ÁSIA
Anúncio do procedimento publicado por hospital na internet viralizou e levou o ministério da Saúde do país a emitir um alerta e dizer que ‘tratamento é desnecessário’.
ROTANEWS176 E BBC BRASIL.COM 05/01/2018 13:39
O clareamento de pele não é uma novidade em muitos países asiáticos, onde tons mais escuros são associados ao trabalho ao ar livre e, portanto, a uma condição econômica mais humilde.
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Reprodução/Foto-RN176 Autoridades alertaram que procedimento pode ser doloroso e deixar a pele manchada | Foto: LeLuxHospital Foto: BBCBrasil.com
Mas a aplicação dessa técnica ao pênis vem chamando atenção recentemente na Tailândia, com questionamentos sobre se a indústria de beleza do país está indo longe demais.
Quando um hospital publicou na internet sua oferta deste procedimento, o anúncio viralizou, e o ministério da Saúde emitiu um alerta sobre o assunto.
A BBC conversou com um paciente que se submeteu à técnica. O homem de 30 anos contou que a primeira sessão ocorreu há dois meses.
Desde então, ele notou mudanças na cor de seu órgão genital. “Queria sentir-me mais confiante”, disse.
‘Para quê?’
O post original no Facebook sobre o tratamento, que usa lasers para promover uma quebra da melanina na pele, foi compartilhado mais de 19 mil vezes em dois dias.
A publicação traz fotos da sala onde o procedimento é realizado e ilustrações que o detalham.
Os comentários em reação a isso vão desde críticas a curiosidade e piadas com a técnica, com alguns questionando o que leva alguém a fazer isso.
Num dos posts, uma mulher afirma não dar tanta importância assim à cor do pênis e que se preocupa mais “com o tamanho e os movimentos”.
Reprodução/Foto-RN176 Há décadas, o clareamento de pele é uma tendência em países do sudeste asiático | Foto: LeluxHospital
Foto: BBCBrasil.com
Popol Tansakul, gerente de marketing do hospital Lelux, que oferece o serviço, disse à BBC que sua empresa lançou um clareamento de vagina há quatro meses,
“Os pacientes começaram a perguntar sobre o clareamento de pênis, então, passamos a oferecer isso há um mês”, contou ele.
Ainda não se sabe, no entanto, se há homens suficientes na Tailândia que desejam fazer isso. A clínica recebe atualmente de 20 a 30 pacientes por mês em busca de clareamentos de vagina e pênis, com alguns vindo de longe, como Mianmar, Camboja e Hong Kong.
“É popular entre homens gays e travestis, que querem cuidar do visual de todas as partes do corpo”, disse Popol.
‘Clareamento do pênis não é necessário’
O ministério da Saúde da Tailândia reagiu ao frenesi em torno da oferta da clínica e alertou sobre os possíveis efeitos colaterais, como dor, inflamação, cicatrizes e até mesmo problemas no sistema reprodutivo e na vida sexual dos pacientes.
Interromper o tratamento faria a cor da pele do pênis voltar ao normal, além de ser possível ficar com manchas, informou o ministério.
“O clareamento do pênis a laser não é necessário, é um desperdício de dinheiro e pode ter mais efeitos negativos do que positivos”, disse o médico Thongchai Keeratihuttayakorn no comunicado oficial do governo.
O clareamento de pele é uma tendência nos países do sudeste asiático nas últimas décadas. A Lelux diz que mais da metade dos seus pacientes vêm em busca deste tipo de tratamento.
O interesse é atribuído a uma percepção de que ter pele alva significa que uma pessoa não é da classe trabalhadora ou não trabalha nos campos.
Há muitos produtos para clarear a pele no mercado, o que já levou a polêmicas no passado envolvendo suas propagandas.
O anúncio de um creme veiculado sobre assentos no sistema de transporte público da capital tailandesa, Bangkok, dizia: “Só pessoas brancas podem sentar aqui”.
Uma outra empresa teve tirar do ar comerciais de um produto do tipo depois de ter sido acusada de racismo nas redes sociais. No anúncio, uma atriz famosa atribuía seu sucesso à pele clara.
Mas as percepções vêm mundando nos últimos anos. No concurso de beleza Miss Mundo Tailândia, por exemplo, muito se falou sobre o tom de pele mais escuro da ganhadora em comparação com as candidatas típicas.
Na época, a modelo Nonthawan “Maeya” Thongleng disse que gostaria de inspirar outras mulheres que sentiam-se mal por terem a pele mais escura.
Com reportagem de Andreas Illmer, Nanchanok Wongsamuth e Thanyarat Doksone
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