ROTANEWS176 24/02/2024 10:45 ESPECIAL DIRETO DO JORNAL SEIKYO SHIMBUN Por Seikyo Shimbun
Parte 5: Palavras eternas
Reprodução/Foto-RN176 No Aeroporto Internacional de Veracruz, no México, Ikeda sensei não desperdiça nenhum momento do seu tempo até a partida, aproveitando para escrever palavras de incentivo aos companheiros, sob o olhar afetuoso da Sra. Kaneko (jun. 1996). Dr. Daisaku Ikeda. Ele foi pacifista, filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI Fotos: Seikyo Press
“Espero que dediquem sua nobre vida a plantar as sementes da paz da Lei Mística no mundo. Farei o mesmo.”
Na primeira página do jornal Seikyo Shimbun comemorativo do aniversário de fundação da Soka Gakkai, edição do dia 18 de novembro de 2023, foram publicados poemas compostos previamente por Ikeda sensei e dedicados a todos os companheiros. No dia 20 daquele mesmo mês, foi divulgada a mensagem que sensei dedicou aos estudantes do Colégio Soka e, no dia 21, o artigo para a seção Gosho para o Futuro. Por meio da escrita, o Mestre continuou incansavelmente a fazer ressoar aos companheiros seu rugido do leão até o último instante, até as chamas de sua vida se extinguirem.
Nesta quinta parte da série, acompanharemos a jornada da batalha das palavras que sensei travou ao longo de sua existência, às vezes com o pseudônimo de Ho Goku e, outras, como Poeta Laureado.
“Com ardente fé, registrarei palavras ilimitadamente”
Assim Ikeda sensei escreveu em certa ocasião.
“Não pouparei a vida para incentivar os amigos. Contudo, existem limitações na quantidade de pessoas com quem posso me encontrar pessoalmente. Então, vou encorajá-las pela força da caneta.”
“A vida humana é transitória, mas o alcance das palavras é infinito. Vou perpetuar a filosofia do budismo, que é universal e ultrapassa épocas, a fim de deixar para a posteridade a veracidade da relação de mestre e discípulo.”
Sem dúvida, era essa a determinação de Ikeda sensei por trás de suas ações. A batalha das palavras começou ainda na juventude, quando foi rigorosamente treinado pelo presidente Josei Toda.
Sob o nome de Shin’ichiro Yamamoto
Era 3 de janeiro de 1949, um dia após completar 21 anos, quando Ikeda sensei se apresentou pela primeira vez para trabalhar na editora Nihon Shogakkan, dirigida por seu venerado mestre.
Em maio do mesmo ano, ele se tornou editor-chefe da revista juvenil Boken Shonen [Aventura dos Meninos] (posteriormente Shonen Nippon [O Japão dos Meninos]). Ele se lançou de corpo e alma nesse trabalho determinado a fazer dessa publicação “a maior revista juvenil do Japão”.
Reprodução/Foto-RN176 Exemplares das revistas Boken Shonen [Aventura dos Meninos] e Shonen Nippon [O Japão dos Meninos], nas quais o jovem Daisaku Ikeda atuou como editor-chefe, trabalhando com Toda sensei
Tratava-se de uma pequena editora localizada no bairro de Nishikanda, em Tóquio, e ele sozinho era responsável por muitas funções, tais como planejamento de séries, solicitação e recebimento de matérias, de ilustrações e de diagramações. Quando não encontrava redatores ou escritores disponíveis, ele próprio escrevia, com o pseudônimo de Shin’ichiro Yamamoto, biografias de personalidades como o educador Johann Heinrich Pestalozzi (1746–1827) e o médico Edward Jenner (1749–1823).
No entanto, devido à recessão do pós-guerra provocada pela política de contração financeira denominada Dodge Line, os empreendimentos editoriais do presidente Josei Toda entraram em crise. A empresa mudou sua estrutura de negócios para uma cooperativa de crédito, e Ikeda sensei teve de se afastar do trabalho editorial.
Todavia, essa cooperativa em questão também se deparou com um impasse no verão de 1950, momento em que Toda sensei se viu em uma situação crítica. Foi em meio a essas circunstâncias que mestre e discípulo conversaram sobre os planos de fundar um jornal.
Nessa época, Toda sensei esclareceu ao jovem Daisaku Ikeda por que os seguidores de Nichiren Daishonin conseguiram superar tamanha sequência de grandes dificuldades: “Nichiren Daishonin continuou a incentivar cada um (de seus seguidores) escrevendo cartas e mais cartas incansavelmente. É por essa razão que, independentemente das provações impostas pela vida ou pela sociedade, nenhum deles foi derrotado. Daisaku, vamos criar um jornal que incorpore esse espírito de Daishonin e torná-lo grandioso!”.
Graças à intensa luta de Ikeda sensei nos bastidores, a situação crítica dos negócios de Toda sensei foi superada e ele tomou posse como segundo presidente da Soka Gakkai no dia 3 de maio de 1951. Pouco antes, em 20 de abril daquele ano, foi publicada a primeira edição do Seikyo Shimbun. O venerado mestre empenhou-se pessoalmente para escrever artigos para o jornal. Ele redigiu a matéria principal da primeira página da edição inaugural, intitulada O que é a Fé?, e contribuiu com a coluna denominada Suntetsu [Epigramas].
O discípulo também empunhou a caneta e se dedicou de corpo e alma. O treinamento do mestre era rigoroso. Ele dizia: “Isso não vai tocar o coração das pessoas!”; “O propósito da matéria não está claro!”. Sob a liderança do presidente Josei Toda, Ikeda sensei não apenas se tornou excelente “guerreiro do kosen-rufu”, como também aprimorou sua habilidade com a “espada da caneta”.
Myo Goku e Ho Goku
Toda sensei também escreveu um romance em série com o pseudônimo de Myo Goku. O título da obra é Revolução Humana. O personagem principal, Gankutsuo [conde de Monte Cristo], é baseado nele próprio e surge a partir da segunda metade do livro. A obra se encerra com a cena em que ele “atinge a iluminação na prisão”, para onde havia sido levado junto com o presidente Tsunesaburo Makiguchi. Nesse cenário, desperta para a sua condição de bodisatva da terra.
Quem escreveria sobre a outra parte da vida de Toda sensei, quando Gankutsuo se levantasse sozinho pelo kosen-rufu para vingar a morte do seu mestre Makiguchi na prisão, convocando os 750 mil bodisatvas da terra?
Revolução Humana e Nova Revolução Humana — redigindo a verdade sobre o venerado mestre e a Soka Gakkai
Reprodução/Foto-RN176 “Monumento à Nova Revolução Humana”, localizado no Centro de Treinamento de Nagano. “Nada é mais precioso do que a paz. Nada traz mais felicidade do que a paz. A paz é o primeiro passo para o avanço da humanidade” — além desse trecho inicial do volume 1 do romance, constam gravadas as seguintes palavras: “Início em 6 de agosto de 1993, dia do lançamento da bomba atômica em Hiroshima. Previsão de um total de trinta volumes”
Houve três momentos cruciais que fizeram com que Ikeda sensei decidisse escrever um romance biográfico sobre o seu mestre.
Primavera de 1951: Toda sensei lhe mostra o manuscrito do seu romance Revolução Humana.
Agosto de 1954: Acompanha seu mestre em uma viagem à cidade natal dele, a Vila Atsuta (naquela época), em Hokkaido.
Agosto de 1957: A conversa que tiveram no último verão que ele passou com Toda sensei em Karuizawa, Nagano.
“Eu sou o único capaz de registrar a verdade sobre o meu mestre. Acredito que essa seja a expectativa dele em relação a mim e à minha missão como seu discípulo” — assim Daisaku Ikeda jurou resolutamente em seu coração.
Em maio de 1960, o discípulo se torna terceiro presidente da Soka Gakkai. Durante a cerimônia do sétimo aniversário de falecimento do presidente Josei Toda, em abril de 1964, Ikeda sensei anuncia que escreveria o romance biográfico do seu venerado mestre, Revolução Humana.
Quatro anos haviam se passado desde a sua posse presidencial. Em 1962, ele já tinha concretizado o desejo do seu mestre de 3 milhões de famílias na Soka Gakkai, e o dinâmico avanço da organização prosseguia sob a liderança do jovem presidente.
Ikeda sensei começou a escrever o romance no dia 2 de dezembro de 1964, em Okinawa. A publicação em série no Seikyo Shimbun foi iniciada em 1o de janeiro de 1965. Seu pseudônimo era Ho Goku. Traçando um paralelo com os princípios budistas, “Myo” representa o mestre, e “Ho”, o discípulo. Era o início da “história de mestre e discípulo” que se estenderia por mais de meio século.
Em meio à batalha feroz
“Publicar um romance em série no jornal é, em si, um trabalho realmente árduo. Ainda mais em meio ao intenso dia a dia, correndo de leste a oeste em prol do kosen-rufu e da paz”, escreveu Ikeda sensei. Mesmo assim, ele não deixou de desenvolver as ideias para o livro e de enfrentar a página branca diante de si durante as viagens às localidades do Japão e ao exterior.
Por volta do fim de novembro de 1969, a “questão da obstrução da liberdade de expressão e de publicação” eclodiu. Sensei se levantou na dianteira para atrair a pressão para si.
A publicação do capítulo inicial, “Septingentésimo Aniversário”, do volume 6, no Seikyo Shimbun começou no dia 9 de fevereiro de 1970. A princípio, estava programada para o dia 11 de fevereiro, aniversário de Toda sensei, mas foi antecipada devido aos fortes pedidos dos leitores que desejavam que a série fosse retomada quanto antes, como relatado em um artigo. A princípio, havia a previsão de não publicá-la aos sábados e aos domingos, mas, atendendo aos anseios dos leitores, ela somente deixou de ser veiculada aos domingos.
Enquanto a grande nau Soka Gakkai avançava em meio às ondas terrivelmente turbulentas sob a firme e dedicada direção de Ikeda sensei, ele continuou a escrever pensando unicamente nos companheiros
Reprodução/Foto-RN176 Manuscritos do capítulo “O Estopim”, do volume 9, do romance Revolução Humana, com a letra da Sra. Kaneko. Na borda superior, consta a seguinte observação feita por sensei: “Como estou um pouco indisposto, ditei o texto e pedi à minha esposa que o anotasse por mim”
Nos dias em que não estava bem de saúde e não tinha forças para segurar a caneta, ele ditava o conteúdo, o qual era gravado em fitas.
No manuscrito do capítulo “O Estopim”, do volume 9, há uma observação na margem superior: “Como estou um pouco indisposto, ditei o texto e pedi à minha esposa que o anotasse por mim”. A pequena escrivaninha que sua esposa utilizou nessa época passou a ser chamada de “mesa Kaneko”.
Contudo, mesmo a série que vinha sendo continuada com tanto esforço e tenacidade precisou ser interrompida por um tempo. Em abril de 1979, sensei teve de renunciar ao cargo de terceiro presidente da Soka Gakkai. Membros que se afastaram da fé e traidores se uniram a clérigos malignos e conspiraram para tentar apagar o espírito de mestre e discípulo. Ikeda sensei teve seus movimentos e ações restringidos, e suas orientações e artigos sumiram das páginas do Seikyo Shimbun. Para os companheiros, foram dias em que se sentiram vagando na escuridão da noite.
“Preocupo-me com os companheiros se as coisas continuarem assim. Vou incentivá-los. Vou encorajá-los. Vou retomar a publicação em série da Revolução Humana. Enfrentarei sozinho as consequências disso.”
Em julho do ano seguinte, 1980, sensei decide reiniciar a publicação da Revolução Humana, a qual havia sido interrompida por dois anos, e começou a escrever o volume 11. Houve ocasiões em que, devido à forte indisposição, para dar continuidade à série, ele ditou o conteúdo para o jornalista responsável enquanto permanecia deitado. Cada uma dessas palavras se tornou uma luz de esperança aos companheiros, acendendo e espalhando a chama da coragem para a contraofensiva e a grande virada sobre as maldades.
Liderando para sempre
O romance Revolução Humana foi concluído em 11 de fevereiro de 1993, data em que se comemorava o 93o aniversário de nascimento do seu mestre, Josei Toda. A sequência da obra, intitulada Nova Revolução Humana, passou a ser publicada em série no Seikyo Shimbun a partir do dia 18 de novembro desse mesmo ano e sensei começou a redigir o romance em 6 de agosto. O local escolhido foi Karuizawa, onde havia passado seu último verão junto com Toda sensei.
No prefácio do volume 1, sensei escreveu:
Assumi a responsabilidade da Nova Revolução Humana como a obra da minha existência. Determi-nei escrever ininterruptamente, aplicando o máximo de habilidade para eternizar o caminho genuíno e adamantino de mestre e discípulo. Comprometo-me também a relatar as glórias conquistadas pelos preciosos filhos do Buda, que avançam orgulhosamente pelo ideal da paz mundial exatamente como Nichiren Daishonin ensinou.1
Não havia somente o romance. Em janeiro de 1998, iniciou-se a publicação da série de ensaios “Reflexões sobre a Nova Revolução Humana”. O título da primeira parte era Renovando a Cada Dia. Nela, refletindo após os seus 80 anos, sensei registrou: “A partir de então, de acordo com a Lei Mística e a natureza imperecível da vida exposta no budismo, estou determinado a liderar o kosen-rufu por toda a eternidade”.2
No dia 6 de agosto de 2018, Ikeda sensei repousou a caneta depois de terminar de escrever o romance Nova Revolução Humana e, em 8 de setembro, a série de trinta volumes teve sua veiculação concluída no Seikyo Shimbun. O número total de partes da Revolução Humana e da Nova Revolução Humana publicadas no jornal somou 7.978. Foram mais de 20 mil folhas de papel manuscritas, cada uma com quatrocentos caracteres em média, que registraram o marco dourado do mais longo romance, divulgado em série num jornal, da história do Japão.
No último volume, 30-II, é descrita a cena em que sensei conclama a todos os participantes da Reunião de Líderes da Soka Gakkai, realizada em novembro de 2001:
Por favor, desejo que vocês, da Divisão dos Jovens, herdem e sucedam sem falta o solene espírito de mestre e discípulo dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai. As pessoas que assim fizerem serão vitoriosas no final.3
O local era o Auditório Memorial Toda de Tóquio. Foi nesse salão de mestre e discípulo que se realizou a solene cerimônia de funeral de Ikeda sensei pela Soka Gakkai.
Os ensaios foram publicados de 1998 a novembro de 2023, ao longo de 25 anos. A última edição foi entregue aos leitores no dia 15 de novembro de 2023, dia em que sensei partiu para o Pico da Águia.
No final desse artigo, sensei escreveu:
O alicerce da força jovem mundial está firme. Reunindo cada vez mais a força e a paixão dos jovens emergidos da terra, vamos expandir o jardim da paz, edificando o castelo de “valores humanos”, visando à criação de valor da felicidade do povo de todo o planeta.4
Fazendo do Seikyo Shimbun o principal campo de batalha
“Fazendo do Seikyo Shimbun meu principal campo de batalha, eu me dediquei incansavelmente à batalha das palavras, empunhando a caneta decidido a deixar gravada para sempre a verdade da unicidade de mestre e discípulo Soka, com o sentimento de escrever cartas de incentivo para cada um dos companheiros.” Essa é a inscrição gravada no “Monumento ao Triunfo de Mestre e Discípulo do Seikyo Shimbun”, instalado no Centro Mundial Seikyo da Soka Gakkai.
O Seikyo Shimbun se tornou realidade graças à existência de Ikeda sensei. Ele não só atuou pessoalmente na redação de matérias, como também dedicou sinceros esforços na formação de jornalistas. Um sociólogo especializado em religião disse certa ocasião: “Toda vez que vejo o Seikyo Shimbun, é como se eu conseguisse ouvir a voz do presidente Ikeda a direcionar a equipe editorial, dizendo: ‘Será que esta matéria realmente motivará os membros? Será que ficarão felizes e satisfeitos?’”.
Em diversas partes do romance Nova Revolução Humana constam referências à missão do Seikyo Shimbun. Nelas também são retratadas cenas nas quais sensei incentiva jornalistas e funcionários. Há um episódio no capítulo “Castelo do Debate”, do volume 10, que narra o momento desafiador em que o jornal passa a ser diário. O presidente Shin’ichi Yamamoto [pseudônimo de Ikeda sensei na obra] analisa o conteúdo do jornal e tece seus comentários, rigorosos, porém calorosos:
A abordagem inicial está muito simples. (…) É importante cativar o interesse dos leitores logo no início. (…) Um relato de experiência tem de ter vida e movimento. (…) De toda forma, a vida de um jornal está na exatidão das informações.5
Ele não desenvolveu apenas jornalistas. Ele incutiu o “espírito Seikyo” em todos os funcionários que sustentavam a vida do jornal, desde o pessoal do departamento fotográfico, os repórteres e revisores até os responsáveis pela publicidade, pelo transporte e pela distribuição.
E o que é a “marca registrada do Seikyo”? Sensei deixou gravado: “Em primeiro lugar, deve ser sempre um jornal institucional do kosen-rufu cujo teor desperte nos leitores a disposição de se levantar e atuar em prol da paz e da felicidade da humanidade. Em segundo, deve ser um jornal com o qual todos possam aprender verdadeiramente o que é o budismo. Em terceiro, deve ser uma ‘carta de incentivo’ que ofereça coragem e esperança aos leitores”. E o exemplo foi estabelecido por meio das palavras e ações de Ikeda sensei.
Hoje, a versão eletrônica do Seikyo Shimbun é acessada em 220 países e territórios. Sob a coordenação de Ikeda sensei, o ardente desejo de Toda sensei de que o Seikyo se tornasse um jornal lido tanto no Japão quanto no mundo já é realidade.
O Seikyo Shimbun continua a promover o debate das palavras como um “jornal do ser humano” exatamente como sensei criou com as próprias mãos. Será eternamente o “jornal de mestre e discípulo” que transmite, acima de tudo, a verdade desta sublime relação, levando coragem e esperança a todos.
Incentivar uma única pessoa
Além dos romances e ensaios, com sua caneta, sensei confeccionou inúmeros poemas, canções, citações e extensos poemas. Ele diz: “Tentei escrever da maneira mais apropriada possível para cada pessoa, com um sentimento ardente de que, por meio desse escrito, meus amigos superassem, de alguma maneira, suas dificuldades, crescessem como pessoa a seu modo e adquirissem forte autoconfiança”.
Em julho de 1976, sensei passou a se dedicar à elaboração de novas canções da Soka Gakkai. Nessa época, os ataques à organização por parte de alguns meios de comunicação e de clérigos começavam a surgir. A Canção da Revolução Humana, que nasceu nesse período, tornou-se a canção espiritual dos discípulos Ikeda, que juravam se dedicar à eterna batalha conjunta de mestre e discípulo, assim como a Canção dos Companheiros representava esse sentimento aos discípulos de Josei Toda.
Reprodução/Foto-RN176 Manuscritos do capítulo “O Estopim”, do volume 9, do romance Revolução Humana, com a letra da Sra. Kaneko. Na borda superior, consta a seguinte observação feita por sensei: “Como estou um pouco indisposto, ditei o texto e pedi à minha esposa que o anotasse por mim”
Em 1978, quando os ventos furiosos da problemática do clero se intensificavam, canções das divisões e de várias localidades nasceram uma após a outra. A canção da Divisão dos Universitários, Kofu ni Hashire [Corra pelo Kosen-rufu]; a canção da Divisão dos Estudantes, Corredores da Justiça; a canção de Tóquio, Aa Kangeki no Doshi Ari [Ah, Companheiros de Emoção]; a canção de Tohoku, Aoba no Chikai [Juramento das Folhas Verdes]; a canção de Chubu, Kono Michi no Uta [Canção desta Estrada]; a canção de Chugoku, Jiyu no Sanka [Ode aos Emergidos da Terra], e a canção de Kansai, Josho no Sora [Céu de Contínuas Vitórias]. A determinação de Ikeda sensei, com certeza, continuará a despertar em todos os companheiros o “espírito de luta pela justiça”.
O impacto do título de Poeta Laureado
A interação humana por meio da poesia não se limita aos membros da organização. Os poemas de Ikeda sensei tocam o coração das pessoas, transpondo fronteiras entre países, grupos étnicos e religiosos.
Um dos motivos que levaram o presidente do conselho Sethu Kumanan a fundar a Universidade Feminina Soka Ikeda na Índia foi o fato de ter lido o poema Mãe, de autoria de Ikeda sensei, em uma publicação que recebeu do Dr. Krishna Srinivas. Ele disse que, naquele momento, sentiu um impacto muito forte, como se tivesse visto um raio.
O Dr. Srinivas foi secretário-geral da Academia Mundial de Artes e Cultura, que concedeu o título de Poeta Laureado a Ikeda sensei, e presidente da Sociedade Intercontinental de Poesia Mundial, que homenageou o Mestre com o prêmio Poeta Laureado do Mundo.
“Mestre é aquele que transmite força e felicidade ao discípulo quando ele mais precisa”
O presidente Kumanan ressalta: “Decidi que o professor Ikeda seria meu mestre no exato instante em que li seu poema. Os poetas se conectam imediatamente entre si. (…) Os poemas dele dão força para todas as pessoas, sem distinção”.
“Entendi que mestre é aquele que transmite força e felicidade ao discípulo quando ele mais precisa”, afirma Kumanan. A definição da concessão do título de Poeta Laureado a Ikeda sensei ocorreu no dia 1o de julho de 1981.
A primeira canção da Soka Gakkai que Ikeda sensei compôs após receber esse título foi Kurenai no Uta [Canção do Carmesim], e o primeiro poema extenso foi Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21. Ambas são criações da luta conjunta entre sensei e os jovens de localidades em que havia muito sofrimento devido à opressão e à perseguição do clero. Nelas, o Mestre conclamou os jovens a se levantar.
O poema Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21 foi criado em meio à feroz batalha da contraofensiva para incentivar os companheiros de Oita, em 10 de dezembro. Na sala do administrador da Sede Regional da Paz de Oita, cinco jovens anotavam freneticamente aquilo que Ikeda sensei ditava. Esses jovens se empenharam ao máximo para passar a limpo suas anotações enquanto sensei se dirigia para um diálogo com membros representantes da província.
Ao retornar do encontro, sensei perguntou com forte ímpeto: “Como ficaram as anotações?”. A Reunião de Líderes da Divisão dos Jovens de Oita, na qual o poema seria apresentado, estava prevista para se iniciar às 19 horas. Não havia tempo. Os participantes da atividade não paravam de chegar e o início da reunião foi antecipado em uma hora. Mesmo assim, sensei persistiu em seu trabalho para lapidar e aprimorar o poema com toda a sua vida. E quando terminou de ditar as alterações, a reunião de líderes já tinha começado.
Compor poemas era uma batalha e cada um deles era o brado irreprimível da alma.
O que é ser jovem?
O que é a esperança?
O que é a verdade?
É lutar até o fim
Na batalha da Lei em prol do amigo
Chamada kosen-rufu…6
Agora, a bandeira dessa batalha da Lei foi finalmente confiada às mãos daqueles que viverão no século 21.
No topo: No Aeroporto Internacional de Veracruz, no México, Ikeda sensei não desperdiça nenhum momento do seu tempo até a partida, aproveitando para escrever palavras de incentivo aos companheiros, sob o olhar afetuoso da Sra. Kaneko (jun. 1996)
Notas:
- IKEDA, Daisaku. Prefácio. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 7, 2019.
- Terceira Civilização, ed. 355, mar. 1998, p. 20.
- IKEDA, Daisaku. Juramento Seigan. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-II, p. 348, 2022.
- Brasil Seikyo, ed. 2.647. 25 nov. 2023.
- IKEDA, Daisaku. Castelo do Debate. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, p. 41-42, 2020.
- Trecho da canção embasada no poema Jovens, Escalem a Montanha do Kosen-rufu do Século 21.
Fotos: Seikyo Press
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO