80% das crianças vencem o câncer e mortalidade cai pela metade, aponta estudo

ROTANEWS176 E ANSA 02/06/2015 05:00                                                                                                                                                                                               

A melhora na taxa de mortalidade se deve, em parte, pelas mudanças dos tratamentos que têm reduzido efeitos tardios de terapias pediátricas anticâncer, esclarecem autores

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Reprodução/Foto-RN176  A queda de cabelos é uma consequência da quimioterapia. Nesta foto, de julho de 2013, Mel já havia abandonado a cadeira de rodas. Foto: Arquivo pessoal

Até nas crianças o câncer, atualmente, pode ser bem tratado: 80% delas sobrevivem. Mas não para por aí: as terapias estão melhores para combater notavelmente a taxa de mortalidade ligada a complicações de saúde nos anos seguintes. A mortalidade, de fato, caiu praticamente pela metade, passando de 12,4% nas crianças com diagnóstico de câncer nos anos 70 para 6% para aqueles que foram diagnosticados nos anos 90.

A boa notícia foi anunciada neste ano no congresso de oncologia da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) e se baseia nos dados de um grande estudo chamado Childhood Cancer Survivor Study, financiado pelo Instituto Nacional de Saúde, que analisou histórias de 34 mil crianças com tumor, validando os efeitos a longo prazo das terapias nas crianças que, entre 1970 e 1999, foram diagnosticadas com câncer aos cinco anos de idade e sobreviveram.

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Reprodução/Foto-RN176 Em fevereiro de 2014, Mel já pôde retornar à escola normal, frequentando o segundo ano do ensino fundamental. Foto: Arquivo pessoal

Participaram do estudo 31 hospitais canadenses e americanos. E os resultados são mais do que encorajadores: entre as crianças monitoradas, todas as causas de mortalidade em 15 anos a partir do diagnóstico caíram de 12,4% para 6%.

Essa melhora notável, explicam os autores do estudo, é devido, em parte, às mudanças dos tratamentos que têm reduzido o risco de morte ligados aos efeitos tardios das terapias pediátricas anticâncer, como as recitivas e problemas cardíacos e pulmonares. O grande desenvolvimento das técnicas de rastreamento e de diagnóstico também tem um papel importante.

“Há 50 anos, só uma criança entre cinco sobrevivia a um câncer, mas, hoje, mais de 80% das crianças continuam vivas cinco anos depois do diagnóstico”, afirmou o condutor do estudo, Gregory Armstrong, do S. Jude Children’s Research Hospital. “Hoje, pelo contrário, não só mais crianças sobrevivem a um tumor primário, mas também somos capazes de estender a expectativa de vida reduzindo, nos últimos anos, a toxicidade total dos tratamentos”.

Estudos anteriores mostraram que 18% das crianças sobreviventes morreram no espaço de 30 anos.

As crianças que participaram do novo estudo foram acompanhadas por 21 anos depois do diagnóstico: 3.958 (12%) morreram durante este período (principalmente por causa dos efeitos colaterais da quimioterapia). Entre essas que foram diagnosticados com câncer em 1970, 12,4% morreram entre 15 anos do diagnóstico, contra 6% daquelas que descobriram o câncer em 1990.

Os pequenos sobreviventes que foram diagnosticados com câncer nos anos mais recentes têm um risco estatisticamente ainda mais baixo de morrer por causas ligadas a muitas doenças, que são reflexo das terapias que foram feitas.

“Por décadas, combatemos o paradoxo de que as crianças sobrevivem ao câncer só para ficarem doentes ou morrer anos depois, por causa dos tratamentos recebidos. Agora, esperamos que os dados positivos atuais se confirmem, ao lado do contínuo progresso das terapias”.