Nasa, 60 anos: como você pode ajudar a agência espacial a explorar o Universo

Contribuir para a investigação de alguns dos maiores mistérios do espaço não exige necessariamente anos de treinamento, e você pode fazer isso sem sair de casa.

 ROTANEWS176 E POR BBC NEWS BRASIL 28/07/2018 15h40                                                                             Nikolay Voronin – BBC News

O que é preciso para ser um explorador espacial? Saúde perfeita, um diploma em Física, anos de treinamento? Não necessariamente.

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Reprodução/Foto-RN176 A Nasa recebe ajuda de voluntários de todo o mundo na coleta e análise de dados sobre o espaço Foto: NASA / BBC News Brasil

Você pode ajudar a solucionar alguns dos vários mistérios do Universo sem sair do conforto de sua casa nem abrir mão do trabalho. Basta ter um pouco de tempo livre e um computador ou smartphone.

Cientistas profissionais costumam receber ajuda destes “pesquisadores cidadãos” – voluntários de todas as partes do mundo que auxiliam na coleta e análise de dados.

A agência espacial americana, a Nasa, não é exceção. Ela completa 60 anos em 29 de julho. Tem mais de 18 mil pessoas entre seus funcionários, 39 dos quais são astronautas na ativa – o restante trabalha em laboratórios e centros de pesquisa.

Muitos dos seus projetos permitem a contribuição de pessoas comuns. Conheça a seguir alguns dos mais interessantes e entenda como participar.

  1. Solucione o mistério do Planeta Nove

Astrônomos e físicos estão convencidos de que um planeta misterioso habita a periferia do Sistema Solar – ele é chamado informalmente de Planeta Nove.

Ele ainda não foi avistado, mas a teoria sobre sua existência é apoiada por modelos matemáticos, baseados nos quais cientistas calculam que ele seja significativamente maior e mais pesado do que a Terra.

A Nasa está tentando localizá-lo ao analisar imagens infravermelhas feitas pelo telescópio Wise. É bem possível que o Planeta Nove já tenha sido fotografado por ele, mas tenha passado despercebido até agora.

O Wise já tirou centenas de milhares de fotos que não podem ser analisadas por computadores e algorítimos, já que algumas aspectos delas só podem ser identificados por olhos humanos – inclusive os seus.

Para ajudar astrônomos a diferenciar imagens inúteis de outras com algum valor, você pode fazer um curso online que explica o que você deverá procurar e como identificar algo de interesse científico.

Então, se quiser começar a procurar pelo Planeta Nove, clique aqui. Quem sabe ele não será batizado em sua homenagem?

  1. Mapeando Marte, Mercúrio ou a Lua

Sabemos bastante sobre corpos celestiais que estão próximos da Terra. A Nasa já foi à Lua seis vezes, e uma missão a Marte deve ser lançada em questão de meses.

Reprodução/Foto-RN176 Que tal ajudar a criar um mapa detalhado das superfícies da Lua, de Marte ou de Mercúrio? Foto: NASA / BBC News Brasil

Mas, apesar de milhares de fotografias terem sido feitas ao longo dos anos, não existe ainda um mapa detalhado da Lua e muito menos de planetas remotos.

Confeccionar mapas assim exige processar um grande número de imagens em alta resolução, uma por uma, e identificar diversas características da sua superfície. Só assim é possível montar esse quebra-cabeça gigante e formar um globo.

Por isso, a Nasa lançou o CosmoQuest para receber ajuda nessa tarefa. Você pode optar pela Lua e mapear crateras para auxiliar austronautas na escolha do melhor local para um pouso.

Ou, se estiver em busca de um desafio maior, por que não escolher Marte, que tem uma superfície bem mais diversa, com dunas e vulcões?

O montanhoso planeta Mercúrio é coberto por cordilheiras e depressões formadas por colisões de asteróides e cometas tão violentas que criam uma chuva de destroços que, por sua vez, formam suas próprias crateras.

  1. Ache Steve

Reprodução/Foto-RN176 Essa é a aparência do fenômeno Steve caso você se interesse por ajudar a fotografá-lo Foto: NASA / BBC News Brasil

É difícil acreditar, mas só em 2017 cientistas descobriram um novo fenômeno atmosférico: um facho brilhante roxo e verde no céu com 32 km de largura e 960 km de comprimento.

Mas esse fenômeno dura apenas de 20 a 40 minutos e pode ser observado principalmente nas regiões polares, motivos pelos quais foi confundido por muito tempo com uma aurora boreal.

Mas os cientistas sabem agora mais sobre ele e afirmam ser algo bem diferente. O facho é composto por gases aquecidos que viajam a uma alta velocidade.

Os cientistas cidadãos que o descobriram o batizaram de “Steve”, uma referência à animação Os Sem-Floresta (2006).

Imediatamente depois, pesquisadores da Nasa deram a ele um nome mais preciso: Strong Thermal Emission Velocity Enhancement (Aprimoramento de velocidade de emissão térmica forte, em tradução livre do inglês), mas a sigla continua sendo Steve.

Desde então, esse espetáculo celestial já foi avistado no Reino Unido, no Canadá, no Alasca, em outros Estados ao norte dos Estados Unidos e na Nova Zelândia.

Mas sua origem ainda é um mistério. Parece ser sazonal – Steve não ocorre entre outubro e fevereiro. E parece sempre surgir junto de auroras boreais, mas cientistas ainda não estão certos disso, já que acreditam tê-lo observado em áreas mais ao sul dos polos.

Para solucionar esse mistério de uma vez por todas, físicos e astrônomos precisam do maior número de imagens possível, por isso, a Nasa lançou o Aurorosaurus.

Qualquer pessoa que veja uma aurora boreal ou algo do gênero pode fotografar e mandar para os especialistas da agência analisarem, contribuindo para aumentar a base de dados sobre esse fenômeno usando esse aplicativo.

  1. Ajude a combater as mudanças climáticas

Nuvens têm um papel crucial no clima, e satélites da Nasa acompanham detalhadamente a forma como elas se movem pelo planeta.

Mas esses equipamentos só conseguem avistá-las de cima. Para ter uma perspectiva a partir do solo, a agência conta com a nossa ajuda.

Reprodução/Foto-RN176 Suas fotos de nuvens podem ajudar a Nasa a entender melhor o clima do planeta Foto: EPA / BBC News Brasil

Juntando esses dois tipos de imagens, cientistas conseguem ter uma visão mais precisa do que está ocorrendo em nossa atmosfera e realizar análises mais detalhadas.

O projeto Globe é uma das formas que cidadãos comuns podem contribuir com a ciência e ajudar no combate às mudanças climáticas.

Baixe o aplicativo e comece a fotografar as nuvens. As imagens serão analisadas por especialistas da Nasa e comparadas com dados de satélites. Você pode até mesmo receber uma mensagem com o resultado de sua contribuição.

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