ROTANEWS176 E JOVEM PAN 21/04/2017 13h55 Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque FONTE: EFE/STRINGER
AMÉRICA DO SUL
Reprodução/Foto-RN176 Homem protesta desnudo em Caracas contra o governo Maduro em ato marcado por confrontos com a polícia nesta quinta (20)
A oposição na Venezuela se mostra insaciável. O leque de partidos antichavistas se alinha com o sentimento de multidões enfurecidas com o regime infame. E existe o pique para marchar, marchar, marchar. Na quarta-feira, tivemos a portentosa mãe de todas as marchas, a mobilização contra aquele filho da mãe do Nicolás Maduro, para não dizer aqui filho daquela senhora. Na quinta-feira, mais protestos.
A ideia é que o regime Maduro caia de podre, de cansaço, incapaz de enfrentar uma oposição infatigável. Esta é a aposta inclusive de líderes oposicionistas que já foram mais cautelosos como Henrique Capriles. No entanto, não é fácil ter esta vitamina para protestar de forma permanente.
Meu guru geopolítico Ian Bremmer, da consultoria de risco Eurasia, ao ver as fotos da massa nas ruas, disse com sarcasmo que não sabia se era protesto ou fila para comprar pão. Obviamente que o regime chavista ainda não chegou ao patamar norte-coreano de matar e de matar a população de fome, embora exista o estudo mostrando que em 2016 a dieta Maduro tenha levado três em quatro venezuelanos a perder em média oito quilos.
Apesar da disposição infatigável da oposição, a ironia é que muitos venezuelanos pobres estejam simplesmente com muita fome para aderir aos protestos antigovernamentais. Esta massa nas favelas já foi chavista, graças aos programas sociais, mas ainda mostra pouco interesse em sair às ruas para cerrar fileiras com a oposição.
Nas favelas, existe fúria com o colapso econômico e falta de comida, mas moradores entrevistados pelo Wall Street Jornal dizem estar muito ocupados em sobreviver para derrubar o regime. Mas há também o controle da mídia pelo governo e a intimidação exercida pelas milícias chavistas.
Para a oposição insaciável, será vital conseguir o apoio nas favelas para que não se repita o cenário de 2014 quando três meses de protestos, basicamente em bairros de classe média, resultaram em 43 pessoas mortas e um regime truculento ainda mais entrincheirado no poder.
Há sem dúvida uma diferença essencial. Existe mais fome na Venezuela, mas este regime ainda capaz de matar, e muito, está cada vez mais anêmico.
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