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ROTANEWS176 E POR ESTADÃO CONTEUDO 25/01/2019 18:48
Lama agora começa a chegar ao centro do município, pelo leito do Rio Paraopebas, que abastece 6 milhões de pessoas. Um comitê avalia que Brumadinho pode ter mais vítimas do que Mariana
Reprodução/Foto-RN176 Área administrativa da Vale, onde estavam funcionários, foi atingida, assim como a comunidade da Vila Ferteco. A lama agora começa a chegar ao centro do município – Reprodução TV Record
Minas Gerais – O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais afirmou que cerca de 200 pessoas estão desaparecidas após o rompimento da barragem 1 da Mina Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho no início da tarde desta sexta-feira.
Segundo a empresa, a área administrativa, onde estavam funcionários, foi atingida, assim como a comunidade da Vila Ferteco. A lama agora começa a chegar ao centro do município, pelo leito do Rio Paraopebas, que abastece 6 milhões de pessoas. Por enquanto, quatro pessoas foram socorridas e encaminhadas ao hospital.
Reprodução/Foto-RN176 Barragem de rejeitos da mineradora da Vale se rompe e atinge Brumadinho, em Minas Gerais – Divulgação/Corpo de Bombeiros
Um sistema de Comando de Operações foi estruturado no Centro Social do Córrego do Feijão, nas proximidades do campo de futebol e da igreja católica da cidade. Em nota, os Bombeiros informaram que “vários órgãos, principalmente de segurança pública, estão no local e em reunião neste momento definindo as estratégias de atendimento”.
O acidente aconteceu na altura do km 50 da Rodovia MG-040. Os Bombeiros enviaram equipes com policiais civis e militares, com enfermeiros e medicamentos, além de cinco aeronaves e um helicóptero. Também foram acionados militares do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad).
Mais vítimas do que Mariana
Uma equipe do Comitê de Crise criado para acompanhar o rompimento das barragens avalia que o desastre do início desta tarde de sexta-feira, pode ter proporções maiores do que o acidente ocorrido há três anos, em Mariana.
Apesar do volume de resíduos lançados ao meio ambiente após o rompimento de barragens em Brumadinho ser menor que o de Mariana, o acidente atingiu a parte administrativa da Vale, onde trabalham 613 pessoas, em três turnos, além de 28 profissionais terceirizados. O receio é de que o número de vítimas no acidente de hoje seja bem mais elevado, sobretudo de funcionários da empresa.
A equipe também acompanha o risco de os dejetos atingirem o Rio Paraopeba. Caso esse cenário se concretize, há a possibilidade de o abastecimento de Belo Horizonte ser atingido. Uma operação de emergência, para envio de água para áreas afetadas pelo abastecimento, já começa a ser desenhada.
Volume
Segundo informações do site da Vale sobre as barragens da região, a barragem 1 foi construída em 1976 e tem volume de 12,7 milhões de m³. Atualmente, a barragem não receberia material, pois o beneficiamento do minério na unidade é feito a seco, ainda de acordo com o site. O Ibama havia informado inicialmente que havia 1 milhão de m³ de rejeito no local. Para efeito de comparação, a barragem da Samarco que em 2015 se rompeu, soterrando o distrito de Bento Rodrigues e matando 19 pessoas, tinha 50 milhões m³ de rejeitos.
MPMG acompanha situação
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deslocou uma equipe do Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais (Nucrim) para verificar e avaliar, juntamente com outras autoridades ambientais do estado, a extensão dos danos causados pelo rompimento de barragem de mineração na região de Brumadinho, a cerca de 50 km de Belo Horizonte, ocorrido na tarde desta sexta-feira, 25 de janeiro.
Governos mobilizados
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, estão em deslocamento, neste momento, para Brumadinho. Assim que houver mais informações, novos comunicados serão emitidos.
Relembre Mariana
Há mais de três anos, no dia 5 de novembro de 2015, uma barragem da mineradora Samarco se rompeu na cidade de Mariana, em Minas Gerais, naquela que ficou conhecida como a maior tragédia ambiental do país. A lama invadiu os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu, deixou 19 mortos e incontáveis perdas para as famílias da região, que até hoje sentem perdas físicas e psicológicas.