ROTANEWS176 06/05/2017 20:19:08 Por JC
Ela ficou conhecida depois de sua ação-sociais onde amparava indiscriminadamente travestis, prostitutas e pessoas em situação de rua sem ter para onde ir, era acolhido n o casarão, figurante em programa humorísticos da TV e a foto polemica ao lado do Padre Fábio de Melo
Reprodução/Foto-RN176 A travesti Luana Muniz faleceu na madrugada deste sábado-Facebook
A travesti Luana Muniz morreu, aos 56 anos, na manhã deste sábado no Rio após complicações de problemas renais e de coração decorrentes de uma pneumonia bilateral. Luana ficou famosa pelo bordão ‘Travesti não é bagunça’, que figurou em humorísticos da TV, e por acolher travestis, transexuais, portadores de HIV, prostitutas e pessoas em situação de rua em um casarão na Rua Mem de Sá. Ativista LGBT, ela estava em coma há uma semana no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte do Rio. O velório será neste domingo no Cemitério do Irajá, às 13h. Luana ficou famosa pelo bordão ‘Travesti não é bagunça’, que figurou em humorísticos da TV, e por acolher travestis, transexuais, portadores de HIV, prostitutas e pessoas em situação de rua em um casarão na Avenida Mem de Sá 100, na Lapa, Rio de Janeiro.
Luana era uma das fundadoras do projeto Damas da Prefeitura, que capacita travestis e transexuais para o mercado de trabalho. Ela também presidia a Associação dos Profissionais do Sexo do Gênero Travesti, Transexuais e Transformistas do Rio de Janeiro. O trabalho de Luana ganhou visibilidade após seu encontro com o padre Fabio de Melo na quadra da Mangueira, em 2015. Na época, o religioso, durante um testemunho, admitiu seu preconceito e reconheceu seu erro ao julgar Luana, que comandava um projeto social na Lapa, onde vivia. “Quando Deus coloca essas pessoas diante de nós, é para desmoronar os castelos de ilusão que nós criamos dentro”, disse o padre. Sua amizade com o padre Fábio de Melo se deu pelo trabalho social desenvolvido na Lapa. Em um vídeo no Youtube, o sacerdote relembra o companheirismo de Luana e se emociona.
Reprodução/Foto-RN176 Da esq. Para dir. A travesti Luana Muniz e sua Madrinha do projeto-social a cantora e compositora Alcione Dias Nazareth
Madrinha do projeto-social de Travesti Luana, a cantora Alcione lamentou a perda da “Rainha da Lapa”, a quem definiu como uma amiga maravilhosa e um ser humano ímpar. “Foi-se embora e nos deixou muita saudade, mas com certeza um espírito como esse, batalhador e generoso, agora está nos braços de Deus. Descanse, minha amiga”, afirmava a cantora Alcione que sempre colaborou com o projeto da travesti Luana Muniz. Outra amiga de longa data, Lorna Washington, 55, diz que a militante deixa um legado de respeito e tolerância pelo próximo: “Ela abria sua casa para travestis expulsas pela família e distribuía comida para moradores de rua”, conta Lorna, afirmando que a polêmica com o padre possibilitou um momento de reflexão na sociedade. “Foi um despertar espiritual para o padre que sofreu duras represálias“. Segundo Lorna, Luana era fumante desde a adolescência e recebeu a visita da cantora Alcione na última quinta-feira. “Ela havia apresentado uma melhora, estava lúcida. A notícia nos pegou de surpresa. Não esperávamos
O Padre Fábio de Melo, se emociona! Ao ver uma reportagem feita pelo Juarez Ferreira (Produtor, repórter, editor) para o programa da Eliana do SBT relatando a foto que ele tirou com a travesti Luana Muniz da polemica causada pela foto na sociedade e no meio religioso e também da assistência social que Muniz dar no bairro da Lapa no Rio de Janeiro. Melo faz um comentário diante da apresentadora e das câmaras emocionado afirmando que foi uma lição de vida dada pela Travesti Luana Muniz
Leia na Integra o Relato do Padre Fábio de Melo:
“Semana passada eu vivi uma situação. A Alcione me convidou para estar no aniversário dela, lá na quadra da Mangueira… fiquei lá por uma hora mais ou menos…, mas o que me chamou a atenção foi um travesti que estava lá. Posso confessar uma coisa para vocês? Quando eu vi, ele estava olhando para mim (pausa). E olha que eu não sei ficar sem graça… Mas sabe o que me ocorreu? Vou confessar publicamente a minha hipocrisia: ‘Meu Deus do céu, se esse rapaz pedir para tirar uma foto comigo? Como que eu vou reagir?’(pausa). Independentemente de qualquer julgamento, estou confessando a hipocrisia do meu coração naquela hora. Muitas pessoas começaram a se encorajar para tirar foto comigo. E ele (o travesti) lá do fundo olhando. Quando, de repente, eu só vi a sombra dele na minha direção, e o meu preconceito, o medo de me expor, tudo vindo à tona. Que coisa horrorosa isso em nós…. Como se eu fosse melhor. Isso é mesquinho, é vergonhoso o que eu estou dizendo para vocês”.
Reprodução/Foto-RN176 A formosa foto polemica que não só transformou a vida do Padre Fábio de Melo, como também do travesti Luana Muniz, tirada na quadra da Mangueira, em novembro de 2015 Foto: Denílson Vieira
“Aí ele veio, com um vestido longo e falou pra mim: ‘O senhor costuma tirar fotos com pecadoras?’. E eu percebi que tinha uma ironia ali. E eu respondi: mas é claro! E abracei ele e tiramos a foto. Antes de sair, ele disse: ‘eu não acredito que o senhor permitiu’. E os olhos dele estavam emocionados. Assim que ele saiu, Maria Helena, a irmã da Alcione, me contou a história. Ela disse que ele mora na Lapa e criou um grupo que alimenta e recolhe todos os miseráveis daquela região. Ele dá banho, alimenta, não tem nojo de ninguém. E faz de tudo para aquela pessoa retornar à vida. E não é só isso. Ele torna-se uma espécie de vigilante, protegendo os moradores…”
“Quando ela me contou aquela história, eu comecei a unir as coisas dentro de mim. Eu não entro no mérito da questão da vida que ele leva, vamos deixar que Deus faça isso. Não sou síndico da Eternidade. Agora, que é um tapa na cara da gente, é! ”.
“Aquele que você enxerga e que, naturalmente, provoca um desconforto por ser tão diferente de nós, não sabemos quantas coroas da dignidade foram recolocados na vida daquela pessoa quando ele alimenta o próximo. Você é cristão e nem sempre está disposto a cuidar de quem está doente, colocar dentro da sua casa e dar de comer”.
“Não cabe nenhum julgamento do lado de lá, cabe aqui. Quando Deus coloca essas pessoas diante de nós, é para desmoronar os castelos de ilusão que nós criamos dentro. Como se o nosso cristianismo tivesse pronto. Como se nós já tivéssemos chegado ao último estágio dessa santidade que Deus nos convida. Não, eu ainda me envergonho dos que são diferentes de mim. Eu ainda tenho medo de ir ao encontro daqueles que precisam de mim. E a palavra de Paulo é dura: a missão de vocês é junto daqueles que estão necessitado”.