Exclusivo: Diretor de jornalismo da Band revela novidades para 2020 e fala da concorrência

ROTANEWS176 E POR RD1 29/12/2019 07:20                                                                                                         Por Reuber Diirr                                                                     

Diretor falou das novidades que o Grupo Bandeirantes planeja para os próximos meses

Reprodução/Foto-RN176 Rodolfo Schneider é diretor-executivo de jornalismo da Band (Imagem: Reprodução / Band)

Diretor-executivo de jornalismo da BandRodolfo Schneider conversou com exclusividade com o RD1 e falou sobre as novidades da emissora no segmento. O jornalista, que assumiu o cargo após André Luiz Costa ser transferido para a área de mídias digitais, falou sobre as dificuldades momentâneas e, claro, como vê o atual jornalismo do canal.

Schneider ainda fez uma análise sobre os telejornais da Band e avaliou a necessidade de informar os brasileiros com independência, liberdade e com um time de jornalistas que vai a fundo durante a apuração da notícia.

Confira:

RD1 – Quais mudanças serão percebidas com a sua gestão no jornalismo da Band?

Rodolpho Schneider  Nós temos muitas coisas para concretizar e várias que temos feito, mas que ainda virão. Sabemos que o ano que vem promete muito. Eu sei que vamos desenhar o novo Jornal da Noite para termos um telejornal mais analítico e que possamos entrar e avaliar com mais profundidade as notícias do Brasil.

O Band Notícias com poucos meses se encontrou como nosso jornal das dez horas da noite, então, hoje temos um formato que caiu no gosto do público, que apresenta resultado e que conseguimos ter um jornal ágil e com pegada.

O Jornal da Band em constante transformação. Ano que vem, certamente, já teremos um novo cenário para o Jornal da Band, que será para acompanhar o que temos de ideias e projetos dentro do próprio jornal para evoluir e implementar. Sabemos que, ao mesmo tempo, o jornalismo local, que começamos com força com o Bora São Paulo, por ser um produto de três meses, ainda temos coisas a evoluir, embora seja de poucos meses, mas o Joel [Datena] e a Laura [Ferreira] estão muito empenhados.

Temos realizado reuniões semanais para encontrar este formato e, acho que, de manhã, no ano que vem, vamos investir ainda mais para dar força a este matutino nosso. As pessoas estão saindo cada vez mais cedo de casa, cada vez mais consumindo informação mais cedo e sabemos que o nosso Grupo [Bandeirantes], pela chancela de credibilidade, temos que acompanhar essas mudanças da sociedade. O que não falta são ideias e vontade de implementá-las.

Com a ida do André Luiz Costa para o digital, já no final deste ano implementando coisas e no ano que vem, com mais força ainda, temos muito a ganhar com esta integração de toda a nossa equipe junto com o digital para desenhar e criar projetos para que possamos apresentar algumas novidades para o mercado e para o nosso público também. Às vezes, nosso público pode consumir na TV, mas outro público pode nos consumir pelo digital por meio do que o André [Luiz Costa] e equipe estão pensando para esta área.

RD1  Sobre o Jornal da Band, após a morte do Ricardo Boechat, haverá alguma mudança de âncora ou os atuais seguirão na apresentação?

Rodolpho Schneider  Não cogitamos mudança, agora. Não existe qualquer possibilidade. O Eduardo Oinegue e a Lana Canepa estão cada dia melhor. Disse isso para o Oinegue, mas como disse, estamos pensando em implementar mudanças positivas e agregadoras para o telejornal. Há algumas semanas, começamos com o quadro da Paloma Tocci, que sempre foi um rosto de muita identificação com o telespectador para fazer a parte esportiva e posso dizer que já temos outras coisas engatilhadas para fazer de participações e mudanças para este novo Jornal da Band, que não vai se limitar em apenas mudar o cenário, vai ser com coisas novas como produtos e notícias novas e sem perder aquele peso e tradição do próprio Jornal da Band e sempre girando pelo Brasil e pelo mundo, mas entrando na notícia – não só pincelando a informação – com mais dinamismo e agilidade que o jornalismo de hoje existe.

RD1 – De acordo com fontes, o Jornal da Noite virá com uma plástica diferente. Mais analítico, novo cenário, estética e comentaristas diferentes. Quais as novidades que você pode adiantar do novo Jornal da Noite?

Rodolpho Schneider  Até como advento do Band Notícias, que começa às 22 horas e termina às 22h45, há uma necessidade de que o Jornal da Noite, que vem à meia-noite, ao vivo, seja diferente, se não acabamos fazendo um Band Notícias atualizado. É claro que algumas notícias você vai repetir, pois elas caminham até aquele horário. Nossas editorias em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo acabam atualizando muitas informações. Em um dia que tem uma informação acontecendo, há que se atualizar o tempo todo. Mas, sobre o Jornal da Noite, é passar pelas principais notícias, pegar duas ou três e aprofundar, com uma bancada plural, vale a pena ressaltar.

A ideia é pôr pessoas que pensem de forma diferente. Então, se você vai abordar uma reforma política, opiniões distintas na bancada com os nossos âncoras para surgir o debate, ter gente colocando pontos de vista diferentes, para colocar a pluralidade de opiniões e respeitar o outro lado, que é algo tão importante e que precisamos cada vez mais enaltecer e o Grupo Bandeirantes faz isso com maestria. Veja como exemplos o próprio [Jair] Bolsonaro dando entrevista para o [José Luiz] Datena no Brasil Urgente e a cobertura, com toda isenção, da soltura do [Luis Inácio] Lula [da Silva] em Curitiba. Então, essa é a marca do Grupo Bandeirantes e é uma marca que não vamos perder.

A questão do Jornal da Noite vai escolher dois ou três pontos para analisar mais e vai fazer isso de forma mais densa até mesmo para que ele se distinga dos demais telejornais. Eu não posso dar essas informações ainda, pois estamos avaliando nomes, mas posso dar uma informação exclusiva e que poderá ser conferida a partir do ano que vem na programação que é uma volta total, ainda mais forte – não que não façamos hoje – investindo em meteorologia, na questão do clima, que sempre foi uma marca do grupo. Tivemos nomes como Mariana Ferrão, que se notabilizou neste sentido, mas entendemos que precisamos fortalecer este braço na programação como um todo.

Nós temos a Laura Ferreira que é especialista no assunto, mas outras pessoas, também treinadas, serão importantes para que possamos falar do clima a nível nacional em um país como este que é um continente. Para que possamos falar da seca, da chuva exagerada, do que atinge o agronegócio, da chuva de granizo, da ressaca e que possamos dar a previsão do tempo. Sabemos que isso é do interesse público e queremos voltar com uma veia muito forte nessa cobertura que está ligada intimamente ao serviço público.

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RD1 – Ano que vem teremos eleições e sabemos que o mediador da Band era o Ricardo Boechat. Você já tem algum nome que atue como mediador nos debates?

Rodolpho Schneider – Estou há pouco tempo aqui nesta função e há várias carnes nesse fogo e tem que tomar cuidado para não as queimar. Você vai pegar uma e acaba deixando outra no fogo e queima com a lavareda alta.  Eu confesso para você que já tive algumas conversas com Fernando Mitre, que é nosso diretor de jornalismo e já estamos começando a desenhar isso, mas em termos de cobertura, ainda. Eu viajei há pouco tempo e tive um encontro com todas as praças do Nordeste e do Norte para discutir e entender a rede e falar sobre a importância deles em todo o nosso jornalismo com entradas, participações e com a cara do Brasil cada vez mais.

Outro dia, colocamos 15 repórteres do Brasil inteiro no Band Notícias. Isso valoriza a cara do Brasil como um todo. Uma das bases, um dos pilares desse encontro foi falar de eleições municipais. Como que vamos fazer? Quais os ritos que seguiremos para fazer uma cobertura de nível nacional e não adianta a gente ficar falando aqui de São Paulo. Eles precisam entender, de suas praças, para que desenhe bons debates e que sejam os primeiros debates desse cenário eleitoral que vai ser polarizado. Já vai ser algo significativo para 2022, mas confesso que um nome de âncora não entrou em nossa discussão, pois entendemos que essa não é a nossa prioridade.

Nossa prioridade é: a cobertura e o debate que faremos com a marca do Grupo. O primeiro debate, mais uma vez, no ano que vem, mas o nome que vai estar ali – não estou dizendo que isso não importa, ou seja, um detalhe e não estamos preocupados com isso -, entendemos que agora não é uma prioridade, todavia, em um momento adiante, será e voltaremos a falar sobre o assunto.

RD1 – O Bora SP ocupa duas horas na grade de programação da Band, que é um sinal fechado para as demais emissoras afiliadas. Nesse horário, elas podem utilizar qualquer tipo de produto, desde o jornalismo ao entretenimento local. Há alguma ideia da Band para estimular as afiliadas a usarem mais o jornalismo local (sabendo que requer investimentos em um momento cuja economia não está convidativa)?

Rodolpho Schneider  Como você falou, isso é uma equação. Pelo momento que estamos vivendo no Brasil, não dá para você chegar com uma faca e colocar no pescoço de um executivo para ele pôr no ar um jornal local, até porque, temos um nível de qualidade que é preciso saber na hora de se colocar um telejornal no ar.

O Bora SP é um produto que está há pouco tempo no ar, mas estamos debatendo e discutindo frequentemente. Fazemos reuniões, discutimos, entendemos, vemos o que funcionou ou não. Não dá para imaginar um Bora SP sem tratar dos problemas e das questões da Cidade de São Paulo. Isso a gente entendeu, mas antes, tínhamos dois repórteres de dia e mais à tarde fazendo matérias para o dia seguinte. Hoje, se você assistir ao Bora SP, temos quatro repórteres de manhã. Divide-se uma quadritela. Por quê? Porque entendemos que o que precisa ter de manhã é agilidade, é notícia, transporte, mobilidade. É o que está acontecendo agora. Link, informação, matéria curta e ágil. Não adianta fazermos matéria de três ou quatro minutos e ficar querendo discutir profundamente uma questão, porque de manhã não é um momento mais apropriado.

É um momento de notícia para a pessoa rapidamente ter acesso, saber para onde ela vai para o trabalho dela. Se o metrô está funcionando, se não está, se a marginal está engarrafada ou não. É uma coisa de muita prestação de serviço e de jornal ao vivo com interação com redes sociais – WhatsApp, Twitter, Instagram, Facebook. A pegada do Bora SP já é bem distinta do que foi e não tem problema. Acho que a gente tem que ir se adaptando e entendendo que deve ir melhorando cada vez mais. É um processo. Qualquer produto que você coloca no ar, passará por um processo de adaptação. Às vezes você vai acertar mais e aos pouquinhos você vai alinhando. É isso que estamos fazendo.

A hora que alinharmos o Bora SP, talvez, tenhamos em um horário matutino um bom modelo para imaginar e cada vez mais ajudar as praças a encontrar uma pegada pela manhã. Em Curitiba, existe o Bora PR, no interior de São Paulo existe o Bora e a ideia é sim evoluir. Que não sejam as duas horas do Bora SP, é por isso que colocamos um produto nacional à disposição das praças para que possam ter, neste momento, caso não tenham fôlego para realizar um produto local, mas que pelo menos comecem com meia-hora. Ganhou fôlego e conseguiu comercializar, vai para uma hora. Não precisa fazer as duas [horas] que São Paulo está fazendo.

Estamos abrindo um sinal para que as próprias [emissoras do Grupo Bandeirantes] e as afiliadas possam exibir o Bora SP. E aí, eu acho que tem um pulo do gato, muito importante: o Antônio Carlos Zimmerle, que é nosso diretor de programação, conversou com todas as praças e, em concordância com o André Aguera, nosso vice-presidente com o Johnny [Saad] que é o seguinte: aconteceu um fato relevante, a praça – claro que em comum acordo com o nacional – cai com a programação nacional. Está acontecendo um [programa] esporte ou entretenimento, a gente manda a comercialização e eles fazem por lá – a gente faz isso na BandNews há tempos, e quando o Zimmerle falou isso, eu concordei imediatamente. Já estamos falando com todos os diretores-gerais essa orientação e se, por um acaso, tem um fato acontecendo em Fortaleza, Fortaleza tem que falar com Fortaleza naquele momento. Não interessa a gente ficar falando de esporte ou sobre qualquer coisa de entretenimento se o assunto está lá.

Se a gente não for cair com a grade nacional, se o assunto for muito relevante, cai para a praça que deve ter aquela liberdade, em comum acordo com a gente [de São Paulo]. Se há um caso acontecendo em Belo Horizonte, por exemplo, Belo Horizonte precisa ter total autonomia e possibilidade para fazer lá. A gente manda a comercialização para eles exibirem. O mais importante é a notícia, a informação de serviço para quem mora ali.

Isso é uma comunicação que a gente tem que levar para as praças. Tem que ir lá, tem que comunicar, tem que dizer, tem que estimulá-los a fazer. Lá atrás era assim: poxa, você não chegou com o link no local? Você não tem imagens registradas pela equipe e não pode fazer programação. Hoje, você faz rádio na televisão. Mandam três vídeos, por exemplo: um do avião caindo, outro da rua onde está tendo um incêndio por causa do avião e um terceiro com o transito fechado, você põe os vídeos e o âncora vai conduzindo, entrevistando uma pessoa que ligou por telefone e viu o que aconteceu. Bota um repórter com uma informação ao vivo complementando. Você faz trinta minutos, uma hora de programação e já mostrou uma presença naquele local que é o fundamental. As pessoas querem a notícia, a informação.

Eu não estou dizendo que tem que ignorar alguns preceitos e alguns cuidados de que você está fazendo televisão, mas você não pode engessar a ponto a televisão, de maneira que você está de braços cruzados enquanto a rádio e o online estão nadando de braçada. A gente tem que entender este momento e dar a possibilidade e ajuda-los. Às vezes, ajudá-los treinando ou dando a mão de apoio para que as praças e as afiliadas tenham condições e possam realizar este tipo de trabalho em algumas situações.