ROTANEWS176 E IG 23/05/2017 18:19
LAVA JATO
Ex-diretor da Petrobras renuncia contas em paraísos fiscais e relata reunião a pedido de Lula para tratar de depósitos no exterior; defesa cita ‘desespero’
Reprodução/Foto-RN176 Segundo defesa de Renato Duque, encontro com Lula visava “tratar de assuntos referentes a contratos da Petrobras” – Reprodução/E-proc | Justiça Federal
O ex-diretor da Área de Serviços da Petrobras Renato Duque entregou nesta terça-feira (23) ao juiz federal Sérgio Moro uma foto em que ele aparece ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva . O registro foi encaminhado como “prova material” de encontros “para tratar de assuntos referentes a contratos da Petrobras e arrecadação de valores para o PT”, segundo alegam os advogados de Duque.
A defesa do ex-diretor da estatal afirma que a foto de Duque ao lado de Lula foi feita em 2012 e que, dois anos mais tarde, os dois voltaram a se encontrar “para falar dos depósitos feitos em contas no exterior”. Essa segunda reunião teria ocorrido em São Paulo no dia 2 de junho de 2014, portanto após o início das investigações da Operação Lava Jato, a pedido do ex-presidente.
Renato Duque também declara na petição apresentada nesta terça-feira à 13ª Vara Federal de Curitiba que “renuncia a todo e qualquer direito sobre os valores depositados” em contas bancárias no exterior.
São apontadas pelo ex-diretor da Petrobras duas contas mantidas na Suíça, no banco Cramer (Satiras Stiftung e Drenos Corpotarion), e mais duas no banco Julius Baer, em Mônaco (Pamore Assets INC e Milzart Overseas Holdings INC).
A petição foi apresentada no âmbito da ação penal da Lava Jato na qual Duque e mais 14 pessoas – entre elas o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto – são investigadas. A denúncia foi recebida pelo juiz Sérgio Moro em novembro do ano passado.
Renato Duque está negociando um acordo de colaboração premiada com a força-tarefa de procuradores da Lava Jato e tem se mostrado disposto a entregar o que sabe. Indicado para a diretoria de Serviços da Petrobras com o apoio de José Dirceu, Duque era responsável por contratos que rendiam pagamentos de propinas ao Partido dos Trabalhadores.
Os ex-diretores que integravam o esquema do petrolão em favor do PMDB (Nestor Cerveró, da área Internacional) e em favor do PP (Paulo Roberto Costa, da diretoria de Abastecimento) já são delatores da Lava Jato.
No dia 5 deste mês, em depoimento a Moro, Duque garantiu que o ex-presidente Lula “tinha pleno conhecimento de tudo”. “Todos sabiam. Desde o presidente, tesoureiro, secretário, deputados, senadores… Todos sabiam.”
“Quando existia um contrato, seja ele qual fosse, o tesoureiro do partido geralmente procurava a empresa pedindo uma contribuição em cima de contratos da Petrobras. Era algo institucionalizado já. Hoje, vendo o que aconteceu, devo dizer que me arrependo de ter cometido e permitido irreguridades”, declarou na ocasião.
Defesa
Em nota, os advogados de Lula alegam que os papéis entregues pela defesa de Duque “nada provam” e ainda “mostram desespero de acusadores”.
“Sem provas para sustentar a acusação relativa ao tríplex contra Lula, os acusadores investem na oferta de prêmios para réus confessos tentarem produzir factoides. Os papéis apresentados por Duque, que busca destravar sua delação, nada provam”, diz a nota.
“Não provam que Lula é dono do tríplex, não provam que ele recebeu alguma vantagem indevida proveniente de contratos da Petrobras, enfim, não provam nenhuma das acusações feitas pelo MPF na ação. Os papéis só provam o desespero dos acusadores, que agora querem transformar uma fotografia com Lula e uma suposta passagem de avião em prova de propriedade imobiliária e de recebimento de vantagens indevidas”, conclui o texto.