Você também sentiu isso?
ROTANEWS176 DISNEY BABBLE 27/02/2017 00:00 Por Allie Seidel
Reprodução/Foto-RN176 Foto ilustrativa
É verdade que nosso corpo faz milagres por nós. A capacidade de andar e correr, assim como gerar e dar à luz uma criança, é uma dentre tantas outras coisas que devemos valorizar sempre.
A parte ruim é que, mesmo sabendo disso, durante a gravidez, nosso corpo pode parecer um estranho no espelho. É fácil esquecer todas as coisas boas que ele nos proporciona e pensar apenas nos números da balança que não param de subir, como NENHUMA roupa serve e como nos sentimos traídas por essa rápidas e inesperadas mudanças.
Segundo o Ministério da Saúde, o ganho de peso recomendado em uma gestação para uma pessoa com IMC (Índice de Massa Corpórea) normal é de 11,5 kg a 16 kg. Esse número varia conforme o IMC da mulher no começo da gravidez. Tive amigas que ganharam 6 kg e outras 22kg, e eu torcia para estar junto daquelas que engordaram o mínimo possível. (Um punhado delas já entrava nos jeans de antes da gravidez alguns dias depois do parto, o que, ALERTA DE SPOILER, não é comum e claro que não fiquei entre essas pessoas).
Nunca pude reclamar de lutar contra a balança. Até que fiquei grávida, e imediatamente fiquei faminta em um nível inimaginável. Poderia até comer meu marido de 1,80m. Eu comia alimentos nutritivos, coisas saudáveis, como quinoa, ovos orgânicos, espinafre, carne orgânica… mas um monte deles.
Eu engordava, engordava e engordava. Dois quilos aqui, quatro quilos ali. Alcancei os 15kg a mais em algum momento do terceiro trimestre, o que eu sabia que era “a quantidade máxima recomendada”. Depois disso, pedi gentilmente para que meu médico não compartilhasse mais os números comigo nas consultas. Estava feliz que todas as pessoas envolvidas nos cuidados com a minha saúde não viam isso como um problema. Passei no meu teste de glicose com louvor e o bebê estava com as medidas de acordo com o esperado.
Mas, apesar de estar grávida de um bebê saudável, não conseguia reprimir as emoções que vêm com o sentimento de perceber que tinha engordado muito. Até minhas calças de maternidade estavam ficando apertadas, e estava me sentindo traída pelo meu próprio corpo. Sabia que a situação estava ruim quando comecei a ouvir o bem-intencionado, mas estranho comentário: você está tão grande! (Cá entre nós, que tipo de pessoa considera isso um elogio? E o que as pessoas esperam que você responda? Obrigada?). Pela primeira vez na minha vida me senti realmente “gorda”.
Sabia que estava grávida e que isso significava que uma criança estava crescendo dentro de mim, e que deveria ser grata por esse milagre, em vez de ficar chateada com meu corpo pelo ganho excessivo de peso. Mas é tão difícil se lembrar disso nesses momentos. Sentia-me chocada, traída e como se tivesse feito algo errado.
Meu bebê nasceu com tamanho dentro da média, e acabei sendo capaz de entrar nos meus jeans de antes da gravidez. Só aí me senti eu de novo. Finalmente estava pronta para ouvir quantos quilos engordei no total. Liguei para o consultório do meu médico e pedi a verdade nua e crua. Segundo relatório oficial: 20 kg.
20 quilos.
Ainda não entendo como ganhei esse tanto de peso comendo quinoa e couve. E juro que não achava que aqueles jeans pré-gravidez serviriam novamente. Tenho meu corpo de volta, me sinto saudável, ativa e confiante. E se vai voltar ou não nas próximas gestações, não importa mais tanto para mim. Tenho um respeito infinito pelo meu corpo depois da experiência de ter tido uma gravidez e um parto sem complicações. Esse conjunto de ossos, organismos e músculos geraram meu filho, e não consigo pensar em presente melhor. Meu bebê feliz e risonho é um lembrete constante de que nossos corpos são incríveis pelo que conseguem fazer e não por como estão no espelho.