Vida iluminada dedicada à paz

ROTANEWS176 27/01/2024 08:15                                                                                                                                  ESPECIAL DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS          

O dia 16 de fevereiro marca o aniversário natalício de Nichiren Daishonin, que revelou a recitação do Nam-myoho-renge-kyo como meio para se alcançar a felicidade absoluta.

 

Reprodução/Foto-RN176 Ilustração retrata Nichiren Daishonin incentivando seus discípulos a abraçar a fé no Sutra do Lótus – Ilustração: Kenichiro Uchida

Nichiren Daishonin nasceu no dia 16 de fevereiro de 1222, num povoado na província de Awa (atual província de Chiba). Sua família era de origem simples e vivia da pesca.

Desde a infância, Nichiren Daishonin devotou-se aos estudos do budismo e começou a questionar a eficácia das escolas que o Japão seguia. Assim, decidiu deixar o lar para estudar e resolver questões básicas sobre o budismo. Após obter permissão de seus pais, viajou para o norte até chegar ao templo Seicho-ji, tornando-se discípulo de um sacerdote chamado Dozen-bo.

Nos anos seguintes, percorreu diversas cidades para estudar os sutras e compreender a essência das doutrinas das maiores escolas budistas. Como resultado, concluiu que o Sutra do Lótus constitui o mais elevado ensinamento dentre todos os sutras, e a Lei do Nam-myoho-renge-kyo, para a qual ele havia despertado, é a essência do Sutra do Lótus que possibilita libertar as pessoas do sofrimento no nível mais profundo.

Estabelecer o ensinamento

No dia 28 de abril de 1253, Daishonin retornou a Seicho-ji, reuniu-se com seu mestre Dozen-bo e os demais sacerdotes, anunciando a conclusão de seus estudos e refutando cada uma das seitas existentes. Então, recitando Nam-myoho-renge-kyo três vezes, estabeleceu o seu budismo. O mundo naqueles dias já se encontrava na última era dos ensinamentos de Shakyamuni. Essa era, chamada Últimos Dias da Lei (Mappo), caracterizava-se pela degeneração e perda da fé. Nichiren Daishonin veio ao mundo para revelar o Nam-myoho-renge-kyo, como o único caminho para as pessoas seguirem.

Depois de converter os pais à nova fé, ele partiu para Kamakura, onde pretendia iniciar uma reforma religiosa pregando a doutrina do Sutra do Lótus na capital política da nação. Ao mesmo tempo em que pregava o Sutra do Lótus, refutava cada uma das seitas predominantes. Entre os leigos convertidos nessa ocasião estavam Toki Jonin, Shijo Kingo, Kudo Yoshitaka e os irmãos Ikegami.

Na época, Nichiren Daishonin dirigiu duras críticas a algumas seitas budistas cujos sacerdotes recebiam total proteção do xogunato de Kamakura.

Enfrentando as perseguições

Durante os anos seguintes, mais e mais pessoas procuravam Daishonin para aprender sobre os seus ensinamentos.

No início de 1256, o Japão foi atingido por uma série de desastres naturais, como inundações, incêndios e terremotos, e o povo sofria com a fome e as epidemias. Nichiren Daishonin sabia que a razão de tudo era a crença das pessoas em ensinamentos errôneos que prometiam a salvação e a felicidade após a morte e que se aliavam àqueles no poder em troca de proteção. Ele desejava ardentemente despertar o povo para o ensinamento revitalizador do Sutra do Lótus. Assim, no dia 16 de julho de 1260, enviou seu tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra ao regente aposentado Hojo Tokiyori, a pessoa mais influente na época. Porém, essa advertência foi ignorada e, quarenta dias depois, seguidores de outra seita budista atacaram a cabana de Daishonin e a incendiaram. Ele escapou por pouco dessa investida.

A exposição desse tratado provocou a fúria de líderes políticos e religiosos, que lhe impuseram inúmeras perseguições e banimentos.

Mesmo nos locais de exílio, passando por extremas privações, ele nunca se esqueceu de seus discípulos. As muitas cartas de agradecimento, de encorajamento e de resposta às questões de seus seguidores foram escritas nessas circunstâncias adversas. Essas cartas, junto com os tratados, compõem o chamado Gosho (escritos honoráveis).

Em 1271, Nichiren Daishonin foi interrogado por Hei no Saemon-no-jo Yoritsuna, figura poderosa do xogunato, e por policiais do governo. Daishonin prontamente advertiu o militar sobre a postura inadequada das autoridades. Dias depois, o próprio Hei no Saemon-no-jo, acompanhado de alguns soldados, atacou a residência de Daishonin e o prendeu. Essa prisão foi seguida da tentativa de decapitação na praia de Tatsunokuchi, interrompida por uma esfera luminosa que cortou o céu da madrugada, cegando a todos. Os executores se recusaram a decapitar o Buda.

Devido a esse episódio, Nichiren Daishonin, convicto de suas crenças, “abandona a condição transitória de mortal comum e revela seu verdadeiro aspecto de buda (hosshaku-kempon)”.

Ainda nesse ano, as autoridades decidem exilar Daishonin na Ilha de Sado, caracterizada pelo frio mortal do inverno. O local para o qual foi enviado não tinha a mínima estrutura para a sobrevivência de um ser humano. Lá, ele escreve importantes obras como Abertura dos Olhos e O Objeto de Devoção para Observar a Mente. Em fevereiro de 1274, Daishonin recebe indulto do exílio e retorna a Kamakura.

A missão do Buda

Em 1279, ocorre a Perseguição de Atsuhara, na qual um grupo de seguidores de Nichiren Daishonin foi preso, torturado, intimidado e pressionado a abandonar a prática. Apesar disso, todos os discípulos se mantiveram firmes, o que ocasionou a expulsão de dezessete deles da vila onde moravam; e outros três foram executados. O surgimento de pessoas comuns a comprovar a fé sem poupar a própria vida levou Daishonin a alcançar o propósito de seu advento ao mundo.

Em agosto de 1282, aos 61 anos, Daishonin parte de Minobu e se instala na residência de Ikegami Munenaka. Ele chega ao local no dia 18 de setembro e, no dia 13 de outubro, falece recitando serenamente Nam-myoho-renge-kyo e concluindo sua nobre missão.

Nichiren Daishonin dedicou a vida a propagar a Lei Mística visando revelar o estado de buda de cada pessoa e eliminar a infelicidade de toda a humanidade. Ao mesmo tempo, durante a sua vida, combateu as funções malignas que tentavam obstruir a felicidade das pessoas comuns, enfrentando grandes obstáculos e perseguições.

Atualmente, o Budismo de Nichiren Daishonin mantém-se como uma religião viva graças aos esforços dos membros da Soka Gakkai em todo o mundo, em especial, de seus três primeiros presidentes, Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda.

Ikeda sensei comenta:

Considerando seu o sofrimento da humanidade, Nichiren Daishonin hasteou resolutamente a bandeira do “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”, um princípio orientador para se alcançar a felicidade e a paz. O Buda expressa: “Poderia haver alguma dúvida de que (…) a grande Lei pura do Sutra do Lótus [Nam-myoho-renge-kyo] será amplamente propagada (kosen-rufu) no Japão e nas demais nações de Jambudvipa [o mundo inteiro]?”.1 Ele previu o kosen-rufu mundial e confiou sua realização aos discípulos das gerações futuras.2

No topo: ilustração retrata Nichiren Daishonin incentivando seus discípulos a abraçar a fé no Sutra do Lótus

Fontes:

Terceira Civilização, ed. 416, abr. 2003, p. 3.
Brasil Seikyo, ed. 2.551, 13 fev. 2021, p. 6 e 7.
Os Fundamentos do Budismo Nichiren para a Nova Era do Kosen-rufu Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2016. p.78

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 574, 2020.
    2. Brasil Seikyo, ed. 2.337, 27 ago. 2016, p. B2.

Ilustração: Kenichiro Uchida

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO