Postura correta da fé

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 11/04/2020 09:13

Capítulo “Frescor”, volume 29

CADERNO NOVA REVULUÇÃO HUMANA

PARTE 49

Desde a sua primeira preleção realizada no vigésimo oitavo dia do quarto mês de 1253, quando estabeleceu seu budismo no templo Seicho-ji, Nichiren Daishonin apontou os erros nos ensinamentos da seita Nembutsu. Na época, a prática do Nembutsu era bastante popular, e admitida pelas demais escolas budistas como a “prática fácil” para as pessoas, e havia sido propagada por discípulos de Honen,1 que pregava a oração exclusiva do Nembutsu.

 

A “prática fácil”, ao contrário da “prática difícil”, possui o significado de exercício budista simplificado. E a prática da oração exclusiva do Nembutsu é um ensinamento que prega que somente por meio da recitação do nome do buda Amida se pode alcançar o paraíso da Terra Pura da Perfeita Felicidade do Oeste após a morte.

Na sociedade, onde a fome e a peste predominavam, prevalecia o pessimismo embasado no pensamento associado aos Últimos Dias da Lei. Havia uma tendência de o coração das pessoas se voltar para a fé no Nembutsu que argumentava que este mundo era a “terra impura” e a salvação se encontrava somente numa longínqua terra a “cem bilhões de terras do buda na direção oeste”. Todavia, esse ensinamento levava as pessoas a fugir da realidade, tornando-as dependentes de uma força exterior, e fazendo-as perder a vitalidade. Em outras palavras, fazia com que abdicassem do esforço para edificar sua felicidade, e retirava delas a disposição de se desenvolver e de progredir na sociedade em que viviam. Assim, tal ensinamento acabava enfraquecendo as pessoas.

E ainda, Honen pregava que, exceto o ensinamento do Nembutsu, todos os demais, inclusive o Sutra do Lótus, deveriam ser “descartados, fechados, ignorados e abandonados”. Os discípulos de Honen insistiam em repetir essa afirmação falsa e exclusivista, ignorando totalmente as provas documental, teórica e real.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da Editora Brasil Seikyo – BSGI

O Sutra do Lótus é um ensinamento da iluminação universal das pessoas elucidando que todos possuem igualmente o estado de buda. Comparando com os demais ensinamentos que oferecem apenas visões parciais da vida, o Sutra do Lótus é o “ensinamento perfeito” que elucida plenamente sobre essa vida.

Os sacerdotes do Nembutsu, discípulos de Honen, orgulhavam-se da crescente prosperidade de suas escolas, alcançada por meio da associação com as autoridades governamentais. Ignorar essa situação, deixando-a da forma que estava, fazia com que a Lei correta fosse pisoteada, e o sofrimento do povo, ainda mais severo. É por essa razão que Nichiren Daishonin submeteu o tratado intitulado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra a Hojo Tokiyori, a autoridade detentora do poder governamental. Nele, Daishonin adverte claramente que as causas da infelicidade e do caos da sociedade se encontravam no Nembutsu.

 

 PARTE 50

 

Na época em que Daishonin escreveu o tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra, Kamakura havia sido assolada por grandes terremotos, e a fome e a peste continuavam em abundância. Em qualquer época, quando persistem as condições de extrema dificuldade, as pessoas perdem a esperança na sociedade e no ambiente em que vivem. Tendem a pensar que “Não há mais jeito” e “De alguma forma, quero escapar dessa situação de sofrimento”. Em vez de empenharem esforços e estabelecerem planos para superar as condições adversas, é comum se tornarem passivas ou tomarem atitudes irresponsáveis. Como consequência, provocam uma corrente de infelicidade ainda maior.

A fuga da realidade, que buscava a “Terra Pura do Oeste”, na época de Kamakura, e a oração para forças externas, rejeitando o próprio esforço, são equivalentes. O pensamento do Nembutsu é um modelo que simboliza a tendência da vida do ser humano de cair na angústia dos sofrimentos quando se defronta com grandes dificuldades. Pelo fato de as pessoas possuírem uma tendência de vida orientada para esse tipo de pensamento, elas se simpatizam com o Nembutsu. Por meio da refutação do Nembutsu, Nichiren Daishonin buscou cortar pela raiz a “fraqueza” da resignação, da fuga da realidade e da falta de vitalidade, inerentes à vida humana, cuja consequência é a infelicidade das pessoas.

Daishonin bradou: “O local em que a pessoa abraça e louva o Sutra do Lótus é chamado de ‘local da prática’ para o qual ela se dirige. Não é que ela deixa o seu local atual e vá para algum outro”.2 Portanto, o local em que se recita Nam-myoho-renge-kyo e se dedica à fé é o próprio lugar da prática do budismo e a consecução do estado de buda. Não significa ir a algum local, saindo de onde se encontra neste momento. O Budismo Nichiren ensina o caminho para edificar a felicidade em meio à tumultuada realidade, fortalecendo a energia vital.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da Editora Brasil Seikyo – BSGI

Além do Nembutsu, Nichiren Daishonin refutou rigorosamente os ensinamentos das escolas Zen, Preceitos e Palavra Verdadeira, analisando-os criteriosamente. Porém, não significa que Daishonin não aceitasse o significado de outros sutras além do Sutra do Lótus. Por exemplo, em várias partes de seus escritos, ele emprega diversas passagens dos sutras indicando a correta postura da fé.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Notas:

  1. Honen (1133–1212): Também conhecido como Genku. Fundador da escola Terra Pura (Nembutsu) no Japão.

2. OTT, p. 192