Quais são as empresas brasileiras que mais se destacam em economia verde na América Latina?

ROTANEWS176 06/03/2025 11:38                                                                                                                              Por Bruna Camargo

As empresas brasileiras têm se destacam em comparação com os demais países da América Latina quando o assunto é descarbonização. Há cinco companhias que despontam entre todas as latino-americanas analisadas pelo banco UBS. São elas OrizonEquatorial Energia e Sabesp no setor de infraestrutura, 3Tentos no agronegócio, e Intelbras na tecnologia. A avaliação consta em relatório do banco suíço obtido com exclusividade pelo Estadão/Broadcast

O estudo avaliou empresas da América Latina que estão expostas e focam nos temas de investimento de descarbonização e transição energética. Segundo o banco, entre os assuntos ligados à descarbonização que estão sendo acompanhados na região estão a crescente demanda por melhoria no saneamento, energia limpa, modernização da rede elétrica, tendências de biocombustíveis e gestão de energia residencial/comercial.

Reprodução/Foto-RN176 Sabesp está entre as empresas consideradas mais preparadas no quesito descarbonização na América Latina Foto: Gilberto Marques/Governo do Estado de SP© Fornecido por Estadão

O Brasil domina a lista. Além dos cinco nomes destacados pelo UBS, os demais são Copel, Taesa, CPFL, Neoenergia, Eletrobras, Energisa, Auren, Alupar, Isa Cteep, Engie, Copasa, Sanepar, Serena Energia, Cemig, Petrobras, Jalles Machado, São Martinho, Raízen, Adecoagro, WEG e Tupy.

Segundo o relatório, trata-se de empresas com classificação de compra pelo UBS e com potencial para revisões positivas nas taxas de crescimento dos lucros a longo prazo como resultado dos temas de descarbonização, resultando em expansão de múltiplos ao longo do tempo. A taxa de crescimento média anual (CAGR) de lucros estimada para 2024-27 seria de aproximadamente 10,6% ou superior.

Equatorial

No caso da Equatorial, o banco diz que a empresa se destaca pelo negócio de geração renovável da Echoenergia, enquanto descarboniza através da transição para motores a GNL (gás natural liquefeito) que antes eram a diesel e gasolina. Além disso, o UBS observa que a Equatorial também tem exposição ao crescimento secular no saneamento, um setor que o Brasil pretende universalizar até 2034. “Acreditamos que a Equatorial já era a melhor alocadora de capital da nossa cobertura, mas após a aquisição da participação da Sabesp tornou-se uma utility gigante com claro crescimento orgânico de longo prazo pela frente, ao mesmo tempo que tem a opção de participar dos próximos leilões de saneamento”, destaca o banco.

Orizon

Já a Orizon tem exposição a melhorias sanitárias em todo o País e que visam ao redirecionamento de resíduos descartados inadequadamente para aterros sanitários, onde a companhia também desenvolve projetos de gás natural renovável, segundo o banco. “Vemos a Orizon como uma empresa em crescimento num setor fragmentado, com elevadas barreiras de entrada e oportunidades para gerar valor, como a produção de biogás/biometano”, diz.

Sabesp

A Sabesp, por sua vez, representa cerca de 30% de todos os investimentos em saneamento básico realizados no Brasil, com o investimento atrelado à demanda por tratamento de esgoto e à meta nacional de universalização do saneamento, descreve o UBS. “Ressaltamos que é fundamental que a Sabesp mantenha um WACC (Custo Médio Ponderado de Capital) real inferior ao Regulatório, dado que para cada R$ 1 investido poderá estar gerando ou destruindo valor para seus acionistas. Tomando essa comparação e elevando-a para R$ 70 bilhões, isso poderia ser uma bênção ou um fardo”, observa.

 

Intelbras

Com exposição à energia solar no mercado de geração distribuída (GD) do Brasil, a Intelbras está posicionada para se beneficiar das recentes alterações regulamentares que suportam uma maior demanda, avalia o banco. “Nossos estudos sugerem que pode haver até 10 milhões de domicílios no Brasil acessíveis para o mercado de painéis solares. Dados da Absolar apontam 2,5 milhões de residências conectadas, apoiando o crescimento futuro do mercado de GD no Brasil.”

3Tentos

Por fim, a 3Tentos está “bem posicionada” para capturar tendências seculares em biocombustíveis e práticas agrícolas sustentáveis, segundo o UBS. “Vemos 2026 como um ano chave para as operações industriais da 3Tentos, com o arranque da sua unidade de etanol de milho e expansão de capacidade para esmagamento de soja e produção de biodiesel chegando mais perto da plena velocidade”, diz.

Desafios

No relatório, o UBS destaca que a matriz energética do Brasil é uma das mais renováveis do mundo, com 85% vindo de energia renovável. No entanto, o banco diz que a intermitência da energia renovável traz um tema importante à mesa: “como o regulador pode equilibrar a geração térmica com os níveis de reservatórios e utilizar a matriz limpa do Brasil”, questiona.

“Embora os benefícios das fontes renováveis sejam inegáveis, pensamos que a sua integração descoordenada está criando desafios operacionais significativos que devem ser abordados para salvaguardar o futuro energético do País”, escrevem os analistas do UBS.

Além disso, o documento também menciona a indústria de biocombustíveis, no qual avalia que o Brasil tem estado na vanguarda nas últimas décadas. “Apoiado pelo setor do agronegócio, os biocombustíveis representam 35% da demanda total de combustíveis do País, com o terceiro maior (atrás apenas dos Estados Unidos e da Suécia) consumo per capita no mundo, em 0,74 boe/pessoa por ano”, afirma o banco.

FONTE: ESTADÃO