ROTANEWS176 04/04/2024 10h00
Saiba detalhes da construção da Estação Espacial Internacional e se o Brasil tem alguma participação neste megaprojeto.
Reprodução/Foto-RN176 Representação artística 3D da Estação Espacial Internacional na órbita da Terra. Crédito: Alones – Shutterstock
Construída entre 1998 e 2011 (e ainda em constante evolução), a Estação Espacial Internacional (ISS) é um projeto de construção multinacional que resultou na maior estrutura individual que a humanidade já colocou no espaço. Ela tem sido continuamente ocupada por astronautas – e até por visitantes ocasionais – desde 2 de novembro de 2000.
Segundo a NASA, até o presente momento, 280 pessoas de 23 países e cinco parceiros internacionais já estiveram no laboratório orbital. Entre as principais nações participantes estão os EUA (que já enviaram 158 pessoas) e a Rússia (54 pessoas). O direito de tempo dos astronautas e de pesquisa na ISS são alocados às agências espaciais de acordo com quanto dinheiro ou recursos (como módulos ou robótica) elas contribuem.
Reprodução/Foto-RN176 Foto sem data divulgada pela Roscosmos mostra a Estação Espacial Internacional (ISS). Crédito: Roscosmos
Não pertencente a uma única nação, a ISS é um “programa de cooperação” entre Europa, EUA, Rússia, Canadá e Japão, totalizando 15 países. O laboratório orbital custa cerca de US$3 bilhões por ano para a NASA operar, que são cerca de um terço do orçamento de voos espaciais tripulados, de acordo com o Gabinete do Inspetor-Geral da agência.
Além dos astronautas da NASA (EUA), da Roscosmos (Rússia), da ESA (Europa), da CSA (Canadá), da JAXA (Japão) e de outras agências federais, a ISS já recebeu também missões comerciais privadas, da empresa norte-americana Axiom Space, e até uma equipe de cinema.
Qual é o tamanho da Estação Espacial Internacional?
A estrutura mede 109 metros de ponta a ponta, com uma massa de 419.725 kg (sem veículos visitantes acoplados). Só os painéis solares cobrem mais de quatro mil metros quadrados.
São 388 metros cúbicos de volume habitável para os tripulantes, sem considerar as espaçonaves acopladas. A estação espacial tem sete dormitórios, com a capacidade de adicionar mais durante os períodos de troca de tripulação, dois banheiros, uma academia e a cúpula – uma janela de 360 graus da Terra.
Reprodução/Foto-RN176 Estação Espacial Internacional no espaço com a Lua ao fundo. Crédito: ESA
A que altitude e velocidade a estação espacial orbita a Terra?
A estação espacial orbita a Terra a uma altitude de aproximadamente 402 km, com seu caminho orbital cobrindo mais de 90% da população do planeta. Graças ao tamanho de seus painéis solares, a estrutura pode ser vista a olho nu ao entardecer ou ao amanhecer. Neste link, você consegue acompanhar o caminho da estação espacial.
A velocidade com que o complexo orbital circunda a Terra a cada 90 minutos é de cerca de 28 mil km/h. Em um dia, a estação percorre a distância que levaria para ir daqui até a Lua e voltar.
Como a estrutura foi parar no espaço?
A ISS foi levada ao espaço peça por peça e gradualmente construída em órbita por astronautas e instrumentos robóticos. A maioria das missões usou o ônibus espacial da NASA para levar as peças mais pesadas, embora alguns módulos individuais tenham sido lançados em foguetes de uso único.
O complexo científico inclui módulos e nós de conexão que contêm alojamentos e laboratórios, bem como treliças externas que fornecem suporte estrutural e painéis solares para geração de energia.
O primeiro módulo, o russo Zarya, foi lançado em 20 de novembro de 1998, em um foguete Proton. Duas semanas depois, o voo do ônibus espacial STS-88 lançou o módulo Unity/Node 1, da NASA.
Reprodução/Foto-RN176 Estação Espacial Internacional em 1998. O módulo Zarya, da Rússia (à esquerda) acoplado ao Módulo de Unidade feito pelos EUA forma a primeira fase da estação. Crédito: Everett Collection – Shutterstock
Astronautas realizaram caminhadas espaciais durante a missão STS-88 para conectar as duas partes da estação. Mais adiante, outras peças da estrutura foram lançadas em foguetes ou no compartimento de carga do ônibus espacial. Alguns dos outros principais módulos e componentes são:
- A treliça, as fechaduras de ar e os painéis solares (lançados em etapas ao longo da vida útil da ISS);
- Módulo Zvezda (lançado pela Rússia em 2000);
- Módulo de Laboratório Destiny (lançado pela NASA em 2001);
- Braço robótico Canadarm2 (lançado pela CSA em 2001);
- módulo Harmony/Node 2 (lançado pela NASA em 2007);
- Instalação orbital de Columbus (lançada pela ESA em 2008);
- Mão robótica Dextre (lançado pela CSA em 2008);
- Módulo de Experiência Japonês ou Kibo (lançado em etapas entre 2008-09);
- Janela de cúpula e Tranquility/Nó 3 (lançado pela NASA em 2010);
- Módulo Multiuso Permanente Leonard (lançado pela ESA para residência permanente em 2011, embora tenha sido usado antes disso para trasportar carga de e para a estação);
- Módulo Expansível de Atividades Bigelow (módulo privado lançado em 2016);
- Câmara de ar NanoRacks Bishop (lançada em 2020);
- Módulo Laboratorial Multiuso Nauka (lançado pela Rússia em 2021);
- Prichal (módulo de ancoragem russo lançado em 2021).
Participação brasileira
O Brasil assinou um acordo exclusivo e direto com a NASA para produzir hardware e, em troca, ter acesso aos equipamentos norte-americanos além de permissão para enviar um astronauta brasileiro à estação.
Isso acabou acontecendo em 2006, quando Marcos César Pontes, o primeiro astronauta lusófono, esteve na estação, onde permaneceu por uma semana, lançado por um foguete russo.
Reprodução/Foto-RN176 O ex-astronauta Marcos Pontes é o único brasileiro que já esteve na Estação Espacial Internacional. Crédito: NASA/Bill Ingalls
No entanto, o Brasil ficou fora do projeto de construção da ISS devido ao não cumprimento por uma empresa subcontratada da Embraer do contrato assinado, ao ser incapaz de fornecer um determinado instrumento no prazo e conforme o prometido.
Após quase dez anos de participação, o país deixou de ser considerado na lista de fabricantes da base orbital. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, reproduzida pelo G1, na época dos fatos, o especialista John Logsdon, diretor do Instituto de Políticas Espaciais da Universidade George Washington e membro do Comitê de Conselho da NASA, disse que “já é tarde demais para o Brasil fazer qualquer coisa, a não ser como usuário da estação”.
Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.
FONTE: OLHAR DIGITAL