ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 27/05/2022 15:40
CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA Por Ho Goku
Capítulo “Aguardando o Tempo”, volume 30
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de Ilustrações: Kenichiro Uchida – Editora Brasil Seikyo – BSGI
PARTE 49
Shin’ichi Yamamoto envolveu com um sorriso os componentes da Divisão Sênior que desciam do navio, abraçou-os, apertou as mãos de todos e lhes dirigiu palavras de incentivo:
— Estava aguardando vocês! Estou muito feliz por poder encontrá-los. Vamos dar uma nova partida!
Ele estava realmente feliz com o ardente espírito de procura dos companheiros de Shikoku. Isso porque, enquanto existisse essa firme determinação, o espírito de mestre e discípulo Soka que vive em prol do kosen-rufu continuaria a pulsar para sempre.
Shin’ichi disse a Seitaro Kumegawa:
— Quem diria que realmente viriam de navio! Que ideia incrível! Isso por si só já seria suficiente para inspirar a todos. Qualquer que seja a esfera, é importante pensar de forma criativa. O kosen-rufu é a batalha decisiva da sabedoria. No caminho do kosen-rufu surgirão todos os tipos de obstáculos. Mesmo assim, devemos continuar avançando em prol da felicidade de nós próprios, dos demais e pela paz. Se, por exemplo, uma rota terrestre estiver bloqueada, teremos de pensar rapidamente em alternativas, como viajar de avião ou por mar, e seguir em frente. Não podemos nos deixar ser derrotados.
Há mil anos, o grande poeta quirguiz Yusuf Khass Hajib [também conhecido como Yusuf Balasaguni (1018~1069)] escreveu: “Enquanto você viver, qualquer desejo pode ser realizado. Desde que tenha sabedoria, qualquer objetivo pode ser alcançado”
As boas-vindas de Shin’ichi aos membros de Shikoku não foram noticiadas pelo Seikyo Shimbun. O jornal não tinha permissão para reportar isso.
Quando uma integrante da Divisão Feminina de Jovens entregou a Kumegawa o buquê de Shin’ichi, este estava de pé ao lado dela aplaudindo o momento. Mas, no Seikyo Shimbun, Shin’ichi foi cortado da cena e apenas os braços dele foram mostrados na foto. O editor do jornal teve de fazer esse corte relutantemente e com muita dor no coração.
Na frente do Centro Cultural de Kanagawa também, os companheiros de Kanagawa recepcionaram calorosamente os amigos vindos da distante Shikoku com efusivos aplausos. Eles compartilhavam desse sublime espírito de fé na busca sincera pelo mestre.
Um dos membros de Shikoku proclamou indignado:
— Recusamo-nos a nos submeter obedientemente às exigências de que nós, discípulos, não podemos nos encontrar com nosso mestre ou chamá-lo de sensei!
PARTE 50
Os membros de Shikoku se dividiram em vários grupos para visitar o interior do Centro Cultural de Kanagawa e o Centro Memorial Toda para a Paz, localizado nas dependências do centro cultural. Esse centro memorial havia sido inaugurado no ano anterior, em agosto de 1979. Era um edifício histórico de tijolos vermelhos, anteriormente conhecido como “Casa Inglesa No 7”, que foi restaurado e reformado como um salão de exposições aberto ao público. Ele foi criado para homenagear o espírito e o significado da Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, de Josei Toda, proferida em 8 de setembro de 1957, e para expor materiais que reforçassem os horrores da guerra e promovessem a paz.
Nesse centro memorial, os visitantes podiam ouvir uma gravação da declaração de Josei Toda. Também estava disponível para visualização uma série de 56 volumes de publicações contra a guerra que a Divisão dos Jovens produzia desde 1973, junto com uma tradução em inglês das seleções dessa série, intitulada “Brados pela Paz: Experiências de Vítimas Japonesas da Segunda Guerra Mundial”.
Havia também uma exposição de painéis fotográficos e outros materiais que mostravam a vida do povo japonês durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo as cruéis condições da frente de batalha, cenas do rescaldo dos bombardeios atômicos de Hiroshima e de Nagasaki, a destruição causada pelos ataques aéreos em todo o Japão, a Batalha de Okinawa e a situação das tropas e dos civis desmobilizados que retornavam do exterior após a derrota do país. Havia ainda uma seção em que os visitantes podiam ouvir gravações com depoimentos de pessoas que vivenciaram diretamente a guerra.
Uma mostra contava a história do movimento pela paz da Soka Gakkai e outra apresentava as propostas de paz de Shin’ichi Yamamoto e seus diálogos promovendo a amizade com líderes e pensadores mundiais.
Os companheiros de Shikoku apreciaram as exposições, ouviram as fitas e reconfirmaram não apenas a miséria e a brutalidade da guerra, como também ficaram profundamente impressionados com a Soka Gakkai que estava, de fato, criando grandes ondas para a paz mundial. Eles renovaram seu juramento de construir a paz.
A Constituição da Unesco declara que, para estabelecer a paz, devemos construir as “defesas da paz” na mente dos homens. Para isso, é imprescindível a revolução humana, na qual cada indivíduo constitui uma condição de vida que se eleva acima de todos os impulsos negativos, tais como ganância e ódio.
A Soka Gakkai veio expandindo inúmeras redes de amizade ao redor do mundo, enquanto construía as “defesas da paz” no coração das pessoas.
Nossa missão social como budistas se encontra na concretização do ideal de “estabelecer o ensinamento correto para a pacificação da terra” (rissho ankoku), ou seja, a prosperidade da sociedade e a paz para toda a humanidade.
PARTE 51
Às 13h30, a sala de reuniões do segundo andar do Centro Cultural de Kanagawa ficou lotada de rostos sorridentes e felizes. Iniciava-se a Reunião Conjunta de Líderes de Shikoku e de Kanagawa.
Um líder de Kanagawa levantou-se para proferir seus cumprimentos e disse com profunda emoção:
— Companheiros de Shikoku! Sejam muito bem-vindos a Kanagawa! Nesta oportunidade, aprendemos muitas coisas com os senhores de Shikoku. Uma delas é sobre a prática da fé da união de “diferentes em corpo, unos em mente” (itai doshin), em que os senhores uniram o coração e vieram ao encontro do mestre, desejando cumprir sua missão pelo kosen-rufu. Outro aspecto é essa disposição e ousadia de se lançarem justamente agora contra as ondas bravias para ultrapassá-las e dar um grande avanço.
Fazia quase nove meses desde a renúncia de Shin’ichi Yamamoto à presidência da Soka Gakkai. Naquela época, os companheiros de Kanagawa, ou melhor, os membros de todo o Japão e do mundo, sentiram que havia algo terrivelmente errado com essa situação em que os discípulos eram deliberadamente mantidos distantes do seu mestre.
É por esse motivo que os membros de Kanagawa ficaram admirados e inspirados com a coragem e o espírito de procura dos companheiros de Shikoku, que deram voz ao seu desejo de ir ao encontro do seu mestre.
Em seguida, um representante de Shikoku levantou-se para falar:
— Ouvimos dizer que ontem havia nevado em Yokohama, mas hoje temos um clima quente e agradável como o da primavera. Sinto que fomos protegidos pela oração de sensei e dos nossos companheiros. Daqui para a frente também, grupos de membros de Shikoku continuarão a visitar Kanagawa quando sensei estiver aqui, por isso peço o caloroso apoio de todos os senhores.
O diretor-geral, Kazumasa Morikawa, agradeceu aos membros de Shikoku por seus dedicados esforços e depois frisou:
— Uma viagem pelo oceano nem sempre é uma navegação tranquila. Às vezes, haverá mares agitados; e tempestades violentas podem estar à espera. O mesmo se aplica à situação enfrentada atualmente pela Soka Gakkai. Por essa razão, continuaremos a nos empenhar com união e recitação de daimoku para dar início a um novo avanço cheio de esperança. Como este é o “Ano da Localidade”, vamos estabelecer a comprovação da expansão e da vitória em nossa localidade e abrir o caminho do avanço da nova era!
“Ação” e “prova real” são cruciais.
PARTE 52
Shin’ichi Yamamoto entrou na sala onde ocorria a reunião conjunta de líderes com o desejo de recitar gongyo com todos e orar pelo retorno seguro dos membros visitantes de Shikoku e pela saúde e pelo bem-estar de todos os participantes e de suas famílias. Muitos rostos familiares e saudosos saltaram aos seus olhos.
Depois de se dirigir a vários membros individualmente, ele se voltou para um grupo de líderes da Divisão Sênior de Shikoku sentados ao lado e disse:
— Os líderes da Soka Gakkai jamais devem ser arrogantes ou repreender as pessoas. Devemos sempre respeitar e valorizar nossos companheiros como filhos do Buda. O presidente Josei Toda, às vezes, dava bronca em seus discípulos, porém, quando o fazia sempre havia uma razão profunda. Primeira, quando tentava treinar seus discípulos para o kosen-rufu, elevando-os à mesma condição de vida que ele para confiar-lhes o futuro de tudo. Especialmente para alguns, que assumiriam grandes responsabilidades um dia, ele podia ser muito rigoroso nas orientações que proferia. Segunda, quando queria ajudar as pessoas a se levantar na fé, derrotando as funções da maldade que as impediam de seguir em frente. Algumas pessoas falam e agem por impulso, sem pensar as consequências, dificultando o convívio com as demais; outras cedem a pensamentos autodestrutivos; algumas tentam evitar dificuldades a qualquer custo; outras são rápidas em transferir a responsabilidade por seus erros às demais e fingir que não estão envolvidas. Essas tendências e a fraqueza, a desonestidade e a covardia por trás delas representam o “único mal” que passa a agir como funções da maldade que obstruem o desenvolvimento da fé e fazem com que as pessoas se desviem do caminho da felicidade. Toda sensei por vezes repreendia os membros para despertá-los desse “único mal” para que pudessem eliminá-los da vida. Terceira, quando alguém causava problemas para muitas pessoas e tumultuava a união do kosen-rufu. Por exemplo, ele o repreendia para seu próprio bem, para o bem de todos e para que ele parasse com isso quanto antes. Sempre que o presidente Josei Toda dava bronca em alguém, isso era motivado no nível mais profundo de sua grande compaixão. Repreender os membros sem entender isso, simplesmente tentando imitar suas ações, é absolutamente inaceitável. Nenhum líder tem o direito de fazê-lo. Mesmo quando tiverem de corrigir os erros de uma pessoa, devem fazê-lo conversando com calma, de modo claro e sensato.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Ilustrações: Kenichiro Uchida