era hora de quebrar a concha do meu pequeno eu.

Indescritível a sensação um tempo depois, ao me vir admirando a natureza local do campus. A determinação muda tudo. Decidi viver, ser feliz e assim parti para a concretização do sonho familiar, com a força e a coragem que brotaram da prática da fé.

Dedicação e confiança

Minha família se mudou de Goiás, GO, para Mogi das Cruzes em 1985. Três anos depois, iniciamos a produção de cogumelos. Minha mãe sonhava alto.

Reprodução/Foto-RN176 Com os pais Chuji e Taeko Urakami

Recebi meu Gohonzon (objeto de devoção dos budistas) em 1994 e, por me manter na órbita da Soka Gakkai, mesmo em tempos mais desafiadores, os constantes incentivos de Ikeda sensei soaram sempre como aquela “voz interna”, dizendo: “Eu confio em você, não perca para si mesmo”. Terminei a faculdade e decidi empreender na empresa da família, que, aos poucos, foi conquistando lugar no mercado.

Em 2004, participei do meu primeiro curso de aprimoramento dos jovens no Japão, vivendo momentos preciosos. Retornei em 2013, já na Divisão Sênior (DS), desta vez convidado a relatar minha comprovação numa atividade realizada em uma região fortemente atingida pelo tsunami de 2011. Senti que estava correspondendo ao Mestre, incentivando os que haviam perdido tudo e buscavam forças para recomeçar.

Alguns anos mais tarde, em 2017, vivemos o período crítico do mercado brasileiro: crise econômica, entrada forte de concorrente e por pouco não fechamos a empresa. Renovei o ponto primordial, pois cada pessoa possui uma missão que só ela pode concretizar. Era minha vez!

Cogumelos da boa sorte

Encarei a produção dos cogumelos como objetivo de levar às pessoas alimentos nutritivos, saborosos e que façam bem à saúde, ajudando a prevenir doenças. No nosso sítio, cuido das tarefas administrativas e do monitoramento da fabricação, e oro constante daimoku para que os Cogumelos Urakami brotem com essa missão.

Pode parecer algo místico, mas considero ser esse o “fazer acontecer”. Com a prática da fé, associamos novas pesquisas, dedicação redobrada e vencemos. Assim como o presidente Ikeda encoraja:

O fato é que os momentos de sofrimento e de dificuldade são uma oportunidade para se conquistar um magnífico crescimento e acumular imensa boa sorte. Se vocês se levantarem e enfrentarem o desafio nessas horas, adornarão a vida com benefício imperecível.1

Reprodução/Foto-RN176 Em frente ao mural de fotos da empresa

Voltei ao Japão mais duas vezes, em 2018 e 2019, para renovar meu juramento de luta conjunta com Ikeda sensei. E o mais incrível foi constatar que, no auge da pandemia, em 2020, época em que a produção no mercado praticamente parou, tivemos maior êxito. Superamos nosso principal concorrente, e hoje somos o primeiro na produção de cogumelos shimeji preto da América Latina, com uma produção mensal de 40 mil quilos. Ampliamos nossa carteira de produtos, oferecendo além de variedades como shiitakeeryngui e nameko, conhecido como juba de leão (Yamabushitake), considerado forte restaurador neural utilizado para auxiliar no combate ao mal de Alzheimer, por exemplo. Mantendo o mais elevado nível de qualidade, implantamos energia solar em parte de nossas instalações, os descartes do composto são usados como adubo orgânico e estamos avançando em outros projetos de sustentabilidade. Da nossa produção, 60% são comercializados na capital paulista e o restante distribuído em grandes capitais do Brasil. Tudo com muita boa sorte!

Gratidão é tudo!

Com a firme convicção de não esperar os tempos bons, e sim não temer os ruins, encaro com rigorosidade minha participação no Kofu (contribuição voluntária). Lutamos pelo possível ou para comprovar o “impossível”? Mesmo com o rigor da crise, não hesitei. Conseguia sentir gratidão e a certeza de que sairia vitorioso em tudo. Se não recuarmos, os caminhos se abrirão. Dessa maneira, venho comprovando. Assim é na organização na qual atuo, em que nos reunimos no período de pandemia de forma on-line para orar pela saúde e felicidade de todos. Seguimos unidos.

Reprodução/Foto-RN176 Momentos com a esposa, Angela e, da esq. para a dir., os filhos Bernardo, Kiara e Eduardo

Eu me sinto plenamente realizado. Vejo meus pais, Chuji Urakami, 86 anos, e Taeko Urakami, 75 anos, acordando cedo e indo pessoalmente ao laboratório e às áreas de cultivo. Ambos venceram recentes questões de saúde e fazem desse trabalho a realização de sua vida. Minha irmã, Patrícia, é líder na organização local, e também desenvolve uma produção de cogumelos em seu sítio. Minha esposa, Angela, e nossos filhos Eduardo, 7 anos, Bernardo, 5 anos, e Kiara, 3, transformam meus dias em pura gratidão. Para quem viveu à sombra da infelicidade, atormentado pela depressão, vejo brotar em meu peito um orgulho danado de ser membro da Soka Gakkai e de ter encontrado um mestre que jamais desistiu de mim. Desejo que esse relato seja um broto de esperança na vida daqueles que o estiverem lendo. Muito obrigado!

Eduardo Urakami, 50 anos, empresário agrícola. Na BSGI, é vice-responsável pela Regional Braz Cubas, CGSP.

Assista vídeo do relato do Eduardo

Nota:

  1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 12, p. 113, 2020.

Fotos: BS

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO