Abraçar as pessoas com coração magnânimo e sincera amizade

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 30/06/2018 21:00

Reprodução/Foto-RN176 Representantes da SGI 55 paises em curso de aprimoramento no Centro Internacional da Amizade SoKa (Tóquio, Japão,ab.2013)

INTRODUÇÃO

         No volume 1 do romance Nova Revolução Humana Shi’ichi Yamamoto (presidente Daisaku Ikeda) realiza sua primeira viagem internacional em prol do kosen-rufu em 1960, visitou três países, entre ele os quais Estados Unidos. Nos trechos apresentados a seguir, ele responde a perguntas de membros em reunião de palestra no Havaí e em Waswhington, DC, e discorre de maneira acessível sobre o significado de uma religião verdadeiramente humanística.

DISCURSO DO PRESIDENTE IKEDA

                        Adaptado do capítulo “Alvorecer”, volume 1 da Nova Revolução Humana.

(Uma integrante da Divisão Feminina indaga: “Meu filho está estudando numa escola cristã, mas será isso significa caluniar o budismo?”)

É perfeitamente aceitável. Seu filho não está frequentando a escola para praticar o cristianismo; ele está indo lá estudar e aprender. Não há absolutamente problema algum. Além disso, mesmo que pague a escola, isso se refere simplesmente às mensalidades; não representa uma doação ao cristianismo. Como seu filho está recebendo instrução naquela instituição, é natural que pague uma taxa. A base da nossa fé consiste em acreditar e orar ao Gohonzon, que foi revelado por Nichiren Daishonin. Contanto que não nos devíamos dessa premissa, não há necessidade de se manter uma postura intolerante. Vários aspectos da nossa cultura e do modo como vivemos têm ligação com alguma tradição religiosa. Por exemplo, muitas empresas fecham aos domingos. Essa é uma prática oriunda do cristianismo, que considera o domingo um dia de descanso e de culto. No entanto, qualquer um que pense que folga no domingo seja calunia o budismo seria incapaz de viver em harmonia na sociedade.

“O Budismo de Nichiren Daishonin é uma religião com foco no povo, cujo objetivo é fazer florescer o humanismo em cada pessoa”

A música e a arte também, muitas vezes têm influência religiosa. Há, porém, uma diferencia entre apreciar uma obra de arte e crer na religião que a inspirou. Portanto, não é preciso pensar que deve evitar ver tais obras ou que ouvir algumas músicas represente calunia. Se ter fé significasse não poder mais admirar lindas obras de arte, então essa fé estaria negando a sua humanidade.

Algumas religiões existem em benefício de felicidade das pessoas, e outras, somente em benefício da religião. A religião pela religião resvala para o dogmatismo, e com o tempo cega e escravizar as pessoas em nome da fé. Como resultado, elas são privadas de sua liberdade espiritual. O bom senso e a humanidade também são negados, aprofundando o abismo entre religião e sociedade.

O Budismo de Nichiren Daishonin é uma religião com foco no povo, cujo objetivo é fazer florescer o humanismo em cada pessoa. Um líder religioso do Budismo Nichiren que disserte sobre os ensinamentos de Nichiren Daishonin porém declare que atividades humanas como arte e cultura constituam calúnia a Lei será na realidade um fanático que pisoteia o próprio espírito de Daishonin. A conduta dessa pessoa só se presta a distorcer o Budismo Nichiren e a obstruir o caminho do Kosen-rufu mundial

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Adaptado do capitulo “Luz da Compaixão”, volume 1 da Nova Revolução Humana.

         (Uma integrante da Divisão Feminina perguntou: “Uma amiga que mora na mesma vizinhança de vez em quando me pede para cuidar dos filhos dela para poder ir à igreja. Estragaria nossa amizade se eu dissesse a ela ‘Não vou tomar conta de suas crianças para você ir à igreja’? O que devo fazer?

         Estamos na América. Portanto, tenha coração enorme e magnânimo, tão vasto como este imenso país. O que sua amiga decide fazer enquanto você olha os filhos delas é problema dela. Você está cuidando das crianças por amizade. Nesse processo, está possibilitando que sua amiga crie um vínculo com o budismo. Portanto, não há necessidade alguma de se sentir ansiosa ou apreensiva pelo que está fazendo.

Como discípulo de Nichiren Daishonin, é natural que mantenhamos uma postura rigorosa ao esclarecer o que é verdadeiro e o que é errôneo no que se refere ao ensinamento. Ao mesmo tempo, contudo nossas interações com os outros devem ser pautadas pelo espírito de tolerância e generosidade. Esse é o modo de vida de um autêntico budista.

Adotar uma conduta rigorosa ao distinguir o verdadeiro do errôneo e demonstrar generosidade em relação aos outros – não são, de maneira alguma, duas ações incompatíveis; essencialmente, fazem parte de um todo.

Supúnhamos, por exemplo, que alguém ingira cogumelos venenosos e seja levado às pressas para consultar um excelente médico. A despeito de quem possa ser o paciente, o médico naturalmente empregará todos os recursos possíveis para salvá-lo e também estenderá palavras de sincero encorajamento. Poderíamos dizer que esse seja um exemplo de generosidade em relação aos outros.

Também é provável, contudo, que o médico advertirá o paciente e não comer cogumelos nocivos no futuro. Estou certo de que nenhum médico consciente permaneceria indiferente se o paciente dissesse: “Mas cogumelo venenosos são deliciosos; quero comê-los novamente”. Isso corresponde a manter uma postura rigorosa em relação aos ensinamentos.

Em ambos os casos, o médico é movido pela sua compaixão e pelo compromisso de remover o sofrimento do paciente. Essa também é a conduta de um budista.

Torne-se alguém que esteja acima das diferenças religiosas e que ore pela felicidade de seus semelhantes e estreite fortes laços de amizade com muitas pessoas”

Shin’ichi prosseguiu, descrevendo como Daishonin empreendeu brava campanha de refutação de ensinamentos errôneos e de esclarecimento da verdade, movido por sua profunda compaixão para habilitar toda a humanidade a alcançar e felicidade.

Nichiren Daishonin, observou shin’ichi, percebeu que se as pessoas persistissem em acreditar que a verdade parcial dos ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus constituía a verdade mais elevada, não seriam capazes   de abraçar o Sutra do Lótus do Budismo de Semeadura [Nam-myoho-renge-kyo], que representa a verdade mais essencial, e assim estariam condenadas à infelicidade. Determinada a impedi isso, Nichiren Daishonin, citando quatro aforismos, travou uma batalha inexorável contra o clero corrupto e degenerado de sua época que, com o auxílio das autoridades dominantes, estavam disseminando doutrinas incorretas e desencaminhadoras por todo o país. Ele sabia que se ignorasse ou deixasse de contestar tal erro, apenas o estaria estimulando e permitindo que se tornasse desenfreado. Sua luta, contudo, assumiu a forma de diálogo conhecida como shakubuku – a batalha espiritual e intelectual para despertar outros seres humanos. Do princípio ao fim, sua luta assentou-se no poder da fala e da palavra escrita. E apesar de ser submetido a perseguições que punham sua vida em risco, sustentou o espírito de não violência invariavelmente.

Shin’ichi dirigiu-se à mulher que havia formulado a pergunta: “Por esta razão, não há contradição entre o espírito de shakubuku – de ‘refutar o errôneo e revelar o verdadeiro’ – e o da amizade genuína. A compaixão é um elemento imprescindível em ambos os casos. Portanto, quanto mais nos empenhamos na fé, com mais calor e generosidade devemos abraçar nossos amigos e aprofundar nossos laços de fraternidade. Como o shakubuku consiste no trabalho de tocar a vida das outras pessoas por meio do diálogo, confiança e amizade são essenciais.

Torne-se alguém que esteja acima das diferenças religiosas e que ore pela felicidade de seus semelhantes e estreite fortes laços de amizade com muitas pessoas. Ao agir assim estará comprovando a profundidade e amplitude do budismo”.