“Dificuldades são alegria”

ROTANEWS176 06/07/2024 11:00                                                                                                                            CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA                                                                                                                Por Ho Goku

 

 Capítulo “Brado da Vitória”, volume 30

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida

PARTE 41

No dia 11 seguinte, Shin’ichi Yamamoto também se empenhou em conversar com os companheiros que chegavam à Sede da Paz de Oita desde a manhã e tirou fotos com eles, não tendo outro pensamento que não fosse incentivá-los.

Em comemoração do reencontro com o Oita Hyakunanajuninkai [Grupo dos Cento e Setenta de Oita], no dia 9, e com o futuro promissor do Oita Nijuisseiki Kai [Grupo Século 21 de Oita], das Divisões Masculina e Feminina de Jovens, ambos os grupos fundados no dia anterior, ele seguiu escrevendo caligrafias comemorativas, uma após a outra:

— Não há mais ninguém a quem devo escrever e enviar? Ainda deve haver outras pessoas que se mantiveram firmes e se esforçaram de forma perseverante, mesmo sofrendo com a problemática do clero.

E, ao ouvir dos líderes da província o nome dos companheiros que lutaram dedicadamente, Shin’ichi se voltava de imediato para o diluidor de tinta de carvão sumi, e corria a pena em cada cartão especial, consagrando cada nome sob a forma de “Cerejeira Fulano” e “Montanha Beltrano”.

No período da tarde, ele visitou uma sede particular da cidade de Oita e dialogou com representantes da província. Nessa ocasião, consultaram-no a respeito da canção de Oita, que estava sendo elaborada. Além de ele fazer ajustes na letra, deu sugestões sobre a melodia.

À noite, realizou-se a reunião de gongyo com participação livre na Sede da Paz de Oita. Lá também, Shin’ichi liderou a recitação de gongyo e se empenhou com todas as forças para proferir incentivos e orientações aos participantes.

Ele mencionou o fato de existirem muitos personagens históricos entre os nativos de Oita.

— Sorin Otomo converteu-se ao cristianismo e deixou bens culturais para a civilização ocidental. O confucionista do final da era Edo, chamado Tanso Hirose, abriu a academia Kangien e deixou muitos discípulos. Rentaro Taki deixou músicas magníficas, e Yukichi Fukuzawa deixou uma universidade. Agora, o que devemos deixar como praticantes budistas? Devemos propagar para o mundo inteiro o Nam-myoho-renge-kyo, a grande Lei da vida revelada por Nichiren Daishonin, e transmiti-lo para toda a eternidade. Na vida, para quantas pessoas cada qual conseguiu ensinar a Lei Mística, que abre o caminho da felicidade absoluta para todas as pessoas? Eis nossa missão a ser cumprida neste mundo. Esse único ponto é o caminho para recebermos os elogios do buda Nichiren Daishonin e criarmos nossa eterna recordação da própria existência e também o maior mérito e honra como budistas. Saibam que a essência de um praticante se encontra no ato de se levantar com essa convicção.

PARTE 42

Desejando a felicidade de todos, Shin’ichi Yamamoto disse:

— Não me incomodo nem um pouco em ser exposto às tempestades de críticas. Estou consciente e preparado desde o início para isso. Meu único desejo é que vocês trilhem uma existência de felicidade banhados pelos grandes benefícios do Gohonzon, essa será minha maior alegria. Ou melhor, fazer com que isso se torne realidade será a prova de que cumpri minha responsabilidade. Continuarei a orar com todas as forças para que ninguém, nem mesmo uma única pessoa, fique doente ou sofra acidentes.

Esse era seu mais sincero sentimento. A reunião de gongyo se tornou uma atividade em que se desenhou um afetuoso e intenso intercâmbio de corações.

O dia seguinte seria, enfim, o da partida de Oita para Kumamoto. Nessa noite, Shin’ichi disse aos líderes centrais de Oita:

— Queria ir de alguma forma a Takeda amanhã. Quero me encontrar com os membros de lá antes de ir para Kumamoto, pois são os companheiros que mais sofreram e derramaram lágrimas de indignação e revolta.

Na manhã do dia seguinte, 12 de dezembro, Shin’ichi dialogou com líderes de Kyushu e de Oita, vislumbrando o kosen-rufu dessas localidades a partir daquele momento. E, ao ouvir as diversas comunicações, expressou seu sentimento mais sincero:

— Ao pensar nos companheiros que vieram sofrendo até agora, minha vontade é visitar todos de casa em casa para incentivá-los. Porém, isso é muito difícil, até mesmo por conta da agenda. Então, solicito que, em meu lugar, incentivem as pessoas com as quais não pude me encontrar desta vez. Quero que transmitam meu sentimento a elas. De qualquer forma, peço que zelem e protejam até o fim cada um dos membros, os nobres filhos do Buda que vieram lutando em prol do kosen-rufu até hoje. Peço que sempre tenham em mente que esta é a importante missão dos líderes.

Uma multidão de membros foi à Sede da Paz de Oita, com o desejo de se encontrar com Shin’ichi mesmo de relance. Ele recitou gongyo junto com essas pessoas e se dirigiu para Takeda às 10 horas num ônibus da sede da Soka Gakkai. O motivo de utilizar o ônibus para o deslocamento foi para aproveitar o tempo de traslado e realizar acertos e trabalhos no caminho.

Kosen-rufu é uma batalha contra o tempo.

PARTE 43

A cidade de Takeda se situava na região sudoeste da província de Oita, e tinha prosperado no passado como cidade do entorno do Castelo de Oka.

O secretário da província Takeo Yamaoka, que acompanhava Shin’ichi Yamamoto no ônibus, falou sobre o Castelo de Oka.

Conta-se que esse castelo foi edificado em 1185 por Ogata Saburo Koreyoshi, que se aliou a Genji [do clã Minamoto] e conquistou um notável resultado na batalha de perseguição a Heishi [clã Taira]. Ele o construiu para receber Yoshitsune, irmão mais novo e desafeto de Minamoto no Yoritomo.

Circundado por montanhas e tendo as correntes do rio Shirataki ao sul e do rio Inaba ao norte, esse platô marcado por profundos vales acidentados se tornava assim uma fortaleza natural, transformando-o num castelo invencível. No entanto, nunca aconteceu de se receber Yoshitsune nesse local, e Koreyoshi foi posteriormente preso e exilado. A consideração em relação a Yoshitsune acabou não dando frutos.

No século 14, o castelo se tornou residência do clã Shiga. Conta-se que, de 1586 ao ano seguinte, na guerra de Hosatsu, quando as grandes tropas de Shimazu atacaram o Castelo de Oka, o jovem lorde do castelo Shiga Chikatsugu lutou bravamente e o protegeu até o fim, enquanto os castelos ao entorno foram sendo derrotados uns após os outros.

Com a abolição dos domínios feudais e o estabelecimento de províncias na era Meiji, o Castelo de Oka foi demolido, ficando sem a residência fortificada, mas se diz que as paredes de pedra firmes em que crescem os musgos faz recordar os tempos passados.

E afirma-se que o compositor Rentaro Taki, que passou a infância em Takeda, transportou seu pensamento para as ruínas do Castelo de Oka para criar a famosa canção Kojo no Tsuki [A Lua sobre o Castelo em Ruínas]. Diz-se que na cidadela externa das ruínas do castelo há uma estátua de Rentaro Taki e, no recinto principal da ruína, existe um monumento com o manuscrito da letra dessa música, de autoria de Bansui Doi, gravada em pedra.

Shin’ichi disse com uma expressão de profunda emoção:

— A construção do Castelo de Oka também foi uma prova da fidelidade de Ogata Koreyoshi a Yoshitsune. É uma bela história. A brava luta de Shiga Chikatsugu se iguala à valente luta dos companheiros de Takeda.

Da janela do ônibus, entrevia-se as paredes de pedra das ruínas do Castelo de Oka erigidas em meio às árvores.

Shin’ichi compôs um poema:

Observando

o Castelo de Oka

da “Lua sobre o castelo

em ruínas”, louvo a luta

em prol da Lei

dos companheiros de Takeda.

Os bravos generais de Takeda lutaram resolutamente contra a tirania das autoridades dos mantos clericais, e abriram a era da religião em prol do povo.

PARTE 44

O ônibus parou no estacionamento das ruínas do Castelo de Oka. Quando Shin’ichi Yamamoto desceu do ônibus, vários companheiros correram em sua direção chamando-o:

— Sensei!

— Obrigado! Vim me encontrar com os senhores, os grandes heróis do povo!

Todos apertaram firmemente a mão que ele lhes estendia. A mão de Shin’ichi também adquiria força. Lágrimas transbordavam involuntariamente dos olhos de um sênior robusto. A imagem dele que chorava sem conseguir se conter era a expressão da suprema alegria de ter suportado e resistido a todo custo o tratamento cruel e maldoso dos clérigos perversos e por ter enfrentado e vencido absolutamente.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida

Shin’ichi dialogou almoçando com cerca de cinquenta representantes da localidade no restaurante que havia no estacionamento, e deu ouvidos às comunicações e aos relatórios de todos.

Eles contaram que os membros locais estavam reunidos no recinto principal da ruína do castelo.

— Entendi, então vou ao encontro deles!

Ele entrou num carro com mais dois representantes de líderes locais, e foi incentivar os companheiros reunidos.

No trajeto, eles começaram a contar para Shin’ichi:

— Nós viemos apoiando com todas as forças o prior do templo daqui, para se dedicar à proteção da Lei. No começo, ele falava sobre a harmonia entre clero e adeptos, mas mudou completamente de atitude e passou a criticar e a atacar a Soka Gakkai. E nos bastidores, incitava nossos companheiros a abandonar a organização.

Numa comunidade, dentre as 45 famílias de membros, 32 famílias abandonaram a Soka Gakkai de uma só vez. Foi uma imensa tristeza e sofrimento. Contendo a ira e a revolta, foram visitar a casa dos membros nas montanhas para incentivá-los de todo o coração e com esforço movido pela decisão: “Não permitirei que mais nenhum companheiro se afaste da legião da justiça Soka!”.

O sênior de mais idade que se sentou ao seu lado mordeu os lábios e disse: “Isso não pode ser obra de um ser humano…”.

Shin’ichi meneou a cabeça em concordância e, sorrindo, disse-lhe:

— Acabamos causando muito sofrimento ao senhor, não é? Muito obrigado por ter resistido firmemente e por ter feito Takeda se reerguer novamente. Obrigado!

Shin’ichi abaixou a cabeça na direção dele. Ouviu-se o soluçar incontido do sênior.

Quanto mais rigorosas forem as provações do inverno, maior será a alegria da chegada da primavera. É o princípio “dificuldades são alegria”.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Ilustrações: Kenichiro Uchida

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO