Mesmo quando se exercitam menos, mulheres podem se beneficiar mais em comparação aos homens

ROTANEWS176 01/02/2024 13:00                                                                                                                                Por Dra. Paola Machado

As mulheres que se exercitavam todas as semanas — em comparação com as mulheres sedentárias — reduziram o risco de morrer por qualquer causa em até 24%. Para os homens, a atividade física regular foi associada a uma redução de apenas 15% na mortalidade por todas as causas.

RN176 Atividade física entre duas pessoas

De acordo com a Agência Brasil, uma Pesquisa Saúde e Trabalho feita pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), divulgada em 2023, concluiu que 52% dos brasileiros raramente ou nunca praticam atividades físicas. Entre os que fazem atividades físicas, 22% se exercitam diariamente, 13% pelo menos três vezes por semana e 8% pelo menos duas vezes semanais. Além disso, os problemas de saúde quase dobram entre sedentários.

A OPAS e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam pelo menos 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada a vigorosa por semana para todos os adultos, incluindo quem vive com doenças crônicas ou incapacidade, e uma média de 60 minutos por dia para crianças e adolescentes.

Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, promovida pelo IBGE (2020), apontou que 34,2% dos homens com 18 anos ou mais praticaram o nível recomendado de atividade física de 150 minutos semanais no lazer, enquanto para as mulheres este percentual foi de apenas 26,4%, sendo que elas dedicaram, em média, 21,3 horas por semana com afazeres domésticos e cuidado de pessoas em 2018, quase o dobro do que os homens gastaram com as mesmas tarefas –10,9 horas.

Analisando esses dados, embora as recomendações sejam as mesmas para indivíduos do sexo masculino e feminino, sabe-se que os indivíduos do sexo feminino ficam atrás dos indivíduos do sexo masculino no envolvimento em atividade física. Além disso, existem diferenças entre os sexos na resposta fisiológica à atividade física, nos limiares de tolerância ao exercício e na capacidade geral de exercício. Dessa forma, é possível que o grau de benefício para a saúde derivado da atividade física possa diferir entre sexos com base na frequência, duração, intensidade e tipo de exercício. 

Isto não significa que as mulheres devam exercitar-se menos, mas sim que quanto mais exercício físico fizerem, mais benefícios terão.”

Um estudo deste ano (2024) publicado pelo Journal of the American College of Cardiology e realizado com mais de 400.000 adultos nos Estados Unidos descobriu que, após a mesma quantidade de atividade física, as mulheres obtêm maiores benefícios de saúde a longo prazo do que os homens.

O estudo acompanhou os dados de saúde dos participantes de 1997 a 2019, comparando os níveis de atividade física com as mortes por certas doenças. No Inquérito Nacional de Entrevistas de Saúde em que se baseia a investigação, os pesquisadores descobriram que as participantes do sexo feminino realizavam substancialmente menos exercícios físicos durante a semana, como caminhada rápida ou ciclismo, quando comparado aos participantes do sexo masculino.

As descobertas sugerem que indivíduos do sexo masculino e feminino necessitam de diferentes quantidades de exercícios focadas no de fortalecimento muscular e condicionamento cardiorrespiratório para colher os benefícios do exercício físico relacionados à expectativa de vida.

E qual a quantidade de atividade física que traz benefícios em longo prazo?

  • Aeróbico. Na pesquisa, os participantes do sexo masculino alcançaram o benefícios relacionados a longevidade e expectativa de vida após cinco horas de exercícios aeróbicos por semana. Já as participantes do sexo feminino, os mesmos benefícios foram alcançados com pouco mais de duas horas de aeróbico moderado a vigoroso por semana.
  • Musculação ou funcional. Com relação ao fortalecimento muscular, os homens colheram benefícios após três sessões por semana. Enquanto as mulheres obtiveram os mesmos ganhos com apenas uma sessão por semana.

Os pesquisadores não sabem ao certo por que existem essas diferenças entre os sexos, mas existem algumas hipóteses.

Uma delas é que as mulheres têm menos massa magra (musculatura) que os homens, limitando a capacidade normal de expansão dos vasos sanguíneos quando necessário, podendo utilizar a atividade física para treinar o seu sistema cardiovascular um pouco mais.

Além disso, estudos de fisiologia demonstraram que indivíduos do sexo feminino apresentam maior condutância vascular e fluxo sanguíneo durante o exercício, tendo uma maior densidade de capilares por unidade de músculo esquelético quando comparados com indivíduos do sexo masculino.

Vale reforçar que as mulheres tiveram ganhos ainda maiores quando praticaram exercícios além do mínimo recomendado, obtendo benefícios adicionais com até cinco horas de exercício por semana, quando os dados atingem um platô. É necessário considerar análises de que as mulheres, além da atividade física, dedicam-se quase o dobro do tempo dos homens em tarefas domésticas.

*O conteúdo desta matéria tem caráter informativo e não substitui a avaliação de Profissionais da Saúde.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do IstoÉ.

FONTE: ISTOÉ BEM ESTAR