Volkswagen Golf Comfortline desafia o preconceito com motor 1.0 turbo; veja os números do teste

ROTANEWS176 E CARSALE E 18/11/2016 18:35                                                                                          Por Guilherme Silva

1

Reprodução/Foto-RN176  Divulgação Golf Comfortline -TSI

Muita gente ainda torce o nariz, mas terá de se conformar com os motores de baixa cilindrada sobrealimentados com turbo e injeção direta equipando a maioria dos carros em um futuro bem próximo. Prova disso é que, nos últimos anos, as fabricantes de automóveis vêm apostando nesse tipo de propulsor em modelos médios para atingir níveis de consumo de combustível cada vez mais baixos, porém, sem prejudicar o desempenho. E um dos exemplos mais polêmicos dessa tendência foi lançado no Brasil há pouco mais de um mês (embora já exista na Europa há algum tempo): o Volkswagen Golf 1.0 TSI.

Nacionalizado no começo do ano, o Golf ficou menos refinado que os modelos alemão e mexicano em virtude das trocas do câmbio DSG de dupla embreagem pelo Tiptronic com conversor de torque e da substituição da suspensão traseira multilink pelo sistema de eixo de torção. Junto com essas mudanças, também veio o motor 1.6 MSI aspirado como uma opção mais acessível, mas o propulsor não caiu muito bem no Golf, principalmente no que diz respeito ao desempenho.

A solução utilizada pela Volks para diminuir a lacuna que existia entre o acanhado 1.6 MSI e o bem disposto 1.4 TSI foi equipar o Golf com o 1.0 TSI de três cilindros que estreou por aqui no compacto up!.

1

Reprodução/Foto-RN176 Divulgação Golf Comfortline -TSI

Antes de ir para debaixo do capô do Golf, o motor da família EA211 recebeu duplo comando variável de válvulas (as de escape contam com inserto de sódio para favorecer o resfriamento), radiadores maiores para o arrefecimento do motor e do intercooler (que agora é integrado ao coletor de admissão com o objetivo de reduzir o turbo lag), além de bielas e pistões reforçados. As galerias de refrigeração do cabeçote, bloco e turbo agora são separadas. Já o turbocompressor ganhou uma carcaça mais robusta feita de liga de aço.

1

Reprodução/Foto-RN176  O motor do Golf Comfortline -TSI

No Golf, o 1.0 TSI gera 116 cv de potência com gasolina e 125 cv quando abastecido com etanol. O torque máximo de 20,4 kgfm é disponibilizado entre 2.000 e 3.500 rpm com qualquer mistura de combustível no tanque. No up!, o três-cilindros turbo desenvolve 101/105 cv (gasolina/etanol) e 16,8 kgfm a 1.500 rpm.

Para suportar a potência e o torque extras (ganhos de 19% e 21%, respectivamente), a embreagem também foi redimensionada. A caixa manual de seis velocidades (no up! TSI são cinco marchas) possui escalonamento diferenciado, com asegunda marcha alongada e quarta e quinta com relações encurtadas.

“Milzão” turbo na pista

São apenas 5 cv de vantagem em relação ao 1.6 MSI quando abastecidos com etanol, mas a diferença de desempenho impressiona logo nas arrancadas em semáforos e na hora de encarar subidas. O Golf 1.0 TSI esbanja disposição a baixas rotações, deixando a dirigibilidade prazerosa no trânsito urbano mesmo sem a disponibilidade do câmbio automático. Como em outros modelos da Volks, a caixa manual tem engates curtinhos e precisos. O “lag” da turbina, entretanto, é percebido abaixo das 2.000 rpm, exigindo o uso da segunda marcha para transpor lombadas mais altas e valetas.

1

Reprodução/Foto-RN176 Divulgação Golf Comfortline -TSI

O três-cilindros turbo também dá conta na estrada. O Golf 1.0 TSI acelera e retoma velocidades com disposição próxima a de um 2.0 aspirado e acompanha carros com motores mais potentes sem dificuldades. Segundo a Volkswagen, o hatch de 1.223 kg acelera de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e chega aos 194 km/h de velocidade máxima, abastecido com etanol.

No teste de desempenho promovido pelos engenheiros do Instituto Mauá de Tecnologia, o Golf 1.0 TSI precisou de 10,64 segundos para atingir os 100 km/h com o combustível vegetal no tanque e 11,64 segundos com gasolina.

Na prova de consumo urbano, o Golf 1.0 TSI registrou 12,7 km/l com gasolina e 9,2 km/l com etanol – números idênticos aos da versão Highline 1.4 TSI automática (12,6 km/l e 9,2 km/l, respectivamente). Na estrada, o hatch fez 17,1 km/l com o derivado de petróleo e 13,3 km/l com o combustível vegetal (veja os números das medições no final da matéria).

1

Reprodução/Foto-RN176 Divulgação Golf Comfortline -TSI

De resto, o Golf 1.0 TSI manteve as qualidades das outras versões. Construção sólida, cabine bem acabada e comportamento dinâmico elogiável, caracterizado pela direção elétrica de respostas diretas e pelas suspensões que aliam firmeza em curvas e conforto aos ocupantes.

Com preço inicial de R$ 74.990, o Golf Comfortline 1.0 TSI traz em seu pacote “básico” sete airbags (frontais, laterais, de cortina e para o joelho do motorista), controles eletrônicos de estabilidade e tração, ganchos Isofix para a ancoragem de cadeirinhas infantis, cintos de segurança de três pontos para todos os ocupantes, direção elétrica, ar-condicionado, faróis de neblina com luz de conversão, rodas de 16 polegadas, assistência de partida em rampas, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros e central multimídia Composition Media com tela de 6,4 polegadas e compatível com os sistemas Apple Car Play e Android Auto.

1

Reprodução/Foto-RN176  Panel do  Golf Comfortline -TSI

A Volkswagen ainda disponibiliza o teto solar panorâmico e três pacotes de equipamentos (Comfort, Elegance e Exclusive) entre os opcionais, que adicionam rodas aro 17, ar digital de duas zonas, multimídia Discover Media com tela de 6,5 polegadas e espelhamento de smartphones, bancos de couro e sensor de chuva e acendimento automático dos faróis. Com todos os itens disponíveis, além da pintura metálica, o Golf Comfortline 1.0 TSI como o avaliado chega a custar R$ 95.071.

O Golf 1.0 TSI pode não ter um preço muito convidativo, principalmente no caso da configuração completa (ainda mais por se tratar de um carro que deveria ter sido lançado com a opção de câmbio automático). No entanto, essa nova versão prova que as tecnologias atuais permitem a um carro médio ter um motor pequeno mais eficiente que os aspirados tradicionais.