ROTANEWS176 E POR OPERAMUNDI 06/06/2018 08:12
Tragédia é a pior da história do país; números não oficias estimam mais que o dobro de vítimas fatais.
Mais de 500 passageiros morreram quando um trem em deslocamento mergulhou no rio Bagmati, Índia, em 6 de junho de 1981. Esse acidente ferroviário, o pior da Índia em todos os tempos, foi causado por um engenheiro que tentou evitar o atropelamento de uma vaca, animal considerado sagrado pela cultura hindú.
A composição de oito vagões, tomada por aproximadamente mil passageiros, trafegava pelo estado de Bihar (nordeste do país), cerca 400 quilômetros de Calcutá. Chuvas extremamente pesadas faziam os rios transbordarem, tornando as vias férreas escorregadias. O vento das monções também se abatia sobre a região.
Assim que o trem se aproximou da ponte sobre o rio Bagmati, uma vaca cruzou a via férrea. Na tentativa de salvar o animal, o maquinista freou violentamente a composição. Os vagões deslizaram sobre os trilhos úmidos e os sete últimos descarrilaram e mergulharam no rio, que estava acima dos níveis normais, de forma que os vagões afundaram em águas barrentas.
A ajuda do resgate estava horas distante e, quando chegou, cerca de 600 pessoas já tinham perdido suas vidas. Depois de buscas que levaram dias, 286 corpos puderam ser recuperados, no entanto mais de 300 passageiros jamais foram encontrados. A estimativa mais próxima da realidade é que perto de 600 viajantes morreram devido a decisão do engenheiro.
Todavia, existem relatos conflitantes e por vezes confusos do acidente. O Ministério do Desenvolvimento Rural da região confirmou que o trem descarrilou depois de uma brusca freagem. Um relatório paralelo conferiu-lhe credibilidade, aduzindo que o trem foi brecado porque havia uma vaca sobre a linha férrea.
Técnicos, porém, afirmaram que a freagem, isoladamente, não poderia ser a causa provável do descarrilamento. A distribuição das forças decorrentes da freagem de um trem de passageiros é bastante uniforme. Cada um dos vagões têm pesos semelhantes e são freados individualmente.
A explicação teria maior credibilidade se aplicada a trens de carga uma vez que “existe risco maior de descarrilamento com composições de carga, pois o eixo das cargas dos vagões possivelmente seja muito diferentes e/ou os vagões freiam de maneira distinta”.
Outra explicação veio do presidente da Direção Indiana de Estradas de Ferro. Ele afirmou que o trem foi arrastado para o rio durante uma tempestade. Dúvidas acerca da explanação surgiram visto que o Ministério do Desenvolvimento Rural local teria tido conhecimento imediato e prévio que as condições climáticas eram tão severas a ponto de arrastar pesadíssimos veículos.
Confusão também se estabeleceu quanto ao número de vítimas. É comum que trens de passageiros na Índia trafeguem com o triplo da capacidade estabelecida. Muitos estariam viajando ilegalmente, sem as passagens. Também era incerto o número de passageiros daquele trem. Que o trem estava superlotado é certo, porém o verdadeiro número de viajantes jamais chegou a ser precisado.
Em seguida ao acidente, funcionários do governo afirmaram que havia mais de mil vítimas fatais e alguns sugeriram que o total de vítimas poderia exceder a 3 mil. Quando se ofereceu a barqueiros da região 5 libras por cada corpo recuperado, eles recusaram. A Marinha indiana chegou a planejar explosões subaquáticas para tentar recolher estimados 500 corpos.