O que é a verdadeira felicidade?

ROTANEWS176 14/09/2024 12:15                                                                                                                              ENCONTRO COM O MESTRE                                                                                                                                      Por Daisaku Ikeda

Nestes trechos selecionados de incentivos do presidente Ikeda, ele explica como podemos manifestar o estado de buda e edificar a felicidade absoluta em nossa vida por meio da sincera e dedicada prática budista em prol do kosen-rufu.

Reprodução/Foto-RN176 Presidente Ikeda e sua esposa, Kaneko, sentados, ao centro, de branco, com companheiros da Soka Gakkai do Havaí (out. 1980). Dr. Daisaku Ikeda, ele foi pacifista, filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI, era  Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Fotos: Seikyo Press

  1. DAISAKU IKEDA

Qual é a definição de felicidade humana? A Tailândia responde com um ditado: “A falsa felicidade torna a pessoa presunçosa e insolente. A verdadeira felicidade faz a pessoa manifestar alegria e transbordar sabedoria e compaixão”.1

Alguém é feliz só porque é milionário? Muitos deixaram que o dinheiro arruinasse sua vida.

O presidente Josei Toda enfatizou a importância da felicidade absoluta em contraponto à felicidade relativa. Felicidade absoluta não é aquela que surge quando alguém se compara a outra pessoa; também não é a felicidade transitória e ilusória que desaparece com o tempo. O presidente Josei Toda ensinou que a prática do Budismo de Nichiren Daishonin é para atingirmos uma condição de vida em que, seja qual for a circunstância que estejamos enfrentando, sentimos alegria só pelo fato de estarmos vivos. Quando alcançamos essa condição, nossa vida transborda alegria, sabedoria e compaixão insuperáveis — assim como expressa o ditado tailandês: “A verdadeira felicidade faz a pessoa manifestar alegria e transbordar sabedoria e compaixão”.

Nichiren Daishonin afirma: “Tanto a pessoa como os outros se alegrarão juntos por ter sabedoria e compaixão”.2 Nossa prática do Budismo Nichiren e nosso movimento em prol do kosen-rufu existem para que nós e os outros possamos atingir a felicidade absoluta.

IKEDA, Daisaku. Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 1: A Felicidade.

São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2024. p. 24.

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Qual é o propósito da vida? É a felicidade. O objetivo do budismo e da prática da fé, também, é conquistar a felicidade.

Nichiren Daishonin escreveu: “Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo. O sutra [Sutra do Lótus] diz: ‘…onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos’”.3 “Vivem felizes e tranquilos” indica que as pessoas podem viver com total liberdade o tipo de vida que desejam e sentir-se plenamente satisfeitas com essa vida.

Quando possuímos forte energia vital e profusa sabedoria, podemos encarar com alegria o desafio de vencer as dificuldades da vida da mesma maneira que surfistas se empolgam com ondas gigantes ou alpinistas se fascinam com montanhas íngremes.

Pelo fato de a Lei Mística ser a fonte de energia vital e sabedoria para superar todas as adversidades da vida, Nichiren Daishonin afirma que não há felicidade maior que recitar Nam-myoho-renge-kyo.

A realidade da vida é rigorosa. Por favor, desafiem com coragem essa rigorosidade e vençam, vençam mais uma vez, em tudo — na vida diária, no local de trabalho, na escola, nas relações familiares. Os ensinamentos budistas e nossa prática da fé são as forças propulsoras para um aprimoramento ilimitado.

Ibidem, p. 27.

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Felicidade absoluta é aquela que não se altera com o passar do tempo; é eterna e não é influenciada por condições externas; jorra das profundezas da própria vida. Não é algo transitório como posição social, fama, fortuna ou qualquer outra satisfação secular fugaz.

O que importa é viver de acordo com a Lei e atingir um estado de vida elevado com base na Lei. A condição de vida que alcançamos, assim como a Lei Mística, é eterna. Como praticantes do Budismo Nichiren, podemos trilhar nosso caminho como campeões da vida ao longo de toda a eternidade.

Há pessoas que dizem que a felicidade é apenas um estado mental e que mesmo doente ou pobre, se pensar que é feliz, realmente será feliz. Porém, a menos que seja um sentimento que brote das profundezas de sua vida, tal pensamento não levará a nada.

O “tesouro do coração” que acumulamos praticando o Budismo Nichiren, com o passar do tempo, se manifesta na forma de “tesouro do corpo” e “tesouro do cofre”.4 (…)

Meu ardente desejo é que todos desfrutem de uma existência plena de satisfação e realização, e que, no final, possam declarar: “Minha vida é repleta de felicidade, não tenho arrependimentos. Tem sido uma vida de total satisfação”.

Ibidem, p. 29-30.

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Em uma sociedade complexa como a de hoje, em que todo cuidado é pouco para não sermos influenciados pela negatividade, é crucial cultivarmos a sabedoria para vivermos de forma consciente e significativa. Nossa prática budista nos capacita a abrir a nossa vida e a nos tornarmos felizes. Ao desenvolvermos e aprofundarmos continuamente a fé e a sabedoria, podemos vencer como seres humanos e conquistar contínuas vitórias ao longo da jornada da vida.

A suprema felicidade é saboreada por quem, por meio da prática do Budismo Nichiren, faz o palácio da própria vida brilhar eternamente pelas três existências — do passado, presente e futuro. Cada pessoa aqui está construindo e abrindo o palácio da felicidade em seu interior por meio das atividades em prol do kosen-rufu. Estejam certos de que, como resultado, manifestarão o estado de buda nesta existência e se tornarão nobres campeões e campeãs da felicidade que habitam o grande palácio da vida tão vasto quanto o próprio Universo. Minha esperança é que continuem avançando no grande caminho da fé com confiança e otimismo, repletos de forte convicção e orgulho.

Ibidem, p. 34.

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O que é liberdade? Como podemos desfrutar plenamente a liberdade? Inúmeros sábios e filósofos ao longo dos séculos têm ponderado sobre isso. De fato, muito além dessa busca intelectual, todas as pessoas anseiam por liberdade. Todas desejam viver com liberdade, sem restrições ou limitações. A liberdade é um desejo humano inato. Mesmo que não possamos definir a liberdade com clareza, todos sabemos que é uma condição vital para a felicidade. (…)

O nosso ambiente é importante, mas não é tudo, nem é absoluto. Toda sensei atingiu um estado de vida de liberdade eterna numa cela de prisão, o mais repressor dos ambientes. (…)

A liberdade não habita um mundo à parte das aparentes limitações dos nove mundos, das realidades da vida. Tampouco a verdadeira liberdade indica a fuga à realidade. Para onde se pode fugir? Não podemos escapar do Universo. Além disso, e mais importante, não podemos fugir da nossa própria existência.

Enquanto estivermos acorrentados pelo carma, aflitos pela fraqueza, derrotados pelo sofrimento e confinados em modos de pensar equivocados, nunca encontraremos a liberdade em lugar algum.

Daishonin diz: “Este é o momento para se libertar das amarras do domínio de nascimento e morte”.5 A prática da Lei Mística — a recitação do Nam-myoho-renge-kyo — é a espada que rompe os grilhões da ilusão que nos acorrentam.

O que nos possibilita essa libertação, no verdadeiro sentido, é o estado de buda. É um estado de liberdade suprema que abrange as três existências — do passado, presente e futuro — que brilha com o poder e a sabedoria para desenvolver a nossa vida como desejamos, de acordo com a nossa determinação na fé. A Lei Mística é o princípio máximo para alcançar a liberdade genuína no mundo real.

Ibidem, p. 35-37.

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As pessoas muitas vezes tendem a pensar em felicidade como algo abstrato e distante da sua realidade. Elas imaginam, por exemplo, que seriam mais felizes se mudassem para outro lugar, se desfrutassem uma vida diária mais prazerosa e plena ou se pudessem mudar de trabalho. Sempre pensam que a grama do outro lado é mais verde e depositam sua esperança em mudanças das circunstâncias externas. Os jovens são particularmente suscetíveis a essa tendência.

Dicas de leitura

Reprodução/Foto-RN176 Veja sobre o tema “Estado de Buda” no Guia para a Vitória que acompanha o Brasil Seikyo, ed. 2.665, 24 ago. 2024, ou clicando aqui. 

Entretanto, possuímos cada qual uma missão e habitamos onde devemos cumpri-la. É vitoriosa a pessoa que se firma no exato local em que se encontra e vive com perseverança e esperança, enfrentando com determinação as adversidades de sua vida. O curso de uma vida jamais deve ser como o das plantas aquáticas que não se assentam em lugar algum, sem rumo e sem propósito concretos. Por isso digo: “Cave bem debaixo de seus pés, e aí encontrará uma fonte” e “viva de um modo que seja verdadeiro para você”.

Em resumo, o real senso de felicidade e o profundo senso de satisfação na vida estão dentro de nós. A Lei Mística é a Lei fundamental da vida. Por meio de nossa prática budista, podemos extrair o poder da Lei Mística para impulsionar nossa vida adiante. É por isso que o local de nossa prática budista e a sociedade se tornam a terra do buda. Somos capazes de transformar neste exato instante o local em que vivemos num lugar de vitória e felicidade.

Ibidem, p. 56.

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Um avião, mesmo em dias nublados e chuvosos, quando alcança uma altitude de aproximadamente dez mil metros, consegue sobrevoar as nuvens em meio aos fulgurantes raios solares e então pode seguir seu curso com tranquilidade. De maneira semelhante, por mais aflições e adversidades que estejamos enfrentando em nossa vida diária, se fizermos o sol em nosso coração brilhar intensamente, conseguiremos superar todas as dificuldades com serenidade. Esse sol interior é o estado de buda de nossa vida.

Dicas de leitura

Reprodução/Foto-RN176Livro Sabedoria para Criar a Felicidade e a Paz — Parte 1: A Felicidade.

Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Daishonin afirma: “‘Bodisatva’ é um passo preliminar rumo à consecução do efeito do estado de buda”.5 Aqueles que se encontram no mundo dos bodisatvas empreendem ações em prol da Lei, das pessoas e da sociedade. Sem essa atuação de bodisatva como nosso alicerce, não conseguiremos atingir o estado de buda. Apenas por meio da compreensão conceitual é impossível manifestar o estado de buda; mesmo que alguém leia infinitos livros ou escrituras budistas, isso não o conduzirá à verdadeira iluminação.

Além disso, atingir o estado de buda não significa que nos transformaremos em outra pessoa. Continuamos sendo nós mesmos, vivendo em meio à realidade da sociedade, onde os nove mundos — em particular os seis caminhos — prevalecem. Uma filosofia budista genuína não expõe a iluminação, ou o estado de buda, como algo misterioso ou de outro mundo.

O importante para nós, seres humanos, é transformar a nossa vida de um estado inferior para um elevado, expandir nossa vida de um estado fechado, estreito, para um infinitamente vasto e abrangente. O estado de buda representa o supremo estado de vida.

Ibidem, p. 59.

No topo: Presidente Ikeda e sua esposa, Kaneko, sentados, ao centro, de branco, com companheiros da Soka Gakkai do Havaí (out. 1980). Foto: Seikyo Press.

Notas:

  1. ANUSORN (org. e ed.). Ngeakhit khamkhom lea khamuayphon [Provérbios e Máximas Tailandeses]. Bangcoc: Ruamsan, 1993. p. 207.
  2. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 146.
  3. The Lotus Sutra and its Opening and Closing Sutras [Sutra do Lótus e seus Capítulos de Abertura e Conclusão]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, cap. 16, p. 272. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 713, 2020.
  4. Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 112, 2017.
  5. The Record of the Orally Transmitted Teachings [Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente]. Tradução: Burton Watson. Tóquio: Soka Gakkai, p. 87.

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FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO