O estudante condenado à prisão perpétua por estuprar 48 homens

POLÍCIA-EUROPA

ROTANEWS176 E POR BBC NEWS BRASIL 06/01/2020 13h46

 Reynhard Sinaga, de 36 anos, atraía as vítimas para seu apartamento em Manchester, no Reino Unido, onde as drogava e atacava — filmando os abusos.

Um “predador sexual em série” foi condenado por 159 crimes sexuais, incluindo 136 estupros.

Reprodução/Foto-RN176 Reynhard Sinaga filmou ataque a vítimas inconscientes em seu apartamento em Manchester Foto: Divulgação / BBC News Brasil

O estudante indonésio de pós-graduação Reynhard Sinaga, de 36 anos, foi considerado culpado de atrair 48 homens que estavam em casas noturnas de Manchester, no Reino Unido, para seu apartamento, onde os drogava e atacava — filmando os abusos.

A polícia diz, no entanto, ter evidências de que ele tenha feito pelo menos 190 vítimas.

Ele foi condenado à prisão perpétua, com direito a liberdade condicional após cumprir uma pena mínima de 30 anos de prisão.

O julgamento também permitiu que ele fosse identificado pela primeira vez.

O Ministério Público britânico (CPS, ou Crown Prosecution Service) afirmou que Sinaga era “o estuprador com maior número de casos da história jurídica britânica”.

O estudante já estava cumprindo prisão perpétua, com uma pena mínima de 20 anos, pelos crimes pelos quais fora condenado em dois julgamentos anteriores, que ocorreram no verão de 2018 e na primavera passada.

Em quatro julgamentos separados, o cidadão indonésio foi considerado culpado de 136 acusações de estupro, oito acusações de tentativa de estupro, 14 acusações de agressão sexual e uma acusação de agressão com penetração, contra um total de 48 vítimas.

Na audiência, a juíza Suzanne Goddard disse que Sinaga “atacava homens jovens” que queriam “nada mais que uma boa noitada com seus amigos”.

“Na minha opinião, você é um indivíduo altamente perigoso, ardiloso e traiçoeiro que nunca será seguro para a sociedade para ser libertado”, declarou Goddard, acrescentando que a decisão de libertar prisioneiros é tomada pelo Conselho de Liberdade Condicional.

Vítimas inconscientes

Sinaga esperava os homens saírem das boates e bares antes de levá-los para seu apartamento em Montana House, em Manchester, geralmente oferecendo um lugar para tomar um drinque ou chamar um táxi.

Ele drogava as vítimas e as atacava enquanto estavam inconscientes. Quando acordavam, muitas não tinham lembrança do que havia acontecido.

O estudante, que nega as acusações, alegou que toda a atividade sexual era consensual e que cada homem havia concordado em ser filmado enquanto fingia estar dormindo — estratégia de defesa descrita pela juíza como “ridícula”.

Em uma sentença anterior, a juíza disse ter certeza de que Sinaga havia usado uma droga associada ao estupro, como o GHB.

Reprodução/Foto-RN176 A polícia diz ter evidências de que Sinaga atacou pelo menos 190 vítimas, mas muitos homens não foram identificados ou não lembram do que aconteceu Foto: Divulgação / BBC News Brasil

Nos depoimentos lidos no tribunal, uma vítima disse que Sinaga “destruiu uma parte da sua vida”, enquanto outra declarou: “Espero que ele nunca saia da prisão e apodreça no inferno”.

“Tenho períodos em que não consigo me levantar e enfrentar o dia”, acrescentou outra testemunha.

Várias vítimas afirmaram que a provação pela qual passaram teve um sério impacto em sua saúde mental, com alguns desenvolvendo pensamentos suicidas.

‘Prazer em atacar heterossexuais’

A juíza Goddard disse que, pela “escala e a dimensão” dos crimes de Sinaga, era “correto” que uma de suas vítimas o descrevesse como monstro.

Ela acrescentou que ele não mostrou “um pingo remorso” e, às vezes, parecia estar “realmente gostando do julgamento”.

Após a sentença, Ian Rushton, do CPS, comentou o caso. “Ele (Sinaga), sem dúvida, ainda aumentaria sua lista impressionante (de vítimas), caso não tivesse sido pego”.

Ele acrescentou que achava que Sinaga tinha “um prazer particular em atacar homens heterossexuais”.

Como ele foi descoberto

Reprodução/Foto-RN176 Imagens das câmeras do circuito interno mostrando Sinaga saindo de seu apartamento em busca de vítimas foram exibidas aos jurados Foto: Divulgação / BBC News Brasil

Sinaga, que estava estudando para um doutorado na Universidade de Leeds, no Reino Unido, realizou seus ataques ao longo de vários anos.

Ele foi pego em junho de 2017 quando uma vítima, que recuperou a consciência ao ser agredida, lutou contra Sinaga e chamou a polícia.

Quando os policiais apreenderam o telefone de Sinaga, descobriram que ele havia filmado cada um de seus ataques — totalizando centenas de horas de filmagem.

A descoberta levou à abertura da maior investigação de estupro da história britânica.

De acordo com o subchefe de polícia, Mabbs Hussain, a verdadeira extensão dos crimes de Sinaga provavelmente nunca seria descoberta.

“Suspeitamos que ele tenha cometido crimes por um período de 10 anos”, afirmou. “As informações e evidências que seguimos foram em grande parte dos troféus que ele coletou das vítimas de seus crimes.”

Os investigadores rastrearam dezenas de vítimas dos vídeos usando pistas encontradas no apartamento de Sinaga em Manchester, como telefones, documentos de identificação e relógios roubados.

Reprodução/Foto-RN176 Evidências apresentadas no julgamento sugeriram que Sinaga drogou os homens, dando a eles bebidas ‘batizadas’ Foto: Divulgação / BBC News Brasil

A ministra do Interior britânica, Priti Patel, informou que em resposta aos “crimes verdadeiramente repugnantes” de Sinaga, pediu a um conselho independente que analisasse se os controles de drogas, como o GHB, eram “suficientemente duros”.

O GHB (gama-hidroxibutirato) é no Reino Unido uma droga de classe C — considerada menos perigosa para a saúde, mas cuja posse, fornecimento ou venda a terceiros é ilegal.

Qualquer pessoa flagrada em posse da droga pode pegar até dois anos de prisão.

Os julgamentos de Sinaga foram realizados ao longo de 18 meses na Manchester Crown Court, resultando em condenações unânimes para todas as acusações.

Os detetives dizem que não foram capazes de identificar 70 vítimas — e agora estão fazendo um apelo para quem acredita que pode ter sido abusado por Sinaga para se apresentar.

As condenações de Sinaga estão relacionadas aos crimes que ele cometeu de janeiro de 2015 a junho de 2017, mas a polícia acredita que ele começou a cometer as infrações anos antes.

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