ROTANEWS176 13/10/2023 09:25 CONHEÇA O BUDISMO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS
O conceito budista de “oito ventos” relaciona-se a, independentemente de estarmos passando por circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis, perseverarmos para elevar nossa condição interior de vida como base para sermos felizes.
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Os “oito ventos” são oito condições que podem impedir as pessoas de avançar ao longo do caminho da iluminação, ou seja, da verdadeira felicidade. Conforme mencionados no Butsujikyo Ron [Tratado sobre o Sutra do Estágio do Estado de Buda] e em outras escrituras, eles são: prosperidade, declínio, honra, desgraça, elogio, censura, sofrimento e prazer. Os seres humanos são frequentemen-te dominados por seu apego à prosperidade, à honra, ao elogio e ao prazer, ou, então, por sua aversão ao declínio, à desgraça, à censura e ao sofrimento.
Na carta intitulada Os Oito Ventos, endereçada a seu discípulo Shijo Kingo, Nichiren Daishonin diz:
Pessoas sábias são assim chamadas porque não são levadas pelos oito ventos: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. Não ficam exultantes pela prosperidade nem aflitas pelo declínio. As divindades celestiais certamente protegerão aquele que não se curva diante dos oito ventos.1
Exemplificando os oito ventos, temos:
Prosperidade: Vitórias conquistadas nos aspectos financeiro, profissional e pessoal. Isso pode se tornar uma questão negativa ao fazer a pessoa pensar que, porque prosperou, não precisa mais da prática do budismo.
Declínio: Perda financeira e profissional que leva a pessoa a se afastar da prática da fé; inclusive aguardando um momento de melhoria para reagir. É caracterizado por falta de energia vital e de coragem.
Honra: Conquista de consideração e homenagens. Passa a ser um aspecto negativo quando tais honrarias são recebidas com sentimento de superioridade às demais pessoas e o indivíduo se torna arrogante e autoritário.
Desgraça: Sofrimento causado pela perda da credibilidade e do respeito dos outros. Pode ser provocado por atitudes negativas do próprio indivíduo ou por intrigas e difamações de pessoas invejosas e rancorosas.
Elogio: Quem não se sente feliz ao receber elogios e gestos positivos? O elogio se torna um problema quando a pessoa depende disso para avançar ou não reconhece o desenvolvimento do outro.
Censura: Repreensão ou insulto. Ao passar por esse tipo de situação a pessoa se irrita ou desanima e não reage. Há também aquela que se sente recriminada ao ser orientada com rigorosidade e se afasta da prática budista.
Sofrimento: Dor física e espiritual que leva a pessoa a desanimar da prática budista — geralmente é marcada por pensamentos negativos e pela sensação de que nada poderá ser feito para resolver os problemas. O aprofundamento no estudo do budismo é uma boa solução contra o sofrimento.
Prazer: Condição em que se experimenta prazer físico ou mental. O prazer torna-se algo indesejável quando desvia a pessoa dos seus objetivos. Uma situação bastante comum é quando a pessoa deixa de se aprimorar em busca de prazeres imediatos.
Qual seria então a chave do fortalecimento das pessoas para não ser abaladas pelos oito ventos? O ponto mais importante é fortalecermos e polirmos nossa vida com base na recitação do daimoku, elevar a condição básica da vida a ponto de não sermos influenciados pelos oito ventos. Por outro lado, os “ventos” simbolizam também um aspecto passageiro e não duradouro. As condições favoráveis ou desfavoráveis descritas nos “oito ventos” sãotambém passageiras.
O presidente Ikeda afirma:
Se nos basearmos na natureza do Darma, então, independentemente de sermos ou não elogiados ou censurados, podemos usar tudo como uma oportunidade para obter mais êxitos. Por outro lado, se somos dominados pela ignorância, então tudo isso se torna motivo para cairmos nos maus caminhos. O coração é o mais importante. Nichiren Daishonin escreve a Shijo Kingo: “Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida e continue recitando Nam-myoho-renge-kyo, independentemente do que aconteça”.2 Essas palavras possuem um grande significado. Tanto nos momentos de alegria como nos de tristeza, devemos recitar a Lei Mística e avançar ainda mais. Esse é o caminho de um mestre da vida. Se vivermos com esse espírito, poderemos dissipar todo sofrimento.3
É fundamental que, tendo a mais profunda fé no Gohonzon como base, elevemos nossa condição de vida, analisando sempre se nossas atitudes do dia a dia não estão sendo dominadas pelos “oito ventos”.
Fontes:
Terceira Civilização, ed. 414, fev. 2003, p. 4.
Brasil Seikyo, ed. 2.439. 13 out. 2018, p. C1-C3.
Notas:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 53, 2017.
- Ibidem, v. I, p. 713, 2020.
- Brasil Seikyo, ed. 2.086. 4 jun. 2011, p. A6.
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FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO