ROTANEWS176 02/03/2025 16:53 Por Brazil Health
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens — atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Reprodução/Foto-RN176 Câncer de próstata: tudo o que você precisa saber sobre a doença | Freepik
Atualmente, continua sendo de extrema importância falarmos sobre essa doença, ainda cercada de tabus e dúvidas: o câncer de próstata.
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não melanoma). A previsão do INCA (Instituto Nacional do Câncer) para o triênio de 2023 a 2025 é de que ocorrerão cerca de 66 mil novos diagnósticos dessa enfermidade ao longo desse período.
A próstata é uma glândula exclusiva do homem, localizada na parte inferior do abdômen. É um órgão pequeno, geralmente do tamanho de uma noz, situado abaixo da bexiga e à frente da parte final do intestino. Sua principal função é produzir parte do sêmen, líquido que contém os espermatozoides, liberado durante o ato sexual.
Especificamente em relação ao câncer de próstata, vivemos um grande dilema: apesar do alto índice de mortalidade, quando detectado em sua fase inicial, há uma alta chance de cura, chegando a cerca de 90% com os métodos atualmente disponíveis de tratamento.
Tratamento precoce
Nas últimas décadas, observamos uma evolução significativa das opções de tratamento para essa doença, com resultados promissores.
No Brasil, os tratamentos mais comuns para o câncer de próstata em estágio inicial são os seguintes:
- Vigilância Ativa: Essa opção é indicada em casos em que os tumores são menos agressivos e apresentam baixo risco para o paciente. Nesse caso, realiza-se um monitoramento regular por meio de exames e avaliações periódicas, adiando a intervenção imediata, que só ocorre se houver sinais de evolução da doença.
- Prostatectomia Radical: Trata-se da retirada completa da próstata por meio de cirurgia. Com o passar dos anos, a técnica cirúrgica evoluiu desde a cirurgia aberta (com um grande corte no abdômen) para a cirurgia laparoscópica (realizada através de pequenos cortes com uma câmera e instrumentos especializados). Mais recentemente, surgiu o uso da cirurgia robótica, um método moderno que utiliza uma plataforma robótica de última geração, permitindo maior precisão na remoção da próstata, uma recuperação mais rápida e resultados mais favoráveis.
- Radioterapia: Nessa opção, utiliza-se radiação para destruir as células cancerígenas. Sua administração pode ser feita por meio de feixe externo ou braquiterapia, que consiste na implantação de sementes radioativas diretamente na próstata.
Outras opções menos frequentes, mas também disponíveis em alguns centros do Brasil, incluem a crioterapia e o HI-FU (ultrassom focalizado de alta intensidade).
Como escolher o tratamento?
A escolha do tipo de tratamento leva em conta diversos fatores, como a idade, o estado geral de saúde e as particularidades do câncer. Para essa decisão, é essencial uma discussão detalhada entre o paciente e a equipe médica.
Seja qual for o tipo de tratamento escolhido, duas complicações específicas geram muita ansiedade e preocupação para o paciente recém-diagnosticado com câncer de próstata: a dificuldade para ter ereção (disfunção erétil) e a incapacidade de segurar a urina (incontinência urinária). Essas duas condições podem ocorrer em qualquer um dos tratamentos escolhidos (com exceção da vigilância ativa).
Atualmente, uma das opções preferidas de tratamento ainda é a retirada cirúrgica da próstata. Nesse caso, temos observado que a cirurgia robótica trouxe ao urologista uma alternativa muito menos invasiva do que a cirurgia aberta tradicional, permitindo uma melhor dissecção das estruturas ao redor da próstata, uma remoção mais segura do tumor e uma reconstrução mais eficaz dos órgãos. Isso reflete diretamente na recuperação mais precoce dos casos de perda de urina e impotência sexual.
Apesar de causarem apreensão e estarem presentes em uma parte significativa dos pacientes tratados de câncer de próstata, a boa notícia é que, na maioria dos casos, esses sintomas apresentam uma melhora progressiva com o passar do tempo e tendem a desaparecer alguns meses após o procedimento.
Recuperação do paciente
Para acelerar a recuperação do paciente, algumas medidas podem ser adotadas.
No caso da incontinência urinária, uma das abordagens mais recomendadas é a utilização da fisioterapia pélvica, que consiste na prática regular de exercícios para fortalecer o assoalho pélvico, contribuindo para a retomada do controle da bexiga e ajudando os pacientes a se sentirem mais seguros e confiantes. Alguns medicamentos também podem ser utilizados nessa fase, com bons resultados.
Embora a maioria dos pacientes recupere a capacidade de segurar a urina alguns meses após o procedimento, uma pequena parcela pode não recuperar um controle eficaz. Nesses casos, procedimentos adicionais, como a aplicação de um “sling” (uma malha cirúrgica que ajuda a reforçar a sustentação da uretra) ou um esfíncter artificial, podem ser necessários.
A dificuldade para obter uma ereção satisfatória, outro efeito colateral que preocupa muitos homens após a cirurgia, também tem alternativas de tratamento na medicina moderna. Medicamentos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), como sildenafila e tadalafila, têm auxiliado significativamente na recuperação da função erétil.
Além desses tratamentos, alternativas como terapias de reabilitação peniana, que utilizam dispositivos de vácuo e injeções, podem ajudar a manter a circulação sanguínea e prevenir a formação de fibrose no órgão genital, acelerando a recuperação do paciente. Para os casos em que essas estratégias não são eficazes, a implantação de próteses penianas surge como uma opção segura e eficiente para o tratamento da disfunção erétil.
Apesar de ainda estarem no plano experimental, pesquisas em áreas como a terapia regenerativa, que utiliza células-tronco e fatores de crescimento, podem se tornar alternativas viáveis em um futuro próximo, acelerando a recuperação da função erétil nesses pacientes.
Prática de atividade física é essencial
A recuperação geral do paciente após o tratamento do câncer de próstata também é fundamental. A prática regular de atividades físicas, como caminhadas e exercícios leves, melhora a circulação e contribui para a recuperação. Em alguns casos, o acompanhamento psicológico também pode ser benéfico, pois lidar com as mudanças que ocorrem após a cirurgia pode ser emocionalmente desafiador.
Embora a recuperação após o tratamento do câncer de próstata seja um processo individual e dependa de diversos fatores, os avanços terapêuticos e tecnológicos têm proporcionado uma recuperação cada vez mais rápida e eficaz.
Se você ou alguém próximo está passando por essa situação ou tem dúvidas a respeito, não hesite em buscar ajuda e informações com um urologista. A orientação e o acompanhamento personalizado por um especialista continuam sendo fundamentais para que cada paciente encontre o tratamento mais adequado para essa importante doença.
* Mario Fernandes Chammas Junior é urologista credenciado pelo CRM 18899 DF – RQE 10747 – RQE 16009
FONTE: SBT NEWS