ROTANEWS176 09/03/2024 08:50 RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS
Ao encontrar forças na prática da fé para superar a dura fase da depressão, Lilia Bezerra quer ser inspiração para todos ao redor.
Reprodução/Foto-RN176 Lilia de Fatima Bezerra. Na BSGI, atua como responsável pela DF da Comunidade Centro, Distrito Carioca, CGERJ – Foto: Arquivo pessoal
Eu me chamo Lilia Bezerra, carioca da gema. A partir do momento em que conheci o budismo, há mais de quarenta anos, passei a dar cada vez mais valor ao ambiente solidário que encontramos na Soka Gakkai. Uma amiga do trabalho, que me ensinou a recitar Nam-myoho-renge-kyo, ainda está presente em minha vida, sempre me incentivando. Fico pensando quanto sofrem as pessoas que vivem isoladas dentro de seus dramas e infortúnios, sem esse companheirismo que temos aqui.
Sem a prática da fé, e o encorajamento de Ikeda sensei e os companheiros Soka eu não estaria vivendo hoje o que o buda Nichiren Daishonin defendia: “O inverno nunca falha em se tornar primavera”.1 Há três anos, vivi um inverno rigoroso, e é sobre essa transformação que gostaria de relatar a vocês.
Em 2021, já estava aposentada e realizada com a ótima criação que consegui oferecer aos meus filhos Gabriela, 33 anos, e Thiago, 31. Além disso, estava feliz pela confiança em mim depositada ao assumir como responsável pela Divisão Feminina (DF) da Comunidade Centro. Mas, de repente, em outubro, meu carma se manifestou. Fiquei sozinha, inesperadamente. Os filhos se casaram, minha cachorrinha morreu, meus tios que eu considerava como segundo pai e mãe se foram e minha prima com quem conversava todos os dias entrou em depressão.
Reprodução/Foto-RN176 Com a amiga que lhe apresentou o budismo, Norma Mignot – Foto: Arquivo pessoal
Descobri também que estava no estágio de pré-diabetes. Eu me sentia angustiada dentro de casa. Procurava me distrair fazendo caminhadas e artesanato. Sem as reuniões presenciais, esse quadro de angústia se agravou para uma depressão muito forte, que desencadeou uma crise de ansiedade e um transtorno do pânico terrível. Perdi totalmente a vontade de viver. O único lugar onde eu me sentia melhor era na cama. A maldade veio de um jeito que até o simples fato de eu ir para a sala e sentar-me em frente ao meu oratório para fazer a minha prática passou a ser desafiador.
O poder do incentivo
Como budista e líder, eu me sentia mal por estar naquele momento sendo incentivada, em vez de fazer o contrário. Contudo, eu me desafiei. É incrível o poder das palavras, pois, naqueles estados de letargia, li no Brasil Seikyo uma frase de Ikeda sensei: “Nenhuma vitória é possível a menos que se supere a adversidade”.2
Senti que tinha de reagir, cuidar da minha saúde mental e vencer aquela fase. Fui ao médico e passei a buscar mais incentivos do Mestre, porque precisava fortalecer meu interior. Eu me mantive em ação, orando quanto pudesse, muitas vezes além das minhas forças.
Reprodução/Foto-RN176 Com o filho Thiago e a nora Aline – Foto: Arquivo pessoal
Tudo isso tinha sido agravado também por uma situação envolvendo o apartamento em que eu residia na época. A questão corria em justiça e, dessa maneira, a ansiedade se agravava.
Fazia minha prática sem perder as esperanças de ser feliz e ficar boa. Foram dois anos de muita luta, e consegui recuperar parte dos 30 quilos que perdi naquele pesadelo mental. Como não há oração sem resposta, quando me dei conta, minha filha começou a procurar apartamento para mim e, ao me visitar, meu coração se tranquilizou. Assim, junto com meu filho, ela providenciou tudo e me mudei. Em março de 2023, paguei a última conta de alto valor na farmácia por causa das medicações. Determinei que não precisaria mais delas, superando aquela fase tão traumática. Voltei a ser a Lilia de antes e retornei ao artesanato, que tanto amo. Minha glicose normalizou. Em uma orientação, nosso mestre afirma:
Reprodução/Foto-RN176 Com a filha Gabriela – Foto: Arquivo pessoal
A chave para vencer em qualquer empreendimento é primeiro superar a si mesmo. Como vamos perseverar diante dos obstáculos dependerá da nossa condição de vida. Temos de vencer a covardia, a preguiça e a tendência a desistir. Quando triunfamos sobre nossas próprias limitações, conquistamos grandes progressos e reluzimos sob a brilhante luz da vitória.3
Mais recentemente, conquistei um grandioso benefício. Logo após a reunião de palestra de janeiro, para a qual todos se uniram a fim de alcançar pleno sucesso, minha filha me levou para ver um lindo apartamento que estava à venda no mesmo condomínio. É simplesmente o que eu mais queria. Contrato e escritura concluídos nesse fim de fevereiro. Que vitória! Do inverno rigoroso, agora desfruto a primavera da vida aqui em Jacarepaguá, RJ, especificamente no bairro chamado Camorim, rodeado de muito verde e perto de tudo!
Reprodução/Foto-RN176 Com os companheiros da comunidade local – Foto: Arquivo pessoal
Sinto que superei os obstáculos, pois nunca poupei meus pés para ir às atividades, recitar daimoku e buscar as orientações do Mestre. E agora ainda mais. Meu desejo é incentivar a todos com quem me encontrar para que possam ler o BS e descobrir palavras que mudem seu coração e sua história, assim como aconteceu comigo. Consegui transformar veneno em remédio, comprovando a força deste maravilhoso budismo. Com essa disposição, sigo avante. Março é o mês de Kofu e estou determinada a vencer também. Muito grata e feliz, plenamente!
Lilia de Fatima Bezerra, 62 anos. Artesã. Na BSGI, atua como responsável pela DF da Comunidade Centro, Distrito Carioca, CGERJ.
Notas:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560, 2020.
- Brasil Seikyo, ed. 2.201, 26 out. 2013, p. D22.
- Idem, ed. 2.076, 19 mar. 2011, p. A11.
Fotos: Arquivo pessoal
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO