ROTANEWS176 E POR IG 30/07/2018 14:22 Por Camila Alvarenga
Diabetes não tratada pode prejudicar os órgãos sexuais; mudar os remédios ou focar nas preliminares podem ser formas de combater a falta de desejo
A perda de libido não é um problema incomum e pode ser provocado por diversas razões. Doenças crônicas, medicamentos, sobrepeso e questões psicológicas, entre vários outros fatores, podem estar por trás da falta de desejo sexual . Porém, felizmente, isso tudo é tratável.
Reprodução/Foto-RN176 Leitor relaciona perda de libido a remédio que toma para tratar diabetes
O primeiro passo é identificar a origem do problema, a partir de qual momento começou a ocorrer a perda de libido e se é de fato um problema na libido ou uma dificuldade de ereção. O próprio homem pode fazer isso, mas vale consultar um médico especializado para ter certeza. No caso de um leitor do Deles, cuja identidade será preservada, a diminuição no desejo ocorreu, ele acredita, por um dos remédios que toma para tratar diabetes .
“Sou diabético desde meus nove anos de idade. Com o passar do tempo e a falta de controle nos níveis da glicemia, acabei por desenvolver uma complicação chamada Neuropatia Diabética [dano nos nervos periféricos provocado por diabetes]. Para evitar que a doença progrida, estou fazendo uso de alguns remédios, e isso fez com que eu perdesse totalmente a vontade de ter relações sexuais. Antes dos remédios, eu tinha relações três ou quatro vezes por semana, depois dos remédios, isso diminuiu e muito – já estou há quase 60 dias sem ter relação. O que eu faço para minimizar o efeito dos remédios?”, escreveu o leitor.
A endocrinologista Maria Fernanda Barca, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e da Sociedade Europeia de Endocrinologia, e a sexóloga Nelly Kobayashi respondem.
Perda de libido é consequência de sequela nos órgãos sexuais
Reprodução/Foto-RN176 Perda de libido pode estar relacionada a sequelas nos órgãos sexuais do homem, decorrente de diabetes mal tratada
Quando não controlada, a diabetes pode danificar o organismo, como no caso do leitor, que teve os nervos periféricos afetados. Dessa forma, a doença pode ter afetado outras partes do organismo, inclusive os órgãos sexuais, segundo a sexóloga.
Vale lembrar que uma diabetes não cuidada é prejudicial para a vida sexual não apenas a longo prazo, mas também a curto prazo. “Os maus cuidados provocam uma baixa de energia e disposição, o que acaba influenciando a disposição do homem em ter relações”, argumenta Maria Fernanda, que diz ainda que o estado psicológico do paciente pode contribuir para afetar seu desejo, assim como o sobrepeso, que costuma ser comum em portadores de diabetes tipo 2.
“Às vezes, o paciente não aceita bem o diagnóstico da diabetes, já está inseguro com o seu peso, e tudo isso atrapalha na hora de ter relações, provocando a perda de libido”, pondera a endocrinologista.
Com relação aos remédios, ela afirma que não é comum que eles provoquem a diminuição da libido e que vale consultar um médico especializado para analisar o quadro do paciente detalhadamente, avaliando a possibilidade de mudar o remédio.
Entretanto, se mudar de remédio não for possível, Nelly tem algumas recomendações: a primeira delas é pedir uma dosagem de testosterona, verificando a necessidade de reposição hormonal, caso seja possível.
Em segundo lugar, se alimentar corretamente e fazer exercícios físicos é essencial. Além disso, buscar um psicólogo também pode ser uma boa. “Isso mais para poder melhorar a disposição e a autoaceitação, com a diabetes, com tudo”, ressalta.
A sexóloga também reforça a importância de o homem ter uma conversa aberta e sincera com a parceira, explicando o que está acontecendo com relação à perda de libido e como ele se sente, para evitar se sentir pressionado durante momentos de intimidade, o que pode atrapalhar mais ainda.
Nesse momento, vale focar totalmente nas preliminares . “É legal o casal tentar fazer exercícios eróticos, de se tocar, sem a obrigação de ter que partir para a penetração, ficar só nos carinhos e carícias, justamente para tirar a pressão da ereção e da ejaculação, permitindo ao homem relaxar e curtir o momento”.
Nelly também recomenda que eles digam às respectivas parceiras do que gostam, quais tipos de toques e coisas desse tipo que possam estimulá-los. “A quebra da rotina, frequentar lugares diferentes, passar para a parceira o que os excita, fazer coisas que normalmente os excitaria, assistir filmes eróticos e usar produtos eróticos também podem contribuir muito nesse momento”, sugere.
Minha parceira tem diabetes e está tendo perda de libido, e agora?
Reprodução/Foto-RN176 Perda de libido é mais comum em mulheres diabéticas, assim como secura vaginal, saiba como ajudar a parceira
Mulheres diabéticas também podem sofrer com a perda de libido. Aliás, isso é muito mais comum entre elas do que entre eles, para os quais a disfunção erétil costuma ser mais recorrente. Assim, também é imporante que os homens cujas parceiras têm diabetes saibam lidar com a situação.
De acordo com a endocrinologista, a queda no desejo das mulheres geralmente está associada ao seu estado psicológico, pois a diabetes provoca uma queda na imunidade, facilitando o desenvolvimento de candidíase e vulvovaginites, além de levar a incontinência urinária.
“Às vezes, sai até um pouco de urina durante a relação. Isso tudo pode causar um constrangimento, ela não ter um períneo adequado, mais flácido. Aí pode afetar relações futuras, ela pode não querer”, explica Maria Fernanda.
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Já Nelly ressalta que, quando a diabetes está descontrolada, a mulher pode ter ressecamento vaginal e sentir dificuldade em atingir o orgasmo, pois a irrigação do clitóris pode ser prejudicada, coisas que estimulam a perda de libido.
“Além de controlar a doença e estar com os exames ginecológicos em dia, é recomendado o uso de lubrificantes à base de água. O pompoarismo também pode ajudar muito, principalmente do ponto de vista psicológico, para ela recuperar a firmeza do períneo. Dependendo da idade da paciente e se ela não tiver contraindicações, cremes vaginais com hormônios também podem ser usados”, diz.
Ambas ponderam, contudo, que isso tudo é difícil de acontecer entre mulheres que estão com a diabetes sob controle e realizam a medição do índice glicêmico diariamente. Da mesma forma que é raro em homens que fazem o tratamento adequado da doença. Lembrando que cada caso é um caso, assim como as reações adversas a medicamentos, que mudam de pessoa para pessoa, elas recomendam buscar um médico.
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