Em livro, Rosane diz que Collor fez macumba para Silvio não se candidatar

ROTANEWS176 E UOL 23/04/2015 15:23

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Reprodução/Foto-RN176  Capa do livro “Tudo o que Vi e Vivi”, de Rosane Malta, que sai pela editora Leya

Durante os 22 anos em que conviveu com o ex-presidente da República e atual senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), a ex-primeira-dama Rosane Malta, 50, guardou em segredo bastidores da vida do ex-presidente.

Agora, 24 anos depois de Collor ter sido eleito presidente, ela conta no livro “Tudo o que Vi e Vivi”, lançado nesta quinta-feira (4), em Maceió, detalhes da campanha e do envolvimento dele com magia negra.

Esta não é a primeira vez em que Rosane relata que Collor participava de rituais com matança de animais, como búfalos, bodes, macacos, galinhas, para ganhar as eleições. Agora, Rosane conta que defuntos e fetos humanos foram usados em bruxarias para tirar a candidatura à Presidência do apresentador Silvio Santos.

“Cecília [mãe de santo Maria Cecília da Silva] disse que fez um trabalho que consistia em colocar uma espécie de amuleto, que eles chamam de azougue, dentro da boca de sete defuntos recém-enterrados no cemitério”, conta Rosane no livro. Tempos depois, a candidatura de Silvio Santos foi impugnada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Arquivo pessoal

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Reprodução/Foto-RN176  Ex-primeira dama Rosane Malta

“Cecília fez um trabalho para Fernando envolvendo fetos humanos. Ela pegou filhas de santo grávidas, fez com que abortassem e sacrificou os fetos para dar às entidades”, relata.

“Meu livro é uma promessa de Deus. Ele falou que eu ia escrever tem nove anos e a promessa foi cumprida. Quero que seja exemplo para outras mulheres que passaram o que passei, que seja de incentivo para a luta pelos nossos direitos”, disse Rosane ao UOL, referindo-se ao litígio que enfrenta há oito anos para que fosse garantido o direito de conseguir pensão e bens que foram adquiridos por Collor durante o período que eles estavam casados. Rosane, logo após se separar, descobriu que assinara um contrato com a divisão total de bens e que não tem direito a nada pertencente ao ex-marido.

Ela falou ainda que o preço que pagou por participar de rituais de magia negra foi com o término do casamento com Collor. “Eles me avisaram que se eu deixasse participar eu ia pagar um preço e esse preço foi o término do meu casamento.”

Rosane disse ainda que foi branda no livro ao relatar rituais e ainda tem conteúdo para escrever um segundo livro.

Ostentação

Rosane ainda conta que, quando o casal se mudou para Miami, gastavam US$ 100 mil por mês, renda obtida com parte da participação de Collor nas empresas da família em Maceió, um conglomerado de emissoras de rádio, jornal e televisão.

Arquivo pessoal

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Reprodução/Foto-RN176  Collor e Rosane após casamento, em 1984

“No início nos hospedamos em um hotel. Depois, compramos e moramos nossa casa em Bay Harbor. Ficava em um terreno de mil metros quadrados, com um gramado que terminava no mar.” A casa tinha piscina, sauna, academia e proteção contra furacões.

Certa vez, o casal foi esquiar em Aspen, nos EUA, com os sobrinhos e o voo foi cancelado devido ao mau tempo, apenas aviões de pequeno porte estavam liberados. Como a bagagem era grande, Collor alugou dois jatinhos: um só para eles e outro para as bagagens.

Affair

Por várias vezes no livro, Rosane descreve a relação conflituosa entre ela, Collor e o casal Pedro Collor e Thereza de Lyra Collor, que denunciou escândalos que fizeram seu ex-marido perder a Presidência em 1992.

“Acredito na tese de que os dois tiveram algo antes do meu casamento e que Thereza continuou apaixonada. Eu também não duvido que tenha sido por Thereza, por essa obsessão que ela tinha pelo cunhado, que Pedro resolveu destruir o próprio irmão, trazendo à tona as acusações que acabaram levando ao impeachment.”

Temperamento

Rosane também comenta na obra rumores de que Collor teria envolvimento com drogas. Ela afirma que nunca o viu consumindo nada, “mas ele mudava de humor com facilidade”. “Além disso, os olhos dele ficavam muito vermelhos. Ele costumava chegar em casa nervoso, com olhos avermelhados.”

Ela destaca que o “nervosismo” e “olhos vermelhos” ficaram frequentes na fase das denúncias contra Collor. “Certa vez, no início do nosso casamento, em Maceió, eu saí e, quando voltei, a porta do nosso quarto estava quebrada. Fernando a tinha destruído com um pontapé.”

Em vários trechos, ela relata altos e baixos do casamento. Ele chegou a pedir a separação quando era presidente, porém, depois do impeachment, o relacionamento deles melhorou.

Ao voltar para o Brasil, quando Collor resolveu concorrer à Prefeitura de São Paulo, a casa de Miami foi vendida e Rosane começou questionar por que não havia recebido metade do valor, como fora acordado entre eles, para que ela comprasse o primeiro imóvel no nome dela. Ela entrou em depressão e a crise conjugal piorou.

Foi quando Collor contratou a arquiteta Caroline Medeiros para mobiliar um apartamento. Ainda não oficialmente separados, Rosane soube que ele aparecera como par de Caroline na coluna social de um jornal.

Outro lado

Por meio da assessoria de imprensa, Collor disse que não vai comentar o teor do livro. A reportagem também entrou em contato com Thereza Lyra, por meio do advogado dela, Adriano Soares, na quarta-feira (3), mas até a publicação deste texto ninguém havia se posicionado sobre o assunto.