Após fogo diminuir, novo vazamento aumenta chamas e incêndio continua

Bombeiros irão resfriar tanque antes de novo ataque com espumas. Ao todo, 500 mil litros de LGE devem ser utilizados em próxima etapa.

ROTANEWS176 E G1 09/04/2015 00h03

1

Reprodução/Foto-RN176 Bombeiros seguem no combate ao incêndio em Santos, SP (Foto: Reprodução/TV Tribuna)

O combate ao incêndio em uma área industrial em Santos, no litoral de São Paulo, deve prosseguir durante a madrugada desta quinta-feira (9). O Corpo de Bombeiros já trabalha há sete dias na tentativa de controlar as chamas. Após o uso de três espumas especiais, um novo vazamento, desta vez de álcool anidro, fez com que o fogo aumentasse por volta das 14h, depois de ter cedido consideravelmente pela manhã. O vazamento anterior havia sido resolvido pelos bombeiros, o que possibilitou o avanço no combate às chamas.

Com isso, a tática das equipes que trabalham no local é resfriar o tanque que ainda está produzindo fogo, evitando que outros compartimentos sejam atingidos. Depois, a ideia é que o líquido gerador de espuma (LGE), adquirido pela empresa Ultracargo, seja utilizado de uma só vez.

1

Reprodução/Foto-RN176 Bombeiros utilizaram três tipos de espuma no combate ao incêndio (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)

O secretário-chefe da Casa Militar e coordenador estadual da Defesa Civil, José Roberto Rodrigues de Oliveira, explica a estratégia dos bombeiros. “Apareceram novos vazamentos, que provocaram a reignição, e o tanque pegou fogo novamente. Com o vazamento de álcool anidro, é preciso fazer o controle dessas chamas, por isso a tática é resfriar os compartimentos, para o produto não espalhar. Depois que obtivermos sucesso nesse sentido, será empregado o LGE de uma só vez para tentar apagar as chamas”, detalha.

1

Reprodução/Foto-RN176 Fumaça gerada por incêndio pode ser vista de São
Vicente, SP

Cerca de 500 mil litros de LGE serão enviados de diversas partes do País para Santos, trazidos pela Aeronáutica, para ajudar no combate ao incêndio. Até esta quarta-feira, mais de 400 mil litros do produto e da espuma F500 já foram utilizados pelo Corpo de Bombeiros e brigadistas, além de 360 litros do isolante térmico “cold fire”. Desde o começo dos trabalhos, rebocadores já fizeram com que cerca de 8 bilhões de litros de água do mar fossem usados pelos bombeiros. O incêndio dura mais de 150 horas.

Na reunião desta manhã realizada pelo Gabinete de Crise, criado pelo Governo do Estado, a novidade foi a presença do ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, que visitou Santos a pedido da presidente Dilma Rousseff. Segundo Occhi, o Governo Federal está preocupado com o incêndio e vem monitorando tudo de perto.

“Estou em Santos para reforçar o apoio federal neste momento de crise. Vim com a demanda de reforçar o estoque de produtos químicos e de caminhões para o combate ao incêndio. O Governo Federal continua acompanhando os desdobramentos de todos os problemas que estão ocorrendo. Na cidade temos representantes do Ministério da Defesa, da Integração Nacional, do Meio Ambiente e da Pesca”, afirma.

1

Reprodução/Foto-RN176 Ministro da Integração Nacional participou de
reunião

Em entrevista coletiva na Prefeitura de Santos, o coronel José Roberto Rodrigues de Oliveira, coordenador estadual da Defesa Civil no Estado de São Paulo, confirmou que fez alguns novos pedidos ao Governo Federal. A ideia, de acordo com ele, é deixar os bombeiros com recursos de sobra para que o fogo possa ser extinguido de vez.

“Temos que manter um bom estoque do líquido gerador de espuma. Por isso, solicitamos alguns recursos extras para o ministro. Toda a produção estadual da substância, cerca de 40 mil litros diários, está vindo para Santos, mas precisamos de mais”, diz.

De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros na operação, Marcos Palumbo, a quantidade de água utilizada para resfriar os tanques é impressionante. Ele explica que, na manhã desta quarta-feira, 83 mil litros eram despejados por minuto. Segundo ele, o incêndio que atingiu uma favela na avenida Roberto Marinho, em São Paulo, no ano passado, foi combatido com 240 mil litros de água.

1

Reprodução/Foto-RN176  Capitão Marcos Palumbo comanda operação em
Santos (Foto: Orion Pires/G1)

“Com essa água apagaríamos o incêndio na Roberto Marinho em três minutos. No momento, cinco navios bombeiam a água do mar até as linhas de combate. Estamos  tentando apagar o tanque que ainda queima, contendo o fogo em outro que está vazando e resfriando os mais próximos. O incêndio está isolado e controlado”, afirma Palumbo.

Trânsito de caminhões
A entrada de caminhões na Margem Direita do Porto de Santos foi permitida das 22h às 4h para veículos com agendamento nos terminais autorizados pela Codesp. A liberação, válida desde esta quarta-feira, será feita mediante a apresentação de documento comprobatório e com o limite de até 800 veículos de carga. A medida foi acertada em reunião entre representantes da prefeitura e do setor portuário e de transportes.

1

Reprodução/Foto-RN176  Polícia Rodoviária faz triagem de caminhões para
Porto de Santos (Foto: Reprodução/TV Tribuna)

A triagem dos veículos e a liberação no Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) e nos pátios de estacionamento serão realizadas pela Polícia Rodoviária e Ecovias, seguindo a orientação da Secretaria Municipal de Assuntos Portuários.

Na área urbana, a Companhia de Engenharia de tráfego (CET) fará o controle dos comboios de caminhões. No ingresso, os veículos de carga terão como trajeto a Avenida Martins Fontes, ruas Visconde do Embaré e Cristiano Ottoni (que ficará com mão única) até o Porto Valongo. A partir dali, o controle fica a cargo da Guarda Portuária.

Já a saída dos caminhões do Porto ocorrerá em comboios, das 9h às 17h e das 21h às 5h, com ponto de partida no início da Rua João Pessoa. A restrição da entrada de caminhões na Margem Direita foi decidida no domingo (5) pelo Gabinete de Integração. O objetivo foi evitar que a entrada de Santos ficasse bloqueada, pois a alça de acesso do viaduto da Alemoa está fechada devido ao incêndio.

1

Reprodução/Foto-RN176  Incêndio tem mudado a paisagem da cidade de Santos há quase uma semana (Foto: Rede Globo)

Incêndio continua
O incêndio na empresa Ultracargo começou por volta das 10h de quinta-feira (2). Seis tanques de combustível foram atingidos. No início do incêndio, a temperatura chegou a 800°C mas, segundo os bombeiros, já foi reduzida para cerca de 400°C. As causas do incêndio ainda são desconhecidas.

1Reprodução/Foto-JRN176  O mapa completo do local do incêndio ocorrido

O combate ao incêndio completou mais de 144 horas na manhã desta quarta-feira. Até agora, cerca de oito bilhões de litros de água do mar foram usados para combater as chamas. Como parte da água é poluída e devolvida para o mar, estudos já apontaram que o incêndio é responsável por uma alta taxa de mortalidade de peixes na região afetada. De acordo com o Corpo de Bombeiros, ainda não há previsão para o término dos trabalhos.