5 curiosidades sobre o sêmen que você talvez não conheça

Os estudos dos espermatozoides começaram a avançar quando um pesquisador cedeu à curiosidade e analisou o conteúdo de sua própria ejaculação; hoje, pesquisas indicam que alimentos e roupas íntimas podem influenciar a capacidade reprodutiva masculina.

ROTANEWS176 E POR BBC NEWS BRASIL 09/09/2018 13h05

Pode ser difícil acreditar, mas ainda há muito a ser descoberto sobre o sêmen e os espermatozoides, inclusive como fabricar contraceptivos masculinos eficientes.

Reprodução/Foto-RN176  Crendices dos anos 1600 especulavam que ‘cada espermatozoide continha um pequeno humano adulto pré-formado, enrolado em seu interior’ Foto: iStock/Getty Images / BBC News Brasil

Mas também é certo dizer que muito se avançou desde o início desses estudos, há alguns séculos – quando o mero interesse por temas ligados à sexualidade era considerado indecente.

E você, o quanto sabe dessa substância fundamental para nossa reprodução?

A BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, levantou cinco aspectos curiosos sobre o espermatozoide e o líquido que o contém: o sêmen.

  1. Chegou-se a pensar que o sêmen transportava miniadultos

Na reportagem A longa e sinuosa história da ciência do esperma… E por que ela finalmente está indo na direção correta, publicada na revista online do Instituto Smithsonian, a jornalista científica Laura Poppick pesquisou as primeiras teorias sobre o sêmen, datadas dos séculos 17 e 18.

Poppick conta que foi graças ao microscópio, aparelho à época revolucionário, que os biólogos finalmente conseguiram ver a composição do sêmen.

Reprodução/Foto-RN176  Anton van Leeuwenhoek é autor de pesquisa pioneira na área de reprodução humana Foto: iStock/Getty Images / BBC News Brasil

“Recaiu sobre esses primeiros pesquisadores do sêmen a tarefa de responder as perguntas mais básicas, como por exemplo: os espermatozoides são animais vivos? São parasitas? Cada espermatozoide contém um pequeno humano adulto pré-formado, enrolado em seu interior?”, relata a autora.

Segundo a pesquisa de Poppick, o primeiro cientista que se dedicou a estudar o sêmen foi o holandês Anton van Leeuwenhoek, que passou à história como o pai da microbiologia por seu trabalho pioneiro nesse campo.

Tudo começou quando Van Leeuwenhoek usava o microscópio para analisar piolhos e amostras de água de lagos, em meados da década de 1670, e foi instado por amigos a analisar os fluidos sexuais masculinos.

“Mas não avançou, preocupado que escrever sobre o sêmen e o coito pudesse ser indecente. Finalmente, em 1677, ele cedeu. Ao examinar sua própria ejaculação, ele ficou imediatamente impactado pelos pequenos ‘animálculos’ (animais só visíveis no microscópio) que encontrou se retorcendo ali dentro”, relata Poppick.

Reprodução/Foto-RN176  Cuecas menos apertadas são benéficas à produção de espermatozoides Foto: iStock / BBC News Brasil

Van Leeuwenhoek não quis compartilhar suas descobertas com seus colegas. Mas decidiu informar a Real Sociedade de Londres (principal instituição científica da Inglaterra) sobre suas pesquisas.

“Se os senhores creem que essas observações podem enojar ou escandalizar os eruditos, lhes rogo encarecidamente que as tratem como privadas e as publiquem ou as destruam, conforme achem mais oportuno”, escreveu o cientista.

A Sociedade escolheu publicar as descobertas, em 1678, e assim nasceu um novo campo de estudo da biologia.

Até então, havia muitas teorias sobre a reprodução humana.

Segundo o biólogo Bob Montgomerie, da Universidade Queen, no Canadá (também entrevistado por Poppick), chegou-se a pensar que “o vapor emitido pela ejaculação masculina de alguma maneira estimulava as mulheres a fazer bebês, enquanto outros acreditavam que os homens é que fabricavam os bebês e os transferiam às fêmeas para incubação”.

E, mesmo após as descobertas de van Leeuwenhoek, passaram-se aproximadamente 200 anos até que os cientistas entrassem em consenso sobre como se formam os seres humanos, afirma Bob Montgomerie.

  1. A roupa íntima afeta sua qualidade

Para melhorar a qualidade de seus espermatozoides, a recomendação atual é usar cuecas do tipo boxers.

É que um estudo da Escola de Saúde Pública de Harvard, publicado em 8 de agosto, parece confirmar que o uso de cuecas mais folgadas poderia ser uma forma simples de homens melhorem sua contagem de espermatozoides e os hormônios que os controlam.

Reprodução/Foto-RN176  “As evidências estão se acumulando na literatura de que mudanças no estilo de vida, como um padrão dietético saudável, podem ajudar na concepção”, diz cientista Foto: iStock / BBC News Brasil

Participaram do estudo 656 homens, e os que usaram boxers tiveram uma concentração de esperma 25% maior do que os que usaram roupas íntimas mais justas.

Acredita-se que isso se deva à temperatura mais branda ao redor dos testículos favorecida pelos boxers, que beneficiaria a produção de esperma e no controle hormonal.

“Além de trazer mais evidências de que roupa íntima pode impactar a fertilidade, nosso estudo oferece provas, pela primeira vez, de que uma escolha aparentemente casual de vestimenta pode ter efeitos profundos na produção hormonal masculina”, afirmou em comunicado Jorge Chavarro, um dos autores do estudo.

  1. A comida afeta sua qualidade

Oleaginosas podem ajudar a manter o sêmen saudável, segundo um estudo da Universidade Rovira i Virgili de Tarragano, na Espanha.

Os homens que comeram cerca de dois punhados mistos de amêndoas, avelãs e nozes diariamente por 14 semanas melhoraram sua contagem de espermatozoides e tiveram mais “nadadores” viáveis para a fecundação, dizem os pesquisadores.

O estudo, publicado em julho, foi feito em meio a uma preocupação de cientistas quanto a uma aparente redução na contagem de espermatozoides em todo o mundo ocidental, devido, em parte, à poluição, ao tabagismo e aos maus hábitos alimentares.

Segundo a pesquisa, há evidências cada vez maiores de que uma dieta saudável pode aumentar as probabilidades de um casal engravidar.

Entre os 119 homens de 18 a 35 anos participantes do estudo, os que comeram oleaginosas com frequência melhoraram sua contagem de espermatozoides em 14% e a vitalidade em 4%.

Reprodução/Foto-RN176  Quantidade de espermatozoides carregada pelo sêmen pode variar enormemente Foto: iStock / BBC News Brasil

Segundo os autores, isso reforça pesquisas prévias que indicavam que uma dieta rica em ácidos graxos, ômega-3, antioxidantes e ácido fólico contribuem para a fertilidade.

“As evidências estão se acumulando na literatura de que mudanças no estilo de vida, como um padrão dietético saudável, podem ajudar na concepção”, afirmou o diretor do estudo, o médico Albert Salas-Huetos.

  1. Nem sempre se transporta a mesma quantidade de espermatozoides

A quantidade de espermatozoides produzida pelos homens varia bastante: “Em geral, diz-se que os homens podem produzir entre 2 ml e 5 ml de sêmen cada vez que ejaculam”, explicam o biólogo Mike Leahy e a professora Hilary MacQueen, do departamento de Vida, Saúde e Ciências Químicas da Universidade Aberta da Inglaterra.

“E cada mililitro pode conter de 20 milhões a 300 milhões de espermatozoides”, agregam os pesquisadores no artigo A ciência do esperma, no site da universidade.

Isso significa, portanto, que um homem fértil pode produzir entre 40 milhões e cerca de 1,5 bilhão de espermatozoides no total, “embora a maioria produza entre 40 milhões e 60 milhões de espermatozoides por milímetro, resultando em uma média de 80 a 300 milhões de espermatozoides por ejaculação”, diz o artigo.

  1. Ninguém nasce produzindo

Reprodução/Foto-RN176  Os homens não nascem sendo capazes de produzir esperma Foto: iStock / BBC News Brasil

Os homens não nascem com a capacidade de produzir sêmen.

Essa capacidade se desenvolve no início da puberdade, quando o sêmen começa a ser fabricado em pequenos vasos dentro dos testículos, conhecidos como túbulos seminíferos.

Ao serem produzidos, os espermatozoides começam a amadurecer no epidídimo, um tubo estreito situado na parte posterior do testículo, e no ducto deferente. De lá eles passam à uretra.

“Todo o processo de produção e amadurecimento dentro do corpo masculino dura até 74 dias, mas a média habitual é de cerca de 9 semanas (63 dias)”, dizem os pesquisadores da Universidade Aberta.

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