Saiba como se proteger das complicações da gripe durante a gravidez

ROTANEWS176 E DELAS 15/04/2018 05:00                                                                                                        Por Camila Alvarenga

Tomar a vacina é a melhor, e única, forma de se proteger contra o vírus da influenza; mas se cuidar e manter a imunidade alta também são prioridade

Com a chegada do outono e a queda das temperaturas, vale ficar de olho na gripe . Mulheres grávidas fazem parte do grupo de risco da doença, que pode ser muito prejudicial tanto para a mãe, quanto para o bebê.

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Reprodução/Foto-RN176  A gripe por influenza é uma doença que pode ser fatal para gestantes. Tomar a vacina e reconhecer os sintomas é essencial

A obstetra Maria Elisa Noriler, responsável pelo setor de Ginecologia Endócrina InfantoPuberal e Climatério do Hospital Municipal Maternidade Escola de Vila Nova Cachoeirinha, explica que a doença, principalmente a modalidade causada pelo vírus da influenza, pode ser fatal para a mamãe e o bebê. Por isso, a vacina contra a gripe é recomendada por profissionais da saúde já no primeiro trimestre de gestação.

“Sabemos que se a mulher pegar a doença por influenza logo no começo da gravidez, quando a imunidade é a mais baixa da gestação, existe um risco alto de mortalidade para a grávida”, ressalta.

Reprodução/Foto-RN176  Tomar vacina é a melhor proteção

influenza , aquela que conhecemos como causada pelo vírus H1N1, ataca o sistema respiratório. O comprometimento pulmonar provoca febres altas, “de mais de 38, 39 graus Celsius”, um dos principais perigos para a mulher e o bebê – um estudo da Univeridade de Columbia, nos Estados Unidos, mostrou que o risco de uma criança desenvolver autismo aumenta caso a mãe tenha febre, especialmente durante o segundo semestre da gravidez.

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Tomar a vacina que combate a cepa mais recente do vírus , ou seja, a mutação mais recente do organismo, que muda com bastante frequência e rapidez, é a única forma de se proteger contra a doença, diz a médica. A mais recente, no momento, desenvolvida a partir do vírus que estava circulando na Europa e América do Norte durante o inverno do hemisfério norte, nos últimos meses, é a H3N2.

Os benefícios da imunização vão além de se proteger da gripe: ela também diminui as chances de um parto prematuro e ainda passa a imunidade para o bebê. Segundo um estudo da Universidade de Utah, nos EUA, os filhos cujas mães foram vacinadas contra o vírus têm 64% menos chance de apresentar os sintomas da doença e até 70% menos risco de desenvolver infecções durante os primeiros seis meses de vida, período crucial no qual os bebês ainda não podem ser vacinados.

Reprodução/Foto-RN176  A vacina tem que ser recomendada por um profissional da saúde

No entanto, não são todas as mulheres que podem tomar a vacina, visto que ela tem um compontente do ovo, ao qual algumas são alérgicas. O problema é que, por falta de informação, existem mulheres que optam por não se imunizar, com medo de reações adversas.

Maria Elisa destaca que, desde que a mulher não tenha alergia, não é preciso ter medo da imunização, já que ela não apresenta nenhum risco, nem para a mamãe, nem para o bebê. “A aplicação é segura em qualquer período da gestação, pois o vírus presente na composição é inativo.”

Já para as alérgicas a ovo, vale consultar um alergista para, a partir de exames específicos, determinar a intensidade da resposta alérgica e avaliar a possibilidade de tomar a vacina de qualquer maneira.

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“Não tem outra forma de se proteger. [Sem a vacina] Só torcendo para não pegar. E, se pegar, as mulheres precisam saber que elas podem entrar em trabalho de parto prematuro, ter insuficiência respiratória, pode faltar oxigênio para o bebê. Tanto ela quanto o bebê correm perigo de vida”, reforça a obstetra.

Vale lembrar que a vacinação contra a gripe influenza pela rede pública começa no estado de São Paulo ainda neste mês.

Sinais e sintomas

De qualquer forma, é importante saber reconhecer e diferenciar os sintomas da modalidade mais simples da gripe do tipo influenza.

“Se a paciente tiver uma febre muito alta, não conseguir ficar de pé, estar sempre extremamente cansada e começar a urinar menos, ela pode estar com a H3N2”, detalha Maria Elisa. Nesses casos, a mulher deve ser levada imediatamente para um hospital, onde ela será testada para a doença e internada imediatamente, se o resultado for positivo.

A diferença para a modalidade mais comum da doença, que provoca alguns dos mesmos sintomas, como congestão nasal, dores no corpo e, em alguns casos, febre, é a intensidade dos sintomas, que costuma ser menor, e sua duração mais curta.

Como se cuidar

Reprodução/Foto-RN176   Para se prevenir da gripe, além da vacina, cuide de sua imunidade com repouso, consumo de vitamina C e exercícios

Além da influenza, existe a gripe comum. Aquela que provoca mal estar, coriza, dores pelo corpo e uma eventual febre. Apesar de mais leve, também é necessário se proteger contra ela.

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Para tanto, Maria Elisa ensina como manter a imunidade alta: ter momentos de repouso, sem estresse, cuidando para ter noites bem dormidas – algo especialmente importante para as mamães trabalhadoras, para as quais é indicado dar uma aliviada na rotina -; consumir bastante vitamina C em forma de sucos e frutas, como limão e laranja; fazer atividade física leve e tomar polivitamínicos específicos para gestantes, mas apenas sob orientação médica. Além disso, não fumar nem beber são regras.

“Evitar variações térmicas também é uma boa. Essa coisa de ficar entrando e saindo de ambientes com ar condicionado para outros mais quentes e abafados pode ser prejudicial, justamente porque exige mais do sistema respiratório”, pontua a obstetra.

E, no caso de pegar uma gripe mais leve, a recomendação é: repouso e tratamento dos sintomas. Cuidar da febre, se ela se apresentar, é o mais importante. Para as mulheres que continuam trabalhando durante a gestação, vale pedir um atestado médico para passar alguns dias descansando. Dormir bem é essencial nesse momento.

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E, claro, consultar o médico diante de qualquer sinal da gripe , “porque medicação só com orientação médica, já que alguns remédios podem passar para o bebê por meio da placenta. A gente orienta só rinossoro hipertônico, sem vasoconstritores [usados como descongestionantes nasais] porque esse altera o fluxo placentário; hiperhidratação para não ter sinusite nem evoluir para uma pneumonia, e alguns remédios que tratam dos sintomas, que aí o médico vai recomendar. Seguindo a orientação médica, tanto na prevenção com a vacina, quanto no tratamento, não vai ter problema”, conclui Maria Elisa.