Tempo de sabedoria

ROTANEWS176 10/08/2024 08:40                                                                                                                        RELATO DIRETO DA REDAÇÃO DO JBS

 

De Osasco, SP, Márcio Nakane consolida sua carreira acadêmica e avança com gratidão, expandindo o humanismo Soka por onde passa.

 

Reprodução/Foto-RN176 Márcio Issao Nakane, na BSGI, atua como vice-responsável pelo Distrito Osasco e responsável pela Comunidade Jaguaribe, CGESP. É também membro do Depac (Departamento de Cientistas) e da CEduc (Coor­denadoria Educacional). Márcio em cena no campus da Universidade de São Paulo (USP). Foto: BS/ Arquivo

Há tempo para tudo. Quando priorizamos o que de fato faz senti­do em nossa vida, a vida se transfor­ma. Eu me chamo Márcio Issao Nakane, 58 anos, moro com minha família em Osasco, SP. Sou economista e trabalho na área acadêmica como docente no Departamento de Economia da Universidade de São Paulo (USP). Neste ano, completo 34 anos desde que me tornei professor, mas, contando o período de graduação, somam-se quatro décadas ao todo nessa instituição. Chegar onde estou hoje, com a família e os amigos que constituí, não seria realidade fora do ambiente Soka, no qual fui treinado para a vida, pois minha família se converteu ao budismo quando eu tinha 2 anos. Compartilho um pouco dessa trajetória.

Nasci em Indaiatuba, SP. Dessa cidade, minha família e eu fomos para Porto Alegre, no sul do país. Posteriormente, retornamos para São Paulo, no município de Suzano, acompanhando as mudanças profissionais do meu pai. Ali, participei de muitas atividades no Grupo 2001, precursor da nossa amada Divi­são dos Estudantes (DE) da BSGI.

Em 1982, minha vida mudou de curso. Estava no último ano do ensino médio, meio perdido sobre o futuro. Minha mãe, Setsuko, sempre deu muita importância aos estudos e falava sobre a USP e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), referências de excelência acadêmica que ela possuía. Acho que ela queria que eu fosse engenheiro (risos). Estudei a vida toda em escola pública e o normal seria concluir o ensino médio, fazer cursinho e tentar a sorte nos vestibula­res. Em agosto, fiz a inscrição na Fuvest para o curso de economia (o qual eu nem sabia o que era) e decidi que tentaria passar no vestibular naquele mesmo ano. Busquei conciliar cursinho e aulas. E venci!

Uma de minhas grandes recordações foi quando minha mãe e eu vimos a lista de aprovados no jornal e o meu nome estava nela. Foi a maior alegria. Nós nos abraçamos e imediatamente recitamos gongyo daimoku em agradecimento.

O ano 1983 mudou o rumo da minha vida. Dali em diante, terminei o curso de economia, fiz mestrado, doutorado e ingressei como docente na USP, onde estou até hoje.

Reprodução/Foto-RN176 Márcio Issao Nakane

Mas, do ponto de vista da prática budista, esse acontecimento também foi significativo. Fui morar em Osasco e, aos poucos, deixei de frequentar as atividades budistas e de realizar a prática diária. Contudo, jamais me senti sozinho, recebendo constantes incentivos dos companheiros Soka. Casei-me, em 1993, com Mizuho, e vieram então os filhos: Mateus, 22 anos, que agora segue o mesmo caminho estudando na FEA/USP no curso de ciências atuariais; e Martin, 17, finalizando o ensino médio e já sinalizando acompanhar o irmão.

Herança e convicção

Quando minha mãe faleceu em 2007, herdei tanto o oratório quanto o Gohonzon dela. Foi então que decidi retomar a prática budista ainda com mais força. Assim, concretizei meu primeiro shakubuku: minha esposa. Um recomeço consolidado de absoluta convicção de que era o que eu queria. Talvez essa seja a realidade para muitos jovens, que passam a compreender por si sós o genuíno significado do budismo. Hoje, tenho a certeza do caminho que segui, e na Divisão Sênior estou mais convicto em ser um exemplo.

Em 2017, nossa família foi ao Japão. No Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu (Daiseido), oferecemos nossa oração de juramento. Tudo tem sido de grande aprendizado, e me espelho sempre nas orientações de Ikeda sensei. No período da pandemia, junto com um grupo de amigos, lemos os trinta volumes da Nova Revolução Humana, de sua autoria, e foi um tempo precioso absorver o sentimento do Mestre.

Reprodução/Foto-RN176 Márcio Issao Nakane com a família, esposa e os seus dois filhos

Mantenho sempre à mente que o tempo é a gente quem faz, pois isso demonstra o quanto priorizamos e damos valor a algo. A vida acadêmica exige tempo e concentra­ção, porém, ao mesmo tempo, oferece flexibilidade, o que julgo de muita boa sorte. Gosto muito de participar das atividades da Gakkai, do encontro com os companheiros, de realizar visitas, de ouvir os relatos e os incentivos e de compartilhá-los. Os encontros nos blocos e nas comunidades nos permitem fazer uma conexão de coração a coração, o tesouro da família Soka.

O que me motiva diariamente é o que Ikeda sensei disse em sua primeira visita ao Brasil em 1960, após fundar o primeiro distrito fora do Japão:

(…) O Brasil tem a missão de atuar como pioneiro do kosen-rufu mundial. Cada um dos senhores é um desbravador dessa missão. Naturalmente, esse pioneirismo encerra em si grandes provações e dificuldades. Se conseguirem superá-las, o paraíso da felicidade irá se revelar aos senhores aqui no Brasil. Juntos, vamos abrir o caminho do kosen-rufu para o bem deste país e a prosperidade da família de todos os senhores.1

O que era verdade em 1960 ainda continua atual em 2024. Somos os desbravadores do kosen-rufu no Brasil e essa é a nossa missão. Ao me espelhar no exemplo do Mestre, que expandiu o kosen-rufu para o mundo, meu desejo é que eu consiga, por meio da minha profissão e atuação, criar uma conexão de pessoas ao humanismo Soka, no qual pulsa a coragem e a esperança de dias melhores para todos. Sensei, conte sempre comigo! Muito obrigado!

Márcio Issao Nakane, 58 anos. Professor doutor da Universidade de São Paulo (USP). Na BSGI, atua como vice-responsável pelo Distrito Osasco e responsável pela Comunidade Jaguaribe, CGESP. É também membro do Depac (Departamento de Cientistas) e da CEduc (Coor­denadoria Educacional).

No topo: Márcio em cena no campus da Universidade de São Paulo (USP). Foto: BS/ Arquivo pessoal

Nota:
1. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 1, p. 233, 2021.

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO