ROTANEWS176 19/02/2025 00:45 Por Josep Guijarro
As redes sociais mais uma vez fizeram sua mágica: uma “nova” imagem se espalha como fogo como evidência de uma suposta autópsia extraterrestre.
Reprodução/Foto-RN176 Seria esta uma autopsia alienígena real?
Nesta ocasião não foi Jaime Maussan, que já nos deu em 2015 seu show Be Witness para apresentar o slide de um corpo mumificado que, na realidade, pertencia a uma criança no museu Mesa Verde, no Colorado; nem vem de Ray Santilli, o produtor britânico que nos deu o boneco alienígena Roswell nos anos noventa. Neste caso, veio da mão de um velho conhecido do universo ovnilógico: Dr. Steven Greer.
Greer, um médico de emergência e crente fervoroso na visita pacífica de seres de outros mundos, apresentou a foto na primavera de 2021 em um webinar pago com informações espetaculares sobre OVNIs e, como costuma acontecer, esses materiais ganham uma segunda vida quando transcendem para as redes sociais.
Não é uma foto tirada de um arquivo empoeirado. De acordo com o próprio relato de Greer, a imagem vem de uma mulher cuja mãe trabalhava costurando capas para as bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki. Então, por razões conhecidas apenas pelo destino (ou arquivos classificados), a mulher foi transferida para a Base da Força Aérea de Walker, a cinco quilômetros de Roswell, onde teria obtido a famosa imagem.
E o que exatamente essa fotografia “revolucionária” nos mostra? Sete pessoas posando em torno de um corpo sem vida e de aparência humanoide deitado em uma mesa de autópsia. Cinco deles estão vestindo jalecos brancos, enquanto outros dois aparecem de terno, o que, é claro, disparou alarmes sobre a possível presença dos lendários Homens de Preto.
Para dar um ar de autenticidade, Greer fez questão de consultar especialistas do Metropolitan Museum of Art de Nova York, que confirmaram que a vestimenta combinava com os anos 20. Em seguida, ele consultou o Arquivo Burns, com mais de um milhão de fotografias históricas desde o nascimento da fotografia até a era moderna e confirmou que a imagem era dos anos 20.
Se Greer estiver certo, então, a recuperação dos “discos voadores” e seus ocupantes não começou em Roswell em 1947; nem a 1933, quando o governo fascista de Mussolini recuperou um objeto misterioso no norte da Itália. O acobertamento dataria da década de 20. Até agora, tudo se encaixa perfeitamente… em um filme de teoria da conspiração, é claro.
O que não se encaixa, no entanto, é a suposta natureza extraterrestre do corpo. Não há contexto sobre sua procedência e suas proporções são completamente humanas. A única coisa “estranha” é a aparência da pele e o formato da cabeça, algo que poderia ser explicado por decomposição, queimaduras ou até mesmo falta de pele.
E é aqui que a história dá errado. Pesquisas mais céticas indicam que a foto pode pertencer a uma prática comum de dissecar corpos na década de 1920. Naquela época, médicos e estudantes de anatomia costumavam posar ao lado de cadáveres em fotografias que hoje seriam, para dizer o mínimo, de mau gosto. Algumas imagens da época mostram corpos “posando” em formas grotescas e até acompanhados de nomes “engraçados”.
Então, esta é a prova definitiva de que o governo vem encobrindo a presença extraterrestre há mais de um século? Ou estamos diante de outro caso em que uma imagem histórica é convenientemente reinterpretada para se encaixar em uma narrativa alienígena?
Embora Greer tenha prestado um serviço excepcional ao enigma dos OVNIs, especialmente quando em 2001 ele apresentou seu Disclosure Project no prestigioso National Press Club em Washington, seu trabalho subsequente deixa muito a desejar, como esta tentativa de interpretar como evidência extraterrestre o que, segundo todos os relatos, parece uma fotografia médica historicamente classificada. Isso é uma pena, porque prejudica não apenas suas contribuições anteriores, mas também a imagem da suposta visitação extraterrestre ao público em geral.
De qualquer forma, a foto cumpriu sua missão: gerar debate e alimentar o mistério. E enquanto houver mistério, continuará a haver aqueles que encontram em dúvida a prova daquilo em que sempre quiseram acreditar.
FONTE: OVNI HOJE