Polícia de Hong Kong investigará manifestantes por bloqueio de sede

ROTANEWS176 E POR  AFP  22/06/19 10h56

Reprodução/Foto-RN176 Manifestantes em frente à sede da polícia em Hong Kong, em 21 de junho de 2019 – AFP

A polícia de Hong Kong anunciou neste sábado (22) uma investigação contra os manifestantes que “ilegalmente e irracionalmente” bloquearam sua sede por várias horas na sexta-feira (21) para exigir a renúncia da chefe do governo local.

“A polícia foi tolerante com os manifestantes que se reuniram nas portas da sede da polícia, mas a forma como eles expressaram suas demandas tornou-se ilegal, irracional e inadmissível”, disse a instituição em um comunicado.

“A polícia investigará rigorosamente essas atividades ilegais”, acrescentou. De acordo com o organismo, cerca de 60 chamadas de emergência não puderam ser “atendidas imediatamente” devido ao bloqueio, e 13 membros de sua equipe foram “levados para o hospital”, embora não tenha especificado os motivos de tais hospitalizações.

A multidão se dispersou nas primeiras horas deste sábado, cerca de 15 horas após o início da nova mobilização. Alguns manifestantes ofereceram flores às forças de segurança.

Horas antes, milhares de pessoas se concentraram do lado de fora da sede da polícia, exigindo a renúncia da chefe do Executivo local, Carrie Lam, e a libertação imediata das pessoas presas durante os recentes protestos, bem como a abertura de uma investigação das denúncias de brutalidade policial.

Hong Kong vive sua pior crise em décadas. O território semi-autônomo, ex-colônia britânica, é palco de uma revolta histórica que levou às ruas um milhão de pessoas em 9 de junho e quase dois milhões no dia 16, em protesto contra um projeto de lei para autorizar extradições para a China continental.

Os manifestantes estavam quase todos vestidos de preto, a cor que dominou no domingo passado o protesto.

Muitos participantes, usando máscaras e gritando slogans contra o poder, bloquearam temporariamente a Harcourt Road, uma grande avenida em frente ao parlamento local.

Eles então se dirigiram à sede da polícia, gritando “vergonha da polícia mafiosa”.

A organização de direitos humanos Anistia Internacional disse ter verificado vários exemplos de violência policial.

Este novo protesto ocorreu depois que o governo local de Hong Kong se recusou a cumprir as exigências dos manifestantes.

A lei de extradições foi adiada, mas não eliminada definitivamente.

“Fisicamente e mentalmente, estou muito cansado. Mas não há outro jeito. Como cidadão de Hong Kong não posso deixar de manifestar”, declarou Cheung Po Lam, um estudante de 21 anos.

“Estou muito insatisfeito com a atitude” do governo, acrescentou.

Na sexta, entre os manifestantes, vários carregavam cartazes pedindo que a polícia não atirasse, em referência à repressão policial registrada há uma semana.

“O governo ainda não respondeu às nossas reivindicações. Depois de todos esses dias (…) continuam falando bobagens e culpando uns aos outros”, disse Poyee Chan, de 28 anos.

Em paralelo, um ex-chanceler filipino que se pronunciou contra Pequim não foi autorizado a entrar em Hong Kong na sexta-feira e foi devolvido às Filipinas, segundo seus advogados.

Alberto del Rosario, que tentou frear as ambições das autoridades chinesas no Mar da China Meridional ao apelar ao tribunal arbitral internacional em 2013, foi detido pelo serviço migratório ao chegar em Hong Kong.