Gratidão — fonte de humanidade

ROTANEWS176 23/11/2024 08:20                                                                                                                            MATÉRIA DA DIVISÃO DA  SÊNIOR  DIRETO DA REDAÇÃO DA BSGI

Agir com benevolência é uma postura verdadeiramente humana.

 

Reprodução/Foto-RN176 Integrantes da Divisão Sênior da BSGI, com o jornal Brasil Seikyo (JBS) nas mãos dos associados da BSGI

Dentre outras datas importantes, no último dia 15 de novembro (de 2024), em especial, tivemos a passagem do primeiro ano de falecimento do nosso extraordinário e eterno mestre da vida, Daisaku Ikeda, e o tema deste estudo não po­deria ser mais propício: “Gratidão”.

Nichiren Daishonin expõe no escrito As Quatro Dívidas de Gratidão1 que as quatro dívidas de gratidão são: gratidão a todos os seres vivos, aos pais, ao soberano (ou à nação) e aos três tesouros (do Buda, da Lei e da Ordem budista). No entanto, no escrito Saldar as Dívidas de Gratidão,2 Daishonin traz uma abordagem diferente sobre o assunto e Ikeda sensei explica: “[…] ele incorpora a dívida com todos os seres humanos àquela que se tem com os pais, e acrescenta no lugar dela a dívida com o mestre”.3

Ikeda sensei continua:

Com o próprio exemplo, Daishonin demonstrou como saldar a dívida de gratidão com o mestre. Além disso, declarou que a verdadeira forma de demonstrar sua gratidão seria estabelecer o ensinamento correto do budismo nos Últimos Dias da Lei e habilitar todas as pessoas a atingir a iluminação, pois o benefício ilimitado decorrente disso fluiria eternamente para seu mestre. […] Saldar a dívida de gratidão com o mestre é o caminho mais nobre para um ser humano. Acarreta a quitação de todas as quatro dívidas de gratidão da maneira mais profunda, poderosa e sublime possível.4

Reprodução/Foto-RN176 Caligrafias registradas por Ikeda sensei, Ho-on (“Gratidão à Lei”) e Shi-on (“Gratidão ao Mestre”), apresentadas em uma reunião de líderes

O principal ingrediente da unicidade de mestre e discípulo é justamente o sentimento de gratidão. Mas não uma gratidão passiva, e sim a gratidão baseada na ação. A obra Nova Revolução Humana, escrita pelo presidente Ikeda, exala em cada palavra o espírito de gratidão com seu mestre, Josei Toda.

Em um dos trechos da Nova Revolução Humana, em certa ocasião, Shin’ichi Yamamoto (pseudônimo do presidente Ikeda no romance) disse a um líder da Noruega:

O importante é manter sempre o sentimento de gratidão. A gratidão é a expressão da alegria; e a alegria é a fonte que gera a coragem. Quando se sente gratidão, manifesta-se a disposição de se esforçar e de retribuir às pes­soas. Após ter observado inúmeras pessoas, posso afirmar que as que possuem gratidão são felizes.5

É natural sentirmos gratidão por aqueles que nos fizeram bem, mas o budismo nos ensina que devemos ter gratidão por todos os seres vivos, sem distinção, em reco­nhecimento ao estado de buda presente na vida de cada um deles, tal qual o bodisatva Jamais Desprezar, que reverenciava o estado de buda de todas as pessoas, mesmo que elas o menosprezassem ou o maltratassem.

O exercício budista de buscar essa condição de vida é, em si, o próprio caminho para a revolução humana. Sentir gratidão não significa suportar os sofrimentos passivamente.

O presidente Ikeda incentiva:

A capacidade de suportar não se refere simplesmente a uma habilidade passiva de tolerar an­gústias ou sofrimentos. De forma mais substancial, ela consiste em ter um poderoso e perseverante juramento de trilhar o caminho da transformação interior, a fim de construir um mundo de paz duradoura e de verdadeira felicidade para todos.6

Ikeda sensei disse certa vez:

O presidente Josei Toda diz: “Um aprendiz de ferreiro é um ferreiro; um aprendiz de peixeiro é um peixeiro. Da mesma forma, o discípulo do Buda é um buda. Isso tudo é muito nítido”. Fazemos shakubuku tal como Nichiren Daishonin instruiu, então somos discípulos dele. Toda sensei também enfatizava repetidamente que somos filhos do Buda. Consciente ou não, um filhote de leão é um leão, e um filho do Buda é um buda. Esse é um fato inquestionável, uma realidade evidente. Quando alguém tem profunda consciência dessa realidade, essa pessoa adentrou no caminho da unicidade de mestre e discípulo.7

Apresentamos, nesta matéria, duas caligrafias do presidente Ikeda, Ho-on, “Gratidão à Lei”, e Shi-on, “Gratidão ao Mestre”, que representam sua forte decisão. Sobre essas caligrafias, Ikeda sensei enfatiza:

A enorme gratidão por eu ter me encontrado com a Lei Mística, tão difícil de acontecer, é mais alta que os céus. A imensa gratidão por eu viver a relação de mestre e discípulo da ampla propagação benevolente da Lei Mística é mais profunda que o oceano. Ciente da minha grande dívida de gratidão e determinado a saldá-la, junto com os membros em sólida “união de ‘diferentes em corpo, unos em mente’”; isso me enche de coragem, para superar os obstáculos, e de ilimitada força, para abrir o caminho aos que virão.8

Vamos manifestar essa gratidão e, juntos, cada integrante da Divisão Sênior, edificar e desfrutar uma vida embasada no juramento seigan de mestre e discípulo, atuando com forte disposição em nossa localidade.

Divisão Sênior da BSGI

No topo: Brasil Seikyo

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin.São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 44-46.
  2. Ibidem, p. 762.
  3. Terceira Civilização, ed. 615, nov. 2019, p. 50.
  4. Brasil Seikyo,ed. 2.446, 1º dez. 2018, p. B3.
  5. IKEDA, Daisaku. Esplendor. Nova Revolução Humana. v. 9. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2020.
  6. Terceira Civilização, ed. 543, nov. 2013, p. 55.
  7. Brasil Seikyo, ed. 1.346, 2 dez. 1995, p. 3.
  8. Brasil Seikyo, ed. 2.618, 10 set. 2022, p. 5.

Reflexão sobre a matéria

Seja grato

Salve, salve, grandioso pilar de ouro! Gratidão a você por ler esta reflexão.

Acredito que você já tenha ouvido falar, em alguns momentos, sobre gratidão, não é? Talvez no seu trabalho, no estudo, na família e, tenho certeza, principalmente na sua localidade. Em particular, eu me emociono ao discorrer sobre esse sentimento, especialmente por ser este o que move a minha vida e a da minha família.

Apesar de estarmos dialogando sobre gratidão, esse sentimento é praticado desde os primórdios do budismo e pelos Três Mestres. Creio que você guarde alguns no qual Ikeda sensei falou sobre gratidão utilizando como referência suas con­tínuas lutas. Ele, inclusive, nos ensinou com a própria vida e nos disse que a emoção é passageira, porém a decisão é eterna. Com isso, nós, seus genuínos discípulos, viemos pondo em prática a gratidão e nos tornando, cada qual, o “Daisaku Ikeda” da nossa localidade.

Acredito que esse seja o momento ideal de manifestar a verdadeira gratidão ao Mestre: “Sensei, o kosen-rufu é minha vida”. Gratidão só existe quando se põe em prática para corresponder seu juramento. Não existe gratidão apenas da boca para fora.

O mais interessante é que, quando olho para trás, vejo que meus veteranos e beneméritos me incentivaram tal como o Mestre ensinou. E assim também o farei, pois esse é o “azul mais azul que o índigo”. Particularmen­te, fiz uma listagem desses autênticos discípulos que dedicaram a vida para me incentivar e me inspirar. É muito provável que você seja um deles ou talvez seus pais, avós e familiares tenham me incentivado tal como Ikeda sensei. Gratidão por tudo! Reforço diariamente minha gratidão e meu juramento eterno ao Gohonzon, ao Mestre e aos companheiros.

Quero lhe fazer um convite, vamos embarcar em 2025, “Ano do Alçar Voo da Soka Gakkai de Força Jovem Mundial” exercitando toda a nossa gratidão?

Para concluir esta reflexão, compartilho com você um trecho da última mensagem que Ikeda sensei dedicou aos membros da Divisão Sênior da BSGI, em agosto de 2023:1

Juntos, com espírito jovem, vamos cumprir até o fim a grandiosa missão pelo kosen-rufu e da nossa existência, evidenciando um aspecto cada vez mais juvenil ao lado dos jovens! Por favor, haja o que houver, ressoem o daimoku do rugido do leão, e demonstrem a prova real de vitórias, à sua maneira, no trabalho e na localidade. Peço que, assim, expandam cada vez mais a rede de solidariedade da paz e da esperança no Brasil, terra do seu juramento seigan.

Um forte e caloroso abraço!

Wagner Massini

Coordenador da Divisão Sênior de coordenadoria

Nota:

  1. Brasil Seikyo, ed. 2.640, 12 ago. 2023, p. 7.

DS de comprovação

Potencial ilimitado

Victor Hugo Dorighello, vice-responsável pela regional, Sub. Sudeste, CCLP, e vice-responsável pelo grupo Alvorada de coordenadoria.

Reprodução/Foto-RN176 Victor com sua esposa, Karla e os filhos, Livia e Arthur

Tenho 43 anos e sou casado há catorze anos com Karla e temos dois filhos, Arthur e Lívia. Nasci em uma família praticante do Budismo Nichiren e meu nascimento ocorreu no dia em que meus pais completaram um ano de conversão. Desenganado pelos médicos por nascer prematuro, desde o nascimento comprovei os benefícios da prática do budismo.

Cresci com meus pais e irmãos no caminho da prática da fé. Mesmo em contato com a organização, em minha casa existia uma tensão no ambiente por questões de desarmonia familiar, porém, nunca desistimos de avançar e transformar aquela situação. Meu desejo era de jamais permitir que, quando constituísse minha família, meus filhos passassem por situação semelhante.

Em 1994, após o meu pai ser demitido da empresa em que trabalhava, resolveu, então, abrir o próprio negócio, na área de contabilidade. Minha irmã e meu irmão iniciaram com ele e, em 1996, eu também comecei como funcionário da empresa. Meu pai sempre nos proporcionou todo cuidado e carinho, ensinando-nos a profissão e assim os três filhos se formaram em ciências contábeis e meu irmão com adicional do curso em direito.

No ano 2021, comecei a manifestar crises de ansiedade, com diagnóstico de síndrome de Burnout. O período da pandemia foi de extremo desafio e esgotamento em algumas situações. Realizei um breve tratamento e tudo ficou melhor. Decidi estudar para me aprimorar na profissão e recuperei a auto­confiança que havia perdido. Finalizei o curso muito feliz em 2023.

No início de 2023, período pós-pandemia, o escritório passou por um processo turbulento. Alguns clientes — dentre eles, o maior que tínhamos — encerraram o contrato conosco. Meses depois, mais alguns clientes saíram. Isso causou uma grande preocupação e, principalmente, problemas emocionais em todos nós. Eu ainda conseguia demonstrar maior tranquilidade e fazia o máximo para que meu pai não se preocupasse. Ocorreram alguns fatores dentro da empresa que causaram enorme prejuízo financeiro. Particularmente, passei por um momento financeiro bem delicado. Porém, minha família e eu jamais deixamos de realizar o Kofu [contribuição voluntária] e oferecer o nosso melhor em prol do kosen-rufu.

Meus irmãos manifestaram crises de ansiedade. Eu observava aquele ambiente e só conseguia reci­tar daimoku para suportar e ajudar de alguma maneira. Comecei, novamente, a ter crises de ansiedade a ponto de não mais conseguir dormir ou pensar em algo que não fosse a situação complicada que estávamos passando. Iniciei rapidamente um tratamento com uma psicóloga e com um psiquiatra. Não conseguia acreditar mais em meu potencial e o ambiente de trabalho ficou muito difícil para mim. Procu­rei um grande amigo e veterano para dialogar. Ele me incentivou dizendo que agora era o momento de visualizar uma grandiosa vitória profissional e uma luta ainda maior em prol da missão pelo kosen-rufu. Nesse mesmo período, fui nomeado vice-responsável pelo Grupo Alvorada da Coordenadoria Centro-Leste Paulistana (CCLP) e iniciava uma grande atuação junto com os companheiros do grupo e da organização de base.

Desafiei-me a recitar muito mais daimoku, a estudar as orientações de Ikeda sensei e a buscar o aprimoramento profissional. No início de 2024, assumi novas responsabilidades na organização local e estamos realizando uma intensa luta visando ao movimento Liga Monarca!

Ainda faço acompanhamento com o psiquiatra e estou me sentindo muito bem; e no tratamento com a psicóloga obtive alta médica. Na empresa, começamos a conquistar novos clientes e, neste ano (2024), completamos trinta anos de fundação.

Agradeço sinceramente a meus pais, irmãos, esposa e filhos que jamais deixaram de acreditar que venceríamos. Por fim, compartilho uma orientação de Ikeda sensei, que sempre dedicou sua existência em prol da vitória dos companheiros:

Mesmo quando as ondas de adversidades pareciam derrubá-lo, Toda sensei manteve-se firme e resoluto, nada o perturbava, pois tinha a sólida convicção de restabelecer seus negócios mesmo que se encontrasse num mar de crises que parecessem insolúveis. (…) De acordo com a visão do budismo, tudo tem um profundo significado. Não devemos nos lamentar de nossa situação. Enquanto tivermos uma forte e corajosa fé, podemos transformar decididamente todas as dificuldades em algo positivo, transformando veneno em remédio.1

Muito obrigado!

Nota:

  1. Terceira Civilização, ed. 659, jul. 2023.

FONTE: JORNAL BRASIL SEIKYO