Conquista da Lua: por que ainda há quem duvide?

ROTANEWS176 03/11/2024 11h02                                                                                                                                Por Marcelo Zurita, editado por Flavia Correia

Aquele pequeno passo para um homem na Lua seria um salto gigantesco para a humanidade ou a maior farsa de todos os tempos?

 

RN176 Os Astronautas/Apollo 15, da dir., para esq., James Irwin, Alfred Worden e David Scott

 

A conquista da Lua, em 1969, foi um dos maiores feitos da humanidade, um marco na história da exploração espacial que inspirou gerações e mudou para sempre a nossa compreensão do Cosmos. As imagens de Neil Armstrong pisando em solo lunar, transmitidas ao vivo, representavam avanços tecnológicos tão absurdos que algumas pessoas nem acreditavam que aquilo poderia ser verdade. E até hoje, mais de 50 anos depois, tem quem se questione se aquele pequeno passo para um homem seria um salto gigantesco para a humanidade ou a maior farsa de todos os tempos.

Muitos dos adeptos desta teoria se baseiam em um conjunto de “evidências” que comprovariam que aquela aventura épica não teria passado de uma grande ficção produzida em Hollywood. Só que nem mesmo as sucessivas viagens tripuladas à Lua e todo o avanço tecnológico que alcançamos a partir da Corrida Espacial, foram suficientes para convencer essas pessoas que o homem realmente pisou em solo lunar. Então, o que há nestas supostas evidências que as tornam tão convincentes? Será que elas se sustentam frente a uma análise um pouco mais criteriosa?

Uma das alegações mais comuns é a de que a bandeira americana, ao ser fincada na Lua por Armstrong e Buzz Aldrin, tremula como se estivesse sobre a ação do vento, o que seria impossível na ausência de atmosfera. Mas o que vemos nos vídeos não é a bandeira tremulando ao vento, e sim balançando por conta da forma como ela foi fixada no mastro, com uma haste horizontal para mantê-la estendida. A ondulação da bandeira é resultado da sua manipulação pelos astronautas e da sua própria estrutura, e não do vento lunar que não existe! Além disso, vemos que os astronautas tiveram uma certa dificuldade em mantê-la esticada, graças à baixa gravidade do local.

Reprodução/Foto-RN176 Bandeira dos Estados Unidos “tremulando” em solo lunar – Créditos: NASA

Outra alegação frequente é a ausência de estrelas nas fotos e nos vídeos feitos na Lua. Mas que grande descuido desse pessoal de Hollywood, não é!? Esqueceram de colocar as estrelas e agora foram descobertos! Só que não! As estrelas não aparecem porque a sensibilidade da câmera foi ajustada para registrar o relevo, os astronautas e o módulo lunar, que eram iluminados pelo Sol. Com esse ajuste, as estrelas, que são muito mais fracas, não aparecem nas fotos. É como tentar fotografar o céu estrelado, de dentro de um estádio de futebol, em noite de jogo. Simplesmente não rola!

Reprodução/Foto-RN176 Pegada de Buzz Aldrin na superfície da Lua, parte de um experimento sobre as propriedades do regolito lunar – Créditos: NASA

As pegadas, tão bem definidas, dos astronautas na Lua também são alvo de questionamentos. Como as pegadas se formaram se o solo lunar é seco e poeirento? O negócio é que o regolito lunar é bem diferente da areia terrestre. Cada grão de areia aqui na Terra são polidos pelas chuvas, ventos e as águas dos rios, transformando-os em pequenas esferas, que quando secas, deslizam facilmente umas sobre as outras sob a ação da gravidade. Mas a poeira lunar é diferente. Chamada de regolito, ela é composta por partículas finas e irregulares que se “encaixam” e compactam facilmente quando submetidas a pressão. A ausência de atmosfera e a baixa gravidade contribuem para a preservação das pegadas por longos períodos. E por isso, até hoje é possível ver as pegadas deixadas pelos astronautas, a partir das imagens das sondas em órbita da Lua.

Também são questionadas diversas fotos que apresentam sombras alegadamente “estranhas”, como se formadas por várias fontes de luz. Isso representaria mais uma “pisada na bola” da cenografia de Hollywood. Mas na verdade, as sombras aparentemente não paralelas são, em alguns casos, resultado da composição de fotos feitas em várias direções para formar uma panorâmica e, em outros, são causadas pelas irregularidades do terreno e até mesmo pelo efeito de perspectiva.

RN176 David recolhendo um pedaço de rocha lunar para vender no mercado livre – Créditos: NASA

Mas as evidências da ida do homem à Lua vão além das fotos e vídeos. Os astronautas trouxeram para a Terra mais de 380 kg de rochas lunares, que foram analisadas por cientistas do mundo todo e que são diferentes de qualquer rocha encontrada na Terra. Espelhos refletores foram deixados na Lua pelas missões Apollo, e são utilizados até hoje para medir, com o auxílio de lasers, a distância entre a Terra e a Lua com precisão milimétrica.

E se ainda restam dúvidas, diversas agências espaciais e observatórios independentes, de diferentes países, têm confirmado a presença de equipamentos e rastros deixados pelas missões Apollo na superfície lunar. Os próprios soviéticos confirmaram o pouso dos americanos a partir das sondas que orbitavam a Lua na época. E mesmo com tudo isso, ainda há quem sustente que tudo não passou de uma farsa, envolvendo até mesmo os soviéticos e negando inclusive a existência da Gerra Fria, o período de tensão global, que dominou a geopolítica do planeta por mais de 40 anos.

Imagine quantos milhões de cúmplices seriam necessários para manter essa “farsa”. Quantos cientistas e quantos governantes envolvidos, mentindo descaradamente por décadas, gastando bilhões de dólares pra criar e sustentar essa história fantástica com o único objetivo de pregar uma peça em toda a humanidade!

Reprodução/Foto-RN176 Amostra lunar trazida pela Missão Apollo 15 – Créditos: NASA

Entre os vídeos divulgados das missões Apollo, existe um que é considerado uma prova irrefutável de que estivemos na Lua. Durante uma atividade externa da Apollo 14, uma ferramenta presa por uma corda ao módulo cai e oscila como um pêndulo por alguns instantes. A oscilação de pêndulo é definida por algumas fórmulas físicas que dependem basicamente do comprimento da corda e da gravidade a que ele está sujeito.

Qualquer pessoa que se disponha a estimar o comprimento daquela corda, medir o período do pêndulo e aplicar esses valores na fórmula, vai chegar à conclusão que aquele pêndulo não seria possível na gravidade terrestre, mas sim em algum local com a gravidade equivalente à da Lua.

A chegada do homem à Lua foi algo tão extraordinário que se tornou incrível, no sentido mais puro da palavra, ou seja, que não dá para acreditar. Mas aconteceu. E ao contrário de muitos outros momentos conhecidos da história da humanidade, cujos fatos são narrados em livros antigos e nada mais, a Conquista da Lua está muito bem registrada em fotos, vídeos e uma ampla coleção de provas e evidências.

Reprodução/Foto-RN176 Buzz Aldrin na superfície da Lua fotografado por Neil Armstrong – Créditos: NASA

Mesmo depois de mais de meio século, analisar a maior aventura da humanidade nos causa assombro e admiração e nos faz pensar sobre tudo que o ser humano é capaz de realizar com o incentivo certo e um orçamento ilimitado.

A conquista da Lua foi, de fato, um feito extraordinário que marcou a história da exploração espacial. Questionar e debater é fundamental para o avanço da ciência, mas não podemos negar os fatos, desprezar as evidências e, principalmente, não podemos nunca duvidar da engenhosidade e da coragem humana, que já nos levaram a cruzar oceanos, desbravar continentes gelados, atravessar desertos, voar como pássaros e, desde 1969, navegar pelo vasto oceano cósmico, ajudando a humanidade a desvendar os mistérios do Universo.

FONTES: OLHAR DIGITAL E RN176