ROTANEWS176 24/08/2024 10:20 CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA Por Ho Goku
Capítulo “Brado da Vitória”, volume 30
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida
Parte 53
Shin’ichi Yamamoto ficou aguardando na Redação do Seikyo Shimbun de Kumamoto. Ele recebeu em mãos a primeira impressão do jornal do dia seguinte, e imediatamente a abriu. A foto comemorativa com os companheiros de Takeda cobria as páginas 2 e 3 e saltava aos olhos. A publicação de uma foto tão grande era algo excepcional. Dava para ver claramente o semblante de cada pessoa. Era uma foto em que parecia ressoar o orgulhoso entoar da canção da vitória.
E também na edição se destacavam os títulos Que Haja Longevidade e Felicidade aos Bravos Companheiros de Takeda, Oita e O Grande Coro da Canção Kojo no Tsuki nas Ruínas do Castelo de Oka com as 300 Pessoas que Suportaram a Tudo com “Lágrimas” e “Revolta”.
Ele disse aos repórteres que estavam na sala:
— Está maravilhoso. Tem impacto. Todos ficarão muito felizes com isso! Obrigado!
No dia seguinte, na província de Oita, houve uma explosão de alegria dos companheiros desde cedo. Essa foto comemorativa tornou-se uma “obra-prima” de uma cena histórica em que, após transpor e vencer fortes ventanias, mestre e discípulo Soka juraram trilhar juntos a longa marcha do kosen-rufu rumo ao século 21.
Muitos companheiros que estavam na foto emolduraram o jornal para deixá-lo exposto ou preservaram-no com cuidado como tesouro da família. Não foram poucas as pessoas que, ao enfrentarem posteriormente situações de sofrimento e de tristeza na vida, viam a foto publicada no periódico e incentivavam a si mesmas. Assim, fazendo manifestar a coragem, continuaram a se esforçar até o fim.
Nesse dia 14, Shin’ichi foi até a província de Fukuoka e visitou a sede de Kurume. Após recitar solenemente o gongyo com os companheiros reunidos na sede e incentivá-los, ele se dirigiu pela primeira vez à sede de Yame.
Yame é uma terra em que está registrada a história do pioneirismo do kosen-rufu, onde tanto o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, como o segundo presidente, Josei Toda, se dedicaram de corpo e alma à propagação do budismo.
Shin’ichi ainda visitou a residência de um membro benemérito que atuou como o primeiro responsável pelo Distrito Yame, e desfrutou um momento de diálogo com a família.
Em seguida, numa sede particular que servia como local central das reuniões da cidade de Chikugo, Shin’ichi fez gongyo com representantes da localidade e com líderes da província de Fukuoka, e depois abriu uma sessão de diálogo. Ele queria reconfirmar para todos que na jornada do kosen-rufu se defronta com dificuldades imprevisíveis, e exatamente nesses momentos é que se tornarão cruciais a existência e a postura dos líderes.
Consta nos escritos: “Nas batalhas, os soldados consideram o general como a alma deles. Se o general perder a fé em si mesmo, seus soldados se acovardarão”.1
Parte 54
Shin’ichi Yamamoto prosseguiu falando sobre a forma de ser dos líderes citando a figura do primeiro-ministro britânico Winston Churchill.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha nazista de Hitler bombardeou Londres, capital da Inglaterra. Churchill, que foi até a área devastada pelo fogo, caminhou serenamente com o charuto na boca e fazendo a letra V com os dedos. As pessoas foram encorajadas com essa imagem.
— Churchill possuía uma firme determinação. Ele disse: “Londres não sucumbirá com uma coisa dessas! A Inglaterra não será derrotada!”. Muitos londrinos perceberam essa disposição e se levantaram bravamente. A determinação cria ondas, a convicção ressoa e a coragem espalha as chamas. Além disso, os cidadãos que viram o método de Hitler tinham um forte sentimento de que “Hitler é um destruidor anormal. Não podemos ser derrotados, em hipótese alguma, para essa Alemanha nazista dominada por alguém como ele”. Pode-se dizer que foi a tocha da justiça que surgiu do discernimento que anseia pela paz. Os que atacam e tentam destruir agora a Soka Gakkai da justiça, independentemente de quão habilmente se camuflem de bem, são sórdidos destruidores da Lei que se desviaram do caminho correto. Nós precisamos desmascarar esse mal com perspicácia e vencer absolutamente. Se não for assim, não será possível abrir o caminho do kosen-rufu. Solicito aos senhores líderes que avancem vigorosamente de forma serena e imponente com uma fé sólida tal como uma rocha e uma forte determinação de que vencerão sem falta, independentemente de que tipo de grandes perseguições ocorra. Porque é diante desse aspecto dos senhores que todos os membros se tranquilizam e se sentem encorajados. Existem requisitos essenciais exigidos em um líder: é imprescindível que seja uma pessoa de forte fé e de convicção; é preciso que seja uma pessoa íntegra e encantadora; além disso, é necessário que seja uma pessoa saudável. Alguém que lidere sempre com vivacidade, entusiasmo e que se preocupe em manter um ritmo de vida correto. É fundamental que seja alguém que se destaque em sua profissão e no local de trabalho, pois a comprovação na sociedade se transforma em resplendor da sua capacidade de orientar. Ao orientar, é preciso ser sempre imparcial e ter bom senso. Quero que avancem gravando esses pontos fortemente no coração.
Parte 55
Shin’ichi Yamamoto retornou ao Centro Cultural de Kumamoto na noite do dia 14. E na manhã seguinte, convidou os líderes das províncias de Nagasaki e de Saga para discutir sobre as futuras atividades e promoveu uma reunião de gongyo com participação livre no período da tarde no centro cultural.
Nessa ocasião, participaram, além dos membros da cidade de Kumamoto, os das regionais Yatsuhiro, Hitoyoshi e Minamata, os das áreas de Jonan, de Amakusa, e ainda representantes das províncias Kagoshima, Saga, Nagasaki e Fukuoka, tornando-se numa reunião de gongyo com participação livre radiante e magnificente.
Das localidades de Jonan e de Amakusa, os membros haviam feito baldeação de ônibus para chegar ali. Todos estavam com o coração palpitando de alegria.
Nessas localidades, também houve casos em que líderes abandonaram a Soka Gakkai e se tornaram adeptos diretos da Nichiren Shoshu devido à influência de sacerdotes perversos. Pessoas que diziam que tudo era graças à Soka Gakkai, de um dia para outro se subordinaram aos sacerdotes que se valiam de sua autoridade do manto clerical e, difamando a Soka Gakkai com palavras grosseiras e ofensivas, seguiram incitando os membros a abandonar a organização. Os companheiros viveram dias de dilacerante sofrimento e de revolta.
“Se querem criar um secto de seguidores do templo, que eles próprios façam seu shakubuku! Sem sequer fazer isso, focam nos membros da Soka Gakkai mais inseguros ou que não sabem exatamente o que é a prática da fé, e tentam fazê-los abandonar a organização para seguir o templo! Isso é coisa de covarde! Não é atitude de um praticante budista!”
A ira dos membros era grande e intensa, mas todos suportaram em silêncio, pelo bem da harmonia entre clero e adeptos. Contudo essa situação inaceitável perdurou por um período demasiadamente longo, e passou-se a acreditar que não havia outra opção a não ser seguir suportando tudo com tenacidade. Cerrando os dentes, continuaram a recitar intenso daimoku desejando apenas o avanço do kosen-rufu e que o bem e o mal ficassem evidentes.
Nesse ínterim, vieram encorajando a si próprios e se empenhando dedicadamente na propagação do budismo com o desejo de “Vamos edificar novamente aquela Soka Gakkai livre que é banhada pelos reluzentes raios de sol!”.
Com o tempo, a situação começou a mudar. E depois de um longo período de sofrimento e de angústia, enfim viram a luz fulgurante da aurora da esperança despontar, e então receberam Shin’ichi em sua visita a Kumamoto.
Os membros se dirigiam exultantes para o Centro Cultural de Kumamoto. No coração dos companheiros que superaram e venceram as árduas batalhas havia solenemente o mestre. Shin’ichi também desejava encontrar e incentivar cada um dos membros que veio suportando tudo e lutando bravamente como se o abraçasse forte.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas para ilustrar a matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida
Mesmo que estejam distantes fisicamente, e não importando o que aconteça, mestre e discípulo que lutam juntos pelo kosen-rufu estão unidos por laços indestrutíveis.
Parte 56
A reunião de gongyo com participação livre se tornou um novo zarpar transbordante de esperança. Iniciando com as palavras de cumprimento do responsável pela província de Kumamoto e dos outros líderes da organização local, adotou-se cada qual seu juramento pelo kosen-rufu do lugar, estabelecendo-se a Declaração de Amakusa e a Declaração de Jonan.
Na Declaração de Amakusa constava:
Amakusa foi uma terra historicamente infeliz, uma terra por demais desventurada. No entanto, agora, nós juramos que, fazendo do grande Budismo de Nichiren Daishonin o alicerce, dedicaremos mútuos esforços para a construção da terra da paz de Amakusa.
Nós, “Amakusa Shiro [figura heroica da história do Japão, nascido em Amakusa] da Lei Mística”, juramos que, imbuídos do espírito de juventude por toda a vida, com vivacidade e entusiasmo a tornaremos a terra modelo do kosen-rufu.
Na sequência, falaram os responsáveis pelas outras províncias. O responsável pela província de Kagoshima comunicou que a conclusão do Centro Cultural de Kagoshima estava prevista para o próximo ano, e o líder de Saga anunciou a realização do encontro da amizade de 20 mil pessoas na próxima primavera. O responsável por Nagasaki declarou que o Centro Cultural de Isahaya estava em curso para ser concluído também na primavera seguinte.
Shin’ichi Yamamoto, que se dirigiu ao microfone em meio à alegria dos participantes, citou que, antecedendo a visita a Kumamoto, realizou sua viagem a Oita após treze anos e meio de lacuna, e falou a respeito da batalha da Tropa de Nakatsu, em Oita, na Rebelião de Satsuma:
— Em 1877, o exército de Saigo Takamori e o do governo travaram uma árdua batalha em Tabaruzaka. O exército de Saigo acabou sendo derrotado. Por outro lado, em Nakatsu, Oita, dezenas de pessoas foram à batalha formando um exército voluntário junto com Masuda Sotaro. Essa foi a Tropa de Nakatsu. Elas se juntaram em Aso com o exército de Saigo e obtiveram um brilhante resultado militar, mas no final foram derrotadas pelo exército do governo, e perderam a vida. Foi uma luta brava e corajosa, porém muito trágica. No avanço do kosen-rufu, não permitirei que absolutamente ninguém seja sacrificado — essa é minha decisão e meu princípio. E ainda, quem mais sofre com uma guerra é o povo, e o povo sempre veio sendo forçado à agonia e à dor. Transformar isso em uma trilha da felicidade e da esperança é o próprio espírito de Nichiren Daishonin e é também o ponto primordial do movimento da Soka Gakkai.
Lutarei até conquistar
sobre esta terra a
resplandecente alegria da
vida no tremor das
mãos brutas
e da face singela.
Esse é um trecho do seu poema Povo.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Ilustrações: Kenichiro Uchida
Nota:
1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 642, 2022.
FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO