Polícia realiza operação para prender envolvidos com o jogo Baleia Azul

O DIA E ROTANEWS176 18/07/2017 16:52

RIO

Pedreiro de 23 anos é preso em Nova Iguaçu e confessa ter aliciado pela Internet 30 pessoas para jogo que submete jovens a tortura e morte

Reprodução/foto-RN176  Márcio Santos (investigador da DRCI), Daniela Terra (titular da DRCI) e Fernanda Fernandes (delegada adjunta da DRCI) Rafael Nascimento / Agência O Dia

Rio – O pedreiro Matheus Moura da Silva, 23 anos, foi preso em casa, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, durante a operação da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) realizada na manhã desta terça-feira para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra os envolvidos no jogo macabro Baleia Azul, que tenta induzir virtualmente crianças e adolescentes, com idades entre 9 e 15 anos, ao suicídio por meio de 50 desafios.

A delegada titular da DRCI, Daniela Terra disse que Matheus Moura da Silva confessou ser um dos curadores do jogo no Brasil e ter aliciado 30 pessoas. “Os agentes conseguiram se infiltrar em comunidades e identificar alguns desses curadores. Pelo menos 15 vítimas vieram procurar a DRCI e as investigações começaram no início do ano”, contou Daniela ao DIA.

Entre as vítimas da Baleia Azul está uma criança de 9 anos e uma adolescente que desenhou o símbolo do jogo no púbis. Segundo a delegada, a faixa etária das vítimas é de 8 a 15 anos.”Os pais têm que avaliar a necessidade de uma criança de 8 anos ficar numa rede social”, questionou a delegada.

Reprodução/foto-RN176  Segundo a polícia, Matheus era um dos curadores do Baleia Azul Divulgação

Na casa de Matheus a polícia apreendeu computador e celulares. As investigações mostraram que o suspeito criava comunidades para atrair as vítimas com nomes como ‘Você está triste?’ e criava testes a que os adolescente eram submetidos assim que entravam no jogo.

Segundo a delegada, muitas vítimas procuraram a DRCI, mas ainda não se sabe quantas eram ligadas a Matheus. Além de confessar o aliciamento de menores, Matheus disse que queria ganhar o posto de “curador” — como são chamados os aliciadores da Baleia Azul — e que há cinco “curadores” agindo no Rio de Janeiro. “Vamos analisar o material apreendido em todos os estados, pois podem surgir novas vítimas e curadores”, disse a titular da DRCI.

As investigações começaram em janeiro, antes que alguma vítima prestasse queixa. Investigadores se infiltraram em comunidades suspeitas e identificaram Matheus.

“Em depoimento, a criança de 9 anos disse que participou do jogo porque queria ver os anjinhos.Temos que entender o que os filhos estão fazendo. Por muitas vezes não entender preferimos que fiquem na Internet. Na maioria dos casos as vítimas estavam em depressão e isso é um problema social que se não tratarmos agora vai piorar”, disse a delegada.

A delegada-adjunta da DRCI, Fernanda Fernandes, disse que muitas pessoas procuraram a especializada para denunciar o jogo. “Temos vítimas que chegaram à delegacia a ponto de se matar, com cortes profundos pelo corpo”.

Em nota, o Facebook destacou que não permite “conteúdo na plataforma que promova ou incentive suicídio ou auto-mutilação, e colaboramos com as autoridades em casos que envolvam ameaças diretas à segurança física das pessoas”.

Nos Termos de Serviço do Facebook, documento como o qual todo usuário deve concordar ao fazer cadastro, o usuário se compromete a não usar a rede social se for menor de 13 anos, nem fornecer informações pessoais falsas.

A delegada-adjunta fez duras críticas ao Facebook, principalmente por não ter recebido da rede social informações solicitadas por ofício. “Se passassem as informações que pedimos outras crianças estariam preservadas e muitas vidas não estariam em risco. Com essas informações a investigação seria mais ágil e melhor se eles colaborassem”, disse.

Fernanda Fernandes informou que a investigação continua. “Haverá segunda e terceira fases. Essa, foi uma investigação preventiva porque não queríamos que existissem novas vítimas”, explicou.

A Operação Aquarius ocorreu em 20 municípios de nove estados do Brasil. Além do Rio, os agentes atuam também no Amazonas, Pará, Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, São Paulo, Paraíba, Santa Catarina e Sergipe.