ROTANEWS176 09/12/2023 07:20 MATÉRIA DA DIVISÃO SÊNIOR Por Divisão Sênior da BSGI
Reprodução/Foto-RN176 Foto de ilustração da matéria – Foto: GETTY IMAGES
O trabalho é fundamental em nossa vida. Além de estar ligado à subsistência, representa a contribuição concreta para a sociedade e para as pessoas, tornando-se parte importante da nossa missão como membros da Soka Gakkai.
Estabelecer um ambiente harmonioso, ser uma referência para as pessoas ao redor e inspirar, dar motivação e confiança — sem dúvida, esse é o papel dos integrantes da Divisão Sênior. Quando nos tornamos esse tipo de pessoa que cria vínculos de confiança, todos se sentem melhor, e o desempenho no trabalho é mais prazeroso e produtivo.
Por outro lado, há o costume de associar o sucesso no trabalho com o aspecto financeiro. Essa perspectiva não é equivocada, pois se trabalha para ter o sustento e este, por sua vez, está relacionado a quanto se ganha. No entanto, seria um equívoco restringir-se somente a esse fator.
Aprendemos que a vitória no trabalho é importante não só para, dentre outros motivos, comprovar a veracidade da prática do Budismo Nichiren, mas o local de trabalho deve ser o ambiente em que devemos irradiar alegria, criar bons laços de amizade e oferecer um modelo de comportamento para a sociedade.
No livro Pilares de Ouro Soka, o presidente Ikeda cita: “A maneira com que a pessoa lida com o trabalho reflete sua atitude para com a vida e as outras pessoas; revela suas crenças e o propósito de vida”.1
Refletindo sobre o cotidiano, percebemos que, diariamente, diversas pessoas em diferentes locais exercem sua função no trabalho. Porém, há aquelas que acordam mais cedo que os outros para não se atrasar. Algumas cumprimentam com alegria os colegas, tornando o ambiente positivo. Talvez outras não estejam satisfeitas com o que ganham, mas agem com gratidão. Esses comportamentos são observados pelos superiores, colegas, clientes e colaboradores. Enfim, no ambiente de trabalho, nós nos relacionamos e enfrentamos várias situações em que precisamos ter sabedoria. Tudo começa com a atitude de vencer pela manhã.
Fazer gongyo e daimoku pela manhã é decisivo para se ter um dia vitorioso. Assim incentivava o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, a iniciar o dia repletos de vigor e energia para que nosso rosto resplandecesse de vitórias.
No trabalho, temos a possibilidade de levar essa mesma alegria de transmitir nossa experiência para um colega, ensinando-lhe qualquer função que seja no ambiente de trabalho. A alegria e a convicção de realizar algo bem-feito, como ensinar alguém, nos tornam cada vez mais capazes de desempenhar melhor nossa função, tornando-nos referência no ambiente profissional. Nessa atmosfera mais agradável, nós também desenvolvemos excelente oportunidade para falar sobre a prática da fé e ampliar a cultura do humanismo Soka na sociedade.
O presidente Ikeda nos ensina:
Em síntese, para vencer na vida precisamos de decisão e oração, esforço e planejamento. É um erro ficar à espera de um lance de sorte ou de uma oportunidade de enriquecer fácil e rapidamente. Isso não é fé; é mera fantasia. O trabalho é o esteio de nossa vida. Se não vencermos em nosso trabalho, não conseguiremos comprovar o princípio de que o “budismo é a própria vida diária”. Por favor, livre-se da postura acomodada e empenhe-se no trabalho com renovada decisão.2
Foi dessa forma que Ikeda sensei incentivou um agricultor que não estava obtendo sucesso na colheita, em sua primeira viagem ao Brasil, em 1960. Baseado nisso, conquistar a vitória no trabalho para nós, integrantes da Divisão Sênior, é comprovar o princípio de que o “budismo é a própria vida diária”.
Dívidas de gratidão
No escrito Os Três Tipos de Tesouro,3 Nichiren Daishonin diz a seu discípulo Shijo Kingo que ele deve se lembrar da dívida de gratidão com seu senhor feudal, e “enfatiza o ensinamento budista de que a profunda mudança no interior de uma pessoa invariavelmente produz mudanças no ambiente que a cerca. (…) Afirma a Kingo que este era afortunado por ter nascido como ser humano e ter encontrado o verdadeiro ensinamento; portanto deveria acumular ‘o tesouro do coração’ e conquistar o respeito dos demais’”.4
Não basta somente ser um bom praticante ou um bom líder; é essencial não falhar no gongyo e no daimoku e estar engajado nas atividades. É na sociedade, atuando como um bom profissional, que podemos mostrar a grandiosidade do Budismo de Nichiren Daishonin. “Budismo é razão.” Podemos exemplificar isso com Shijo Kingo, que teve suas terras e até seu cavalo confiscados por seu lorde. Daishonin o incentivou a continuar se dedicando com afinco e determinação à prática do budismo, sem recuar em seu comprometimento ao seu lorde, mostrando sua lealdade e convicção.
O romance Nova Revolução Humana, volume 22,5 narra a história de um jovem que tinha largado o emprego para apoiar a 12ª Convenção Blue Hawaii, em Honolulu, em 23 de julho de 1975, com a justificativa de que recebia um salário ruim, não era valorizado e era criticado pela sua postura. Ao expressar a Shin’ichi sua convicção de que, por meio do daimoku e de seu empenho nas atividades, conseguiria um emprego melhor, ele foi advertido:
Talvez você tivesse bons motivos para pedir demissão do trabalho, mas a sua atitude está errada. Obviamente, é importante recitar daimoku e se empenhar nas atividades da Soka Gakkai. No entanto, se você se concentrar apenas na sua prática budista sem se esforçar honestamente em seu local de trabalho, estará apenas fugindo da realidade. […] Como membro da Soka Gakkai, você deve se dedicar com mais afinco. Também deve estudar e se aprimorar constantemente para ser mais eficiente e produtivo possível. A fé e a oração nos habilitam a evidenciar forte energia vital e sabedoria necessárias para sermos bem-sucedidos em qualquer empreendimento. Todo trabalho não apenas demanda educação árdua, mas também apresenta vários outros desafios, como problemas de relacionamento e outras dificuldades. Entretanto, o trabalho é um local em que se pode polir a vida e se aperfeiçoar como ser humano. É muito importante que você se esforce ao máximo, torne-se o campeão de produtividade no local de trabalho e conquiste a confiança de todos ao redor. Essa atitude melhorará seu desempenho e reputação, e obterá um aumento no salário. Se isso acontecer, você considerará seu local de trabalho ótimo. Todas as manhãs, deve orar com a determinação de dar o melhor de si no trabalho e de demonstrar o poder da sua fé budista. Esse é o segredo para conseguir manifestar sua força e sabedoria máximas. Quando encontrar um novo emprego, adote essa postura, dê o melhor de si e seja vitorioso no local de trabalho. Esse é o espírito da Soka Gakkai.
O rapaz respondeu, entusiasticamente, que agiria dessa forma.
Essa passagem da Nova Revolução Humana demonstra a importância da sabedoria e do bom senso na fé. Contudo, algumas vezes podemos ser iludidos pelo sentido abstrato da fé, achando que o daimoku materializará algo sobrenatural em nossa vida, deixando de entender a fé como algo que se evidencia por meio de nossas atitudes. O sentido concreto da fé nos ensina que a força, a convicção, a coragem que produzimos em nosso ser quando recitamos daimoku se manifestam em nossas atitudes no dia a dia, criando assim infinita boa sorte, capacitando-nos a realizar nossos sonhos, tornando o trabalho uma fonte de grandiosos benefícios.
Por fim, Ikeda sensei compartilha um incentivo de Josei Toda sobre a postura no trabalho.
“Na prática da fé, atue por uma pessoa, no trabalho, atue por três”, eles se empenharam dando o máximo de si tanto no trabalho como na prática do budismo. Determinados a mostrar a prova real no local de trabalho, oravam com seriedade e sinceridade e empreendiam todos os esforços possíveis. Encarando suas dificuldades de cabeça erguida, recitavam daimoku com uma determinação resoluta, agindo com integridade e trabalhando mais do qualquer outra pessoa.6
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Reflexão sobre a matéria
Edson Tokunaga, vice-coordenador da DS da BSGI
Num dos estudos da Nova Revolução Humana, junto com os colegas de trabalho, eu me deparei com um episódio no qual as alunas da Escola Feminina Soka, começaram a reagir, diante das expectativas do fundador, como pioneiras da primeira turma.
Diversas iniciativas foram tomadas dentro da escola, desde lustrar o monumento que continha o lema da instituição, cuidar da limpeza e da organização da sala de música, criar um hino e até grêmios estudantis. Além disso, trataram de formar grupos para garantir a segurança das colegas durante o trajeto entre a casa e a escola. Mas a surpresa maior ficou por conta da iniciativa delas fora do ambiente escolar: cumprimentavam a todos os que encontravam pelo caminho, e o sorriso dessas jovens estudantes contagiava os moradores dos arredores, dos quais alguns chegavam bem cedo para estar em seus “postos” a fim de receber o agradável “bom-dia” delas.
Os valores que elas aprendiam no ambiente escolar era aplicado além dos muros do colégio, tanto que a gratidão que tinham pelo fundador foi transformada em ações práticas ao oferecerem aos funcionários da estação de trem um vaso de flor, em reconhecimento ao trabalho árduo deles. A troca desse oferecimento se tornou regular, o que acabou chamando a atenção até dos usuários da estação. Certo dia, um bilhete foi deixado num dos vasos contendo uma manifestação anônima de gratidão.
O que esse episódio tem a ver o tema tratado nesta matéria? Tudo! Trabalho é atitude. É nossa maneira de expressar o que somos e quais são nossos valores. Como dito na matéria, o local de trabalho e o trabalho em si são a maneira como podemos demonstrar os valores que desenvolvemos dentro da organização e por meio da nossa prática budista, uma forma positiva para inspirar os demais.
Trago esse acontecimento com profunda reflexão, especialmente agora que nosso mestre nos deixou. Cabe-nos assumir nosso papel e fazer a nossa parte como discípulo Ikeda. E depende da qualidade de nossas ações, assim como foi a atitude dessas alunas pioneiras de tornarem seu ambiente o reflexo dos valores que desenvolviam em sala de aula e sem a presença dos professores.
É chegada a hora pormos em prática tudo o que aprendemos com nosso mestre da vida, Daisaku Ikeda, pois ele vive em nosso coração. E é este coração que vai trabalhar para inspirar nossa sociedade, com valores que um homem de bem pode realizar para prosperidade e o futuro da humanidade.
Sejamos pilares de ouro, que transformam tudo em ouro!
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DS de comprovação
Sabor da vitória
Reprodução/Foto-RN176 Marcelo Gama, responsável pelo Distrito Vista Alegre e coordenador do Grupo Alvorada da Coordenadoria Serra-Mar do Rio de janeiro (CSMRJ) – Foto: Arquivo pessoal
Pratico o Budismo de Nichiren Daishonin há 29 anos. Lembro-me do meu primeiro e grande benefício que foi um emprego como auxiliar de produção em uma fábrica de bebidas na região de Magé, RJ. No meu primeiro dia de trabalho, antes de sair de casa e já devidamente uniformizado, sentei-me diante do nosso oratório ao lado de minha mãe, Dona Maria de Lourdes, e recitamos juntos um daimoku de gratidão por aquela grandiosa conquista. Ali começava a grande trajetória da minha vida profissional. Eu me especializei na área de custos logísticos e atingi o ápice da minha profissão após ser contratado por uma grande empresa holandesa para trabalhar como gestor no campo petrolífero. Tempos depois, fiz minha primeira mudança profissional devido à instabilidade no mercado brasileiro e me tornei vendedor de produtos alimentícios, trabalhando nas melhores empresas de distribuição do estado do Rio de Janeiro, atendendo toda a rede food service do estado.
A grande virada na minha vida profissional começa em 2019, no 35o aniversário do Grupo Alvorada, comemorado no Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda, em São Paulo, SP, onde a liderança da Divisão Sênior estabeleceu quatro atributos importantes: ter convicção no Gohonzon, no Mestre e na Gakkai; conquistar a confiança de todos; sentir compaixão pelas pessoas que sofrem; e comprovar a revolução humana. No momento desse grande encontro em que mais ou menos novecentos líderes de todo o Brasil estiveram presentes, criou-se um grande divisor de águas em minha vida e ali renovei a decisão de, mais uma vez, vencer as barreiras e comprovar a veracidade dessa prática.
Reprodução/Foto-RN176 Marcelo com familiares – Foto: Arquivo pessoal
Em 2020, voltei a estudar e comecei a fazer um curso de gastronomia, pois sempre gostei muito de cozinhar e acreditava na cura e na prevenção das doenças por meio do alimento. Como já tinha um pequeno negócio de marmitas saudáveis e congeladas, resolvi investir no aprimoramento desse empreendimento. Nessa mesma época, surge a pandemia. Eu me apoiei com unhas e dentes na estratégia do Sutra do Lótus e no “movimento 1, 2, 3” (1 hora de daimoku, 20 minutos de estudo e 3 visitas). Reforcei meus estudos do budismo na prática, para a concretização do meu shakubuku. Com isso, a maldade também se manifestou de maneira intensa. Uma catarata agressiva, de forma precoce, surgiu nos meus olhos, cobrindo completamente o olho esquerdo, impedindo a visão, podendo causar cegueira irreversível. Consegui fazer a cirurgia no olho esquerdo em um dos hospitais referência no estado do Rio de Janeiro com três dos melhores médicos cirurgiões da área aqui no Brasil. De início, eles temiam que fosse um tumor nos olhos, mas, por boa sorte, não passou de uma catarata precoce, e hoje já estou enxergando perfeitamente bem.
Quando me formei, senti um forte desejo de ampliar meu negócio. Então, sem um centavo no bolso, criei meu restaurante na Baixada Fluminense. Ao longo do tempo, tive a chance de apresentar algumas das minhas receitas por duas vezes em rede nacional num programa de TV. Atualmente, o restaurante é referência não só na região, mas também no estado do Rio de Janeiro.
Gratidão ao meu mestre, à minha família e aos meus queridos amigos.
Marcelo Gama, responsável pelo Distrito Vista Alegre e coordenador do Grupo Alvorada da Coor-denadoria Serra-Mar do Rio de janeiro (CSMRJ).
Fotos: GETTY IMAGES | Arquivo pessoal
Notas:
- IKEDA, Daisaku.Pilares de Ouro Soka. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 198.
- Idem. Desbravadores. Nova Revolução Humana. v. 1. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 109, 2017.
- Ibidem, p. 113.
- IKEDA, Daisaku. Correntezas. Nova Revolução Humana, v. 22. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020.
- Idem. Pilares de Ouro Soka. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 198.
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO