Nas asas da esperança

ROTANEWS176 13/07/2024 11:05                                                                                                                            RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS

Ao assumir o ideal de honrar a história de sua família e agir no local em que o Mestre não pode estar, Aline aprimora a arte do voo pela paz e segue sua jornada com segurança e alegria.

 

Reprodução/Foto-RN176 Aline Yukari Oda Fugimoto. Na BSGI, é responsável pela Divisão Feminina de Jovens da RM São Bernardo (CGSP) e secretária da Divisão dos Universitários (DUni) da BSGI – Arquivo pessoal.

Meu nome é Aline Yukari Oda Fugimoto, tenho 31 anos, moro em São Bernardo do Campo, SP, e sou da terceira geração de praticantes da família. Observando a luta deles, compreendi o que é ter um mestre na vida.

Aos meus 7 anos, minha avó materna, Izaura Oda, sofreu um AVC hemorrágico. Contrariando os prognósticos da equipe médica, ela sobreviveu, mas ficou com sequelas que a limitavam nas atividades mais básicas. Não reconhecia as pes­soas, nem mesmo os próprios filhos. Então, ela veio morar conosco, e lembro-me do dia em que chegou do hospital. Como esperado, não me reconheceu nem os demais familiares. Porém, ao avistar o oratório, ela recitou Nam-myoho-renge-kyo.

Comecei a auxiliar nos cuidados diários da minha avó que, aos poucos, recuperou o movimento e algumas lembranças. Gradativamente, ela foi reconhecendo a todos e se mostrando mais lúcida. Em meio a uma rotina desafiadora, sempre a via cantarolando a música Mais um Dia Feliz, da Divisão Feminina (DF) da BSGI, o que me fez perceber que, mesmo nas situações mais adversas, ainda existia alegria. Ela se foi em junho de 2022, com 86 anos. A partir de então, realizo meu encontro com ela todos os dias em minha oração.

Reprodução/Foto-RN176 Os avós maternos da relatante – Arquivo pessoal

Meus pais, Lilian e Sérgio Fugimoto, sempre me incentivaram a participar das atividades da Gakkai. Aos 5 anos, passei a integrar a banda Asas da Paz Kotekitai do Brasil, grupo no qual permaneci por vinte anos e pelo qual tive a oportunidade de fazer um curso de aprimoramento (kenshukai) no México, ao lado de representantes da banda e do Grupo Arco-Íris (GAI). Foi com a Kotekitai que pude me fortalecer como discípula Ikeda e, assim, realizar cada um dos meus sonhos.

Reprodução/Foto-RN176 Com as companheiras da banda Asas da Paz Kotekitai do Brasil – Foto: BS

Missão universitária

Um dos meus sonhos era estudar na Universidade de São Paulo (USP). Em 2018, formei-me em terapia ocupacional nessa renomada instituição, em um curso denso com carga horária integral. Para arcar com os custos de transporte e outros gastos, busquei uma bolsa de iniciação científica. Paralelamente, produzia tortas e as vendia na faculdade. Era com esse dinheiro que eu fazia o Kofu (contribuição financeira voluntária).

Como integrante da Divisão dos Universitários (DUni) da BSGI, eu me dividia entre a responsabilidade pela minha localidade e a atua­ção como secretária do polo USP, que reúne alunos da universidade membros da Gakkai. Um período desafiador para conciliar tudo. O trajeto até a faculdade era longo e eu utilizava esse tempo para a leitura dos periódicos da Editora Brasil Seikyo. Em um desses momentos, li um trecho no jornal Brasil Seikyo no qual Ikeda sensei compartilhava seu sentimento ao escrever a obra Nova Revolução Humana:

Reprodução/Foto-RN176 Encontro do polo USP da DUni – Arquivo pessoal

Se fosse possível, queria enviar cartas de agradecimento e de incentivo a todos os companheiros, a cada um. No entanto, meu corpo é apenas um. Então, empenho-me no romance Nova Revolução Humana com o sentimento de estar escrevendo cartas todos os dias.1

Naquele momento refleti sobre como poderia contribuir com minha atuação para os grandiosos esforços do Mestre. Estava no último ano da faculdade e com o trabalho de conclusão de curso (TCC) já iniciado. No entanto, com esse sentimento, retomei o estudo da Proposta de Paz, de autoria do presidente Ikeda, daquele ano e ajustei o trabalho final, abarcando um dos principais temas abordados no documento: a população refugiada. Naquele mesmo ano, fui convidada a apresentar meu TCC no Departamento de Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Fisioterapia da USP, ocasião em que eu tive a chance de falar sobre Ikeda sensei e de transmitir seus ideais de paz para alunos e professores.

Graduei-me e me aprimorei. Em julho do ano passado, conquistei a oportunidade de trabalhar na empresa que melhor reconhece minha profissão na América Latina dentro da minha área de atuação.

Chegou 2024 e estamos como?

Na RM São Bernardo, onde atuo, avançamos no movimento dos cem jovens por distrito por meio do engajamento das cinco divisões, coroando a grandiosa vitória na Convenção Juventude Soka Esperança do Mundo.

Um mês depois, participei de um curso de aprimoramento dos jovens no Japão, uma conquista em meio aos desafios do trabalho e com o desejo de representar os universitários da BSGI neste significativo ano em que a DUni completa quarenta anos de fundação.

Diante das negativas que recebi sobre a possibilidade de obter uma licença do trabalho, minha avó paterna, Maria Fugimoto, comentou que, ao rever os pertences do meu avô, Hideo Fugimoto, que faleceu quando eu estava com 9 anos, havia encontrado uma orientação do sensei que ele sempre carregava no bolso da camisa. Segundo contam, meu avô possuía uma forte relação com Ikeda sensei, trazendo consigo o intenso estudo dos escritos de Nichiren Daishonin. Era um porta-cartão: de um lado, havia uma foto do sensei e, do outro, uma orientação. Atrás, continha uma anotação do meu avô na qual ele falava da sua convicção em realizar e atrair tudo o que precisava e desejava, com base na prática da fé. Retornei para minha casa, coloquei seu escrito em meu oratório e deter­mi­nei a vitória ao lado do meu companheiro, Otávio Santos. No significativo 3 de maio, recebi a confirmação da BSGI da minha ida ao Japão. Após a notícia, recitei daimoku em gratidão: “Ba (vó), Ji (vô), estamos indo ao Japão! Espero que estejam felizes”.

Reprodução/Foto-RN176 Momentos em família. A partir da esq., à frente, com a avó paterna, Maria Tamiko; ao lado, o namorado de Aline, Otávio; ao fundo, o irmão da jovem, Victor; e os pais Lilian e Sergio – Arquivo pessoal

Tenho plena consciência de que todos os desafios até então me prepararam para que hoje eu tivesse a exata condição de ir às terras do Mestre, representando a DUni e a Juventude Soka. Trago no coração a missão de dar um renovado passo para agir no lugar de Ikeda sensei, em meio às pessoas do povo, sendo exemplo na sociedade, na família e na organização, atuando com paixão ainda maior em prol do movimento pela paz que abraçamos. Que venha o que vier!

Reprodução/Foto-RN176 Segura a bandeira da Divisão dos Universitários (DUni) à frente de um dos prédios da Universidade Soka nas terras do Mestre. – Arquivo pessoal

Aline Yukari Oda Fugimoto, 31 anos. Terapeuta ocupacional. Na BSGI, é responsável pela Divisão Feminina de Jovens da RM São Bernardo (CGSP) e secretária da Divisão dos Universitários (DUni) da BSGI.

Nota:

  1. Brasil Seikyo, ed. 2.363, 18 mar. 2017, p. A3.

    Fotos: BS | Arquivo pessoal

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO