O ousado! Nelson Rodrigues

ROTANEWS176 23/08/2017 20:15                                                                                                                              Por JC

ARTE E CULTURA 

A inigualável, reverencia de Rodrigues, fez marcar a sociedade     artística e brasileira na sua época, e ainda, nos dia de hoje!

Reprodução/Foto-RN176 Nelson Falcão Rodrigues foi um teatrólogo, jornalista, romancista, folhetinista e cronista de costumes e de futebol brasileiro, e tido como o mais influente dramaturgo do Brasil

Reacionário, revolucionário, pornográfico, obsceno, brilhante. Por mais de uma vez, cada uma destas palavras foi usada para descrever o jornalista, dramaturgo, escritor e cronista. Nelson Rodrigues. Dono de opiniões polêmicas e de obras ainda mais controversas, Rodrigues é frequentemente lembrado como um dos principais nomes da cultura brasileira até hoje. Nesta terça-feira, 23 de agosto de 2017 se estivesse vivo estaria completando 105 anos de idade   o controverso escritor. Ele foi autor de dezessete peças de teatro, nove romances e diversos contos, crônicas, matérias e artigos, Nelson Rodrigues virou uma lenda no imaginário popular, na sociedade brasileiro e também através das centenas de adaptações de suas obras em montagens teatrais, telenovelas e filmes produzidos.

Nascido no Recife, mas criado desde novo no Rio de Janeiro, descrevia a si mesmo como “um anjo pornográfico”, numa referência nada discreta do erotismo e das análises e divagações sobre a vida sexual dos brasileiros que permeavam a maior parte de suas obras.

Filiação

Filho do ex-deputado federal e jornalista Mário Rodrigues, proprietário dos jornais A Manhã e Crítica, Nelson cresceu no ambiente jornalístico fluminense. Apaixonado pelo time do Fluminense e fascinado por histórias policiais, teve na crônica esportiva sobre o futebol e em histórias semi-eróticas de crimes e paixões os maiores alicerces de suas criações.

 Não faltaram também na vida de Nelson Rodrigues dramas pessoais, contradições e muitas críticas. Em 1929, seu irmão Roberto foi baleado na redação do jornal Crítica pela jornalista e escritora Sílvia Serafim Thibau, que invadiu a redação do periódico no dia seguinte à publicação de uma matéria que afirmava que ela estava traindo seu marido. Então com 17 anos, Nelson Rodrigues assistiu ao crime de dentro da redação, e o evento o marcaria profundamente dali pra frente. Além de tirar a vida de seu irmão, o crime da redação do Crítica levou à família Rodrigues a uma espiral de tragédias. Pouco após a morte de Roberto, o pai de Nelson faleceu, deprimido. No ano seguinte, o jornal foi tomado durante os acontecimentos da Revolução de 30. Apenas dois anos depois, Nelson descobriu ter tuberculose, o que requereu um longo tempo de recuperação. Veja vídeo das frases polêmicas do teatrólogo Nelson Rodrigues.

Vida profissional e amorosa

Foi neste período que Nelson Rodrigues se aproximou do jornalista Roberto Marinho, que o abriu espaço na redação do jornal O Globo e o auxiliou durante a recuperação da enfermidade. O jornal também foi pano de fundo de dois acontecimentos cruciais na vida do escritor: foi ali onde Nelson conheceu Elza Bretanha, sua primeira esposa, com quem se casou em 1940. Foi também neste período que Nelson passou a escrever peças teatrais, naquela que se tornou sua principal fonte de reconhecimento

Escrita em 1943, a peça Vestido de Noiva é considerada até hoje uma das maiores obras de autoria do escritor. A ela se seguiram diversas outras de grande apelo popular e repercussão, em lista que inclui obras como Os Sete Gatinhos, O Beijo no Asfalto, Toda Nudez Será Castigada, Anjo Negro e Bonitinha mas Ordinária, entre outras. Ainda nos anos 40, Nelson Rodrigues passou a trabalhar para os Diários Associados, veículos de propriedade de Assis Chateaubriand, então principal nome da imprensa brasileira. Na década seguinte, passou também pela redação do lendário jornal A Última Hora, de Samuel Wainer, onde iniciou a publicação das crônicas que originariam o livro A Vida Como Ela É., que posteriormente inspirou diversas adaptações para os mais variados meios de comunicação.

Apoiador do regime militar  

Em 1964, já com 52 anos, foi um dos mais notórios apoiadores da Ditadura Militar, que defendeu durante um longo período de tempo, sendo frequentemente taxado de “reacionário” por setores opostos ao regime. Em 1972, seu filho Nelsinho, que participava da luta armada contra a Ditadura, foi preso, o que gerou no escritor o início de opiniões a favor de anistia “ampla, geral e irrestrita”.

Em 1980, um ano após a libertação de seu filho, Nelson Rodrigues faleceu aos 68 anos, vítima de problemas cardíacos que enfrentava. “Toda unanimidade é burra”, dizia o escritor, em ume de suas muitas frases que até os dias de hoje ainda são frequentemente rememoradas na cultura brasileira. Veja na integra a entrevista de alguns assuntos perguntado ao Nelson Rodrigues do “Programa Provocação” da TV Cultura de São Paulo com apresentação de Antônio Abujamra.