Eterna missão

ROTANEWS176 10/11/2023 14:10                                                                                                                                  CONHEÇA O BUDISMO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS

 

O Budismo de Nichiren Daishonin elucida que uma visão concreta da natureza da vida e da morte é fundamental para construir a verdadeira felicidade.

 

Reprodução/Foto-RN176 Foto de ilustração da matéria – Foto: GETTY IMAGES

A questão da vida e da morte é sempre algo que desperta ao menos muita curiosidade a todos. Diversos fatores trazem dúvidas e natural temor para as pessoas, independentemente de sua posição socioeconômica, do grau de escolaridade, da idade e de outros aspectos. O único fato evidente para qualquer um é que a morte é certa e representa irremediavelmente o fim de um ciclo. Mas como enfrentá-la, em especial no que se refere à perda de pessoas próximas e de entes queridos? Como encarar a própria morte?

A elevada filosofia de vida do Budismo de Nichiren Daishonin oferece uma visão concreta sobre essa questão complexa da vida e da morte. Essa visão não se restringe apenas aos aspectos teórico e filosófico, e sim algo que, acima de tudo, proporciona coragem e esperança em vida.

O que acontece após a morte?

O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, traz a visão budista sobre o tema:

O ensinamento supremo do budismo, que concebe o “estar vivo” como um estado ativo e a morte como um estado latente, fornece uma visão profunda e magnífica da eternidade da vida.

Além disso, elucida a unicidade da vida e da morte. A vida é ativada por uma força subjacente maravilhosa. Quando em seu estado latente, entra em contato com as causas e condições apropriadas, torna-se manifesta e assume a forma de um ser vivo dinâmico detentor de rica individualidade. Depois, essa vida flui e caminha serenamente para a morte. Mas, ao entrar em sua fase potencial latente, armazena uma nova energia, aguardando a nova fase de vida que se seguirá. (…)

Essa é a natureza da vida e da morte inerente a tudo, e o Nam-myoho-renge-kyo compõe a base desse ritmo intrínseco do universo.1

Viver com alegria

Como vimos, o Budismo de Nichiren Daishonin baseia-se no conceito de eternidade da vida, mas também expõe que não se pode evitar os sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte, pois são inerentes à vida de todas as pessoas, conforme Ikeda sensei ressalta:

A mensagem essencial do budismo não é pessimista ou negativa nem representa um otimismo infundado. O budismo examina diretamente o sofrimento da vida e propõe uma filosofia para se viver com alegria lidando ativamente com a realidade, em vez de tentar se esquivar dela. Não se pode desfrutar a felicidade verdadeira fugindo do sofrimento. Uma alegria indestrutível, perene e inesgotável só pode ser alcançada distinguindo a verdadeira realidade do sofrimento a que gostaríamos de nos furtar, e encarar com coragem o desafio e vencê-lo.2

A elevação da condição de vida interior por meio da prática budista com base na recitação do Nam-myoho-renge-kyo nos proporciona aprofundar nossa compreensão da questão da origem dos sofrimentos à luz da lei de causa e efeito. Assim, podemos atuar ativamente para não sucumbirmos a eles, mas viver com coragem, sabedoria e compaixão para direcionarmos nossa vida e de outras pessoas para a felicidade inabalável.

Entes queridos

Num trecho do escrito O Inferno é a Terra da Luz Tranquila,3 Nichiren Daishonin encoraja uma seguidora, a monja leiga de Ueno, que havia perdido o esposo, supostamente há quase dez anos, deixando-lhe nove filhos pequenos para criar, sempre com base em profundos princípios do budismo. Ele diz:

Quando [seu marido] estava vivo, ele era um buda em vida, e agora é um buda em morte. Ele é um buda tanto em vida quanto em morte. Esse é o significado da doutrina fundamental chamada atingir o estado de buda na forma que se apresenta.4

Sobre essa passagem, o presidente Ikeda comenta:

Com profundo afeto, ele conforta a monja leiga de Ueno, dizendo-lhe que todos os que compartilham os laços da fé — os companheiros praticantes, os familiares ou os amigos —, sem falta, voltarão a se encontrar.

Ser um “buda em vida” significa evidenciar nosso estado de buda inato com base nessa consciência, e nos levantarmos com coragem no palco de nossa missão, sem nos afastar da dura realidade cotidiana, não só pela felicidade pessoal, mas também pela felicidade dos demais. Ser um “buda na morte” significa entrar no caminho eterno da infinita alegria da Lei4 depois de ter cumprido a missão nesta existência, e empreender a viagem seguinte pelo caminho do bodisatva para continuar cumprindo o juramento de conduzir as pessoas à iluminação.5

Reprodução/Foto-RN176 Livro Desvendando os Mistérios da Vida e da Morte, de Daisaku Ikeda (Editora Brasil Seikyo) – Foto: JBS. Dr. Daisaku Ikeda. Ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editora Brasil Seikyo

Portanto, viver com base no cumprimento da própria missão e do juramento seigan de atuar pelo kosen-rufu ilumina nossa vida, existência após existência, e nos guia através das sucessivas ondas da vida e da morte pela rota segura da verdadeira felicidade. Assim, o Mestre expressa:

O propósito desta existência é desenvolver elevada condição de vida, por meio da qual possamos sentir verdadeiramente que somos budas em vida e na morte e que tanto uma condição como a outra estão imbuídas de alegria. Em outras palavras, cada momento desta existência é uma luta para consolidar essa condição de vida.6

Sugestão de leitura

Fonte:

Brasil Seikyo, ed. 2.541, 28 nov. 2020, p. 17.

Notas:

  1. Brasil Seikyo, ed. 2.260, 31 jan. 2015, p. B3.
  2. Ibidem.
  3. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 477, 2020.
  4. Infinita Alegria da Lei: A felicidade suprema e ilimitada do Buda, o benefício da Lei Mística.
  5. Brasil Seikyo, ed. 2.541, 28 nov. 2020, p. 17.
  6. Ibidem.

Fotos: GETTY IMAGES / BS

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO