Indústria da droga sofre duro golpe. Mais uma cortesia da ROTA

ROTANEWS176 E IG 17/09/2017 17:43                                                                                                                   Por André Jalonetsky

Nesta terça-feira (12) a ROTA fez outra operação de larga escala, usando dezenas de Policias no combate ao tráfico. Sucesso absoluto.

Reprodução/Foto-RN176  Policial Militar de ROTA em formação, recebendo instruções finais antes de sair em patrulha – foto: Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar

Algemado, olhando para baixo e para os lados, ele sussurrou em voz baixa: “Senhor, vamos lá para o canto, eu quero falar uma coisa. Se eu entregar a fábrica de cocaína, o senhor dá uma aliviada e me deixa ir embora?”. O criminoso fez a proposta errada, para a pessoa errada. “Cidadão você está preso por tráfico de drogas, não complique ainda mais a sua situação”, respondeu Ferreira, um professor universitário. E também Sargento da ROTA, com 28 anos de carreira na Polícia Militar de São Paulo.

Algumas horas antes, cerca de 50 viaturas de ROTA , entre as quais a do Sargento PM Ferreira, saíram do Quartel das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar com destino à Comunidade da Vila Prudente, dando inicio à operação “Zona Leste Segura”, mais uma ação de saturação, um método de ataque ao crime que vem sendo usado com sucesso pelo Comado da ROTA.

Reprodução/Foto-RN176  Viaturas de ROTA em deslocamento – foto: Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar

O conceito de saturação é muito simples e eficiente. Após um cuidadoso levantamento de informações feitas pelo Serviço Reservado e pelo Setor de Inteligência, um alvo de interesse é identificado, geralmente um centro de armazenamento e distribuição de drogas ou armas, e um grande contingente de PMs é enviado para neutralizar essa ameaça, conduzindo uma ação rápida, intensa e de surpresa, que nega espaço e tempo de reação ao crime.

Esta operação foi desenhada após a coleta de informações que apontavam para a mesma região como sendo um centro de abastecimento para os traficantes da Zona Leste de São Paulo. A missão dos Policiais era isolar essa área e conduzir dezenas de incursões simultâneas para achar o local.

“Antes de sair do Quartel, recebemos um detalhado plano da operação, incluindo a área que eu e meus três Policiais, os Cabos PM Eglis e Ligori e o Soldado PM Gledson, iriamos atuar: uma viela que dava acesso à algumas casas, pequenos comércios e uma igreja. Assim que chegamos e iniciamos nossa patrulha à pé, avistamos um indivíduo que nos chamou a atenção pela sua postura suspeita e por algumas tatuagens. Decidimos abordá-lo e durante o questionamento ele disse que já havia sido condenado por assalto, receptação e homicídio”, relata o Sargento Ferreira.

Alguns criminosos fazem certos tipos de tatuagens, indicando o tipo de delito que cometeram, a facção a que pertencem e seu nível hierárquico. O fato de serem facilmente identificados pela Polícia não os incomoda. O que importa é o status de ser um criminoso, ostentar e amedrontar os moradores da comunidade.

Reprodução/Foto-RN176  Alguns tipos de tatuagens podem identificar o tipo de crime cometido, a hierarquia e a facção que o criminoso pertence – Foto: Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar

Esse era o caso deste indivíduo, um assaltante homicida que foi solto pelas nossas leis frouxas, e que ao ganhar liberdade, não apenas se transformou num dos maiores responsáveis pela distribuição de drogas na Zona Leste, mas também mantinha e operava uma refinaria de grande porte para transformar pasta básica em cocaína.

O Sargento Ferreira continua: “Do lado de fora da casa, onde estávamos conversando com este cidadão, sentimos um forte cheiro de éter. A mãe dele apareceu e disse: ‘Pode entrar e olhar, não tem nada aqui’. Mas não foi bem assim. Encontramos alguns produtos químicos e o Cabo PM Eglis achou um saco plástico com 253 invólucros de cocaína. Foi nesse momento que o rapaz fugiu correndo”.

A reação da ROTA foi imediata. O Soldado PM Gledson alcançou o suspeito em segundos e o algemou. Foi quando ele fez a proposta para entregar o local onde a cocaína era produzida em troca da sua liberdade, mas percebendo que “a casa caiu” o criminoso desistiu e confessou. Usando um aplicativo de vídeo pelo celular, o traficante que ficou custodiado na casa da sua mãe, foi direcionando o resto da equipe de ROTA para o local exato da refinaria: uma casa vermelha na frente de um barzinho, ao lado da Igreja.

Ao mesmo tempo o Sargento Ferreira relatou esta situação ao seu Comandante de Pelotão, o Tenente PM Narlich, que enviou outras equipes para cercar o local e as imediações, e dar apoio para toda a ação; desde a entrada na casa até a preservação da cena do crime, que na sequencia seria periciada pela Polícia Civil para a elaboração do inquérito policial.

Reprodução/Foto-RN176 Operação “Zona Leste Segura”. Criminosos fugiram durante o processo de embalagem de papelotes de cocaína com cerca de 5 gramas cada. Foto: ROTA / Divulgação

Ao entrar na casa vermelha, os PMs se deparam com uma verdadeira fábrica de cocaína, completamente aparelhada com garrafas de produtos químicos, tubos de vidro, liquidificador para dissolver a pasta base, balança para pesagem, material de embalagem, instrumentos de medição e uma motocicleta e um carro para fazer o serviço de “delivery” da droga.

Em cima das mesas, estava uma enorme quantidade de cocaína, pronta para ser dividida e embalada. Por perto os Policiais localizaram frascos contendo cal, talco, bicarbonado de sódio e outras substancias usadas para misturar e diluir a cocaína. “Eles misturam todo tipo de porcaria para lucrar mais, iludindo os coitados dos viciados e fazendo com que o efeito da droga fique ainda mais letal”, diz o Sargento. Também foi encontrando uma grande quantidade de maconha.

“Por pouco não prendemos a quadrilha toda. Quando chegamos na refinaria, encontramos marmitas com comida ainda quente, refrigerantes abertos e gelados, cigarros e um ventilador ligado. Eles estavam almoçando, quando interrompemos o ‘trabalho’ deles e conseguiram fugir. Mas prendemos o dono da refinaria, este vai para a cadeia. Se de um lado a tecnologia nos ajudou a encontrá-los, eles também tiram proveito criando grupos de whatsapp para se comunicar e avisar que Polícia está chegando”, diz Ferreira.

Reprodução/Foto-RN176  Sargento PM Ferreira – ROTA / Divulgação

Ao perguntar para o Sargento como ele se sente participando de uma operação com um resultado de vulto tão positivo ele fala sobre o prazer em cumprir o dever de proteger a população que é envenenada e destruída pelos traficantes. Ele lembra do seu padrinho de ROTA, o Sargento Edinaldo, que mostrou que o único caminho a ser seguido na ROTA é o caminho da retidão.

Dizem que duas das profissões mais difíceis e ingratas que existem no Brasil é a de Professor e Policial. Ambas pagam pouco, exigem intensa dedicação, resiliência e muitas horas de trabalho, tudo isso com pouco ou sem reconhecimento da sociedade. Ferreira decidiu abraçar essas duas profissões.

Termino esta matéria usando uma frase do Sargento, e a dedico para os piores criminosos, assaltantes e assassinos que existem no Brasil: os políticos que, ao invés de representar e proteger nossa sociedade e seus valores, a estão aniquilando.

“Na ROTA nunca houve nem haverá corrupção. Qualquer PM que se forma na Escola de Soldado faz um juramento de honestidade e ética, de agir dentro da legalidade e dos princípios morais. Quando prestamos este juramento, não cruzamos os dedos, ele é de verdade. Hoje, mais do que nunca, nossa sociedade clama por justiça e o Policial Militar possui o privilégio de poder entregar um pouco dessa justiça para o povo.”