Quando brilha a joia do coração

ROTANEWS176 09/09/2023 13:05                                                                                                                        RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS                  

De Joinville, Marilene nos conta como descobriu a preciosidade da vida e a missão de ser feliz.

 

Reprodução/Foto-RN176 Marilene Barbosa Kostetzer. Na BSGI, é vice-coordenadora da CRE Sul.

Meu nome é Marilene Barbosa Kostetzer, 65 anos, moro em Joinville, SC, sul do país. Sou formada em design de produto, optando por segmentar em joias finas, profissão construída a partir do momento em que aprendi a polir o brilho do meu coração e desejar viver. Falo do início da minha jornada na família Soka que no próximo ano completará quarenta anos. Isso foi no dia 6 de maio de 1984, data que considero meu renascimento. Como um encontro pode ser decisivo!

Eu tinha 25 anos quando fui me encontrar com uma amiga pela última vez. Estava decidida a não viver mais, pois julgava ser a forma mais fácil de parar de sofrer. Seguiria o destino da família: meu pai não suportou a morte da mãe dele e cometeu suicídio. Eu, agora, estava sem meu pai, e minha mãe vivia imersa em tamanha dor que não respondia pelos seus atos. A mim caberia cuidar dela e ainda apoiar sete irmãos. Era demais para mim.

Um olhar benevolente

É incrível que, ao praticarmos o budismo, nos tornamos sensíveis à dor do outro. Ao me ver triste, sem pensar duas vezes nem entender a fundo o que me afligia internamente, minha amiga pediu para que eu recitasse Nam-myoho-renge-kyo junto com ela. Sem mesmo entender o significado, eu a segui na oração. Foi como um raio de luz entrando em uma caverna escura. Ficamos ali, meia hora ou mais, e os pensamentos sombrios deram lugar a uma voz interna, agora fortalecida: “Eu tenho tantos sonhos, não quero morrer”.

Converti-me ao budismo meses depois, tornando-me o esteio de minha nova história. O sonho da faculdade, que nutri desde menina, consegui concretizar. Eu me casei e a alegria da família se completou com a chegada de meus dois filhos, José Jr. e Jessika, que cresceram nos jardins Soka. Meu marido, José Kostetzer, é médico anestesiologista, simpatizante e nos apoia em tudo. Abri minha empresa de semijoias finas em 2014, e a mantenho até hoje. Como é bom viver!

Reprodução/Foto-RN176 Momentos em família: da esq. para a dir., o marido, José, a filha Jessika e o primogênito José Jr.

Busca constante

Em 1993, quando Ikeda sensei visitou o Brasil, eu era responsável pela Divisão Feminina (DF) de comunidade. Nós nos unimos em forte oração para o pleno sucesso das atividades durante a permanência dele no país. Objetivei ir ao encontro do Mestre no Japão, meta que alcancei em outubro daquele mesmo ano, junto com dez companheiros de Santa Catarina. Foi inesquecível! “Estou orando para seu esforço cada vez maior.” Essas foram as palavras de Ikeda sensei, que soaram como força para que eu ultrapassasse nova investida do carma financeiro um ano depois. Vencemos uma questão jurídica desafiadora na empresa do meu marido em 1994, convictos na força da justiça.

Dessa maneira, selei minha convicção de ter encontrado a joia mais rara, fruto de um coração que determina, ora e vence, sem sucumbir ao desespero. Isso foi graças ao estudo do budismo, dentro do esforço de materializar as frases douradas ditas pelo Buda: “O inverno nunca falha em se tornar primavera”1 e “Oro com forte convicção, capaz de produzir fogo com lenha encharcada ou obter água do chão ressequido”.2

Reprodução/Foto-RN176 Em viagem ao Japão.

Avancei em minha contribuição como líder Soka e hoje atuo como vice-responsável pela CRE Sul, com o sentimento gravado a partir do encontro com o Mestre: avançar e vencer, sendo feliz e levando felicidade às pessoas. Apresentei o budismo para muitas pessoas, e na organização local estamos em pleno movimento de expansão da base.

Honra e gratidão

Um orgulho imenso é ter meus filhos na mesma órbita desse nobre propósito. José Jr., 34 anos, é cardiologista e atua com a família na organização na capital, Florianópolis. A Jessika, 31, é parceira de todas as horas, tem sua profissão (engenheira civil) e me apoia na empresa. Na BSGI, recentemente, foi confiada para coordenar o núcleo de estudantes da CRE Sul. Que imensa alegria e gratidão!

Este mês também considero bastante significativo, porque nos remete à reflexão de sermos braço e abraço das pessoas que sofrem em momentos de desespero, assim como vivenciei um dia, antes de conhecer a família Soka. Recitar Nam-myoho-renge-kyo é realmente a maior das alegrias, essa é minha maior convicção.

Agradeço a todos que fazem parte da lapidação dessa minha trajetória. Em especial, a Ikeda sensei, pois quem tem um mestre da vida jamais se sente sem saída. Muito obrigada!

Marilene Barbosa Kostetzer, 65 anos, empresária do segmento de semijoias finas. Na BSGI, é vice-coordenadora da CRE Sul.

Pela filha, Jessika

Já nasci com minha mãe praticante do Budismo Nichiren. Por observá-la e receber desde sempre muito incentivo e apoio, eu me espelhei nela e pus em prática o Nam-myoho-renge-kyo. Foi assim que venci a enorme dificuldade que tinha de me socializar com crianças e demais pessoas, passando a enxergar meu valor com a prática da fé.

Reprodução/Foto-RN176 Marilene e a filha Jessika.

Bem, minha mãe é uma grandiosa mulher, a quem admiro demais por ter passado tudo o que passou e por ter seus desafios constantes que jamais a abalaram, ao contrário, só a fortaleceram. Ela sempre me transmitiu seu amor e carinho com rigorosidade e disciplina ao mesmo tempo. Isso me “forjou”, principalmente tendo como referência Ikeda sensei em nossa vida.

Recentemente, fui nomeada para coordenar a Divisão dos Estudantes (DE) da CRE Sul. Agora poderei retribuir todo o aprendizado que tive nos jardins Soka desde a infância e que me trouxeram até aqui, realizada e plena para vencer ainda mais diariamente sejam quais forem as questões. Agradeço à minha mãe por ser inspiração e me lançar a caminhos tão nobres, ao lado do Mestre, dos quais muito me orgulho.

 Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020.
  2. Ibidem, p. 464.

Fotos: Arquivo pessoal

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO – BSGI