ROTANEWS176 E POR BBC NEWS BRASIL 28/04/2020 08h10 Por Leticia Mori – Da BBC Brasil em São Paulo
Divergências quanto a isolamento social e grau de ameaça da covid-19 mostram divisão entre evangélicos que se acentuou à medida que presidente Bolsonaro foi assumindo ‘aura de autoridade religiosa’, explicam teólogos e sociólogos evangélicos ouvidos pela BBC News Brasil.
O teólogo Kenner Terra, do Espírito Santo, teve que lidar com uma enxurrada de críticas e comentários agressivos de outros evangélicos quando publicou um texto defendendo o isolamento social para combater o coronavírus.
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Reprodução/Foto-RN176 Cultos religiosos, que costumam receber centenas ou até milhares de pessoas, podem se transformar em um local de transmissão em massa – assim como jogos esportivos, protestos e festas Foto: Reprodução/Facebook Templo de Salomão / BBC News Brasil
Coordenador do Fórum Evangelho e Justiça no Espírito Santo, Terra é pastor de uma igreja batista que está entre as que defendem as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para evitar a disseminação da covid-19.
Em contraste com líderes evangélicos conhecidos que vieram a público criticar o isolamento e defender a abertura das igrejas, diversos pastores das mais diferentes denominações defendem a suspensão de cultos presenciais e estão disponibilizando cultos online, enviando cartas e promovendo eventos e debates na internet sobre a importância dos cuidados diante da pandemia.
“Mas é uma minoria”, diz Terra. “Só de você estar considerando as recomendações da OMS já é quase como um ‘ato de resistência'”, diz ele.
As igrejas estão divididas. De um lado líderes que defendem o fim do isolamento, a manutenção dos templos abertos e os cultos presenciais — destes, alguns até entraram em disputa com o Ministério Público do Rio de Janeiro pelo direito de manter as igrejas abertas. Do outro lado, líderes que fecharam os templos, fazem cultos online e pedem que os fiéis orem em casa.
Para teólogos e sociólogos evangélicos ouvidos pela BBC News Brasil, essa divergência sobre o coronavírus expõe uma divisão nesse grupo religioso que se acentuou durante os últimos anos, à medida que o presidente do país, Jair Bolsonaro, assumia, cada vez mais, uma “aura de autoridade religiosa”.
Eles dizem que, do lado dos que minimizam a ameaça da crise, estão, em geral, grupos que se alinham com o projeto bolsonarista e o acompanham na forma de lidar com a pandemia; de outro, estão grupos que não aderiram ao que Kenner Terra chama de “bolsorreligiosidade”.
Mas a situação embaralhou as divisões “clássicas” que normalmente se fazem dos evangélicos — entre os grupos de heranças protestantes mais tradicionais (como metodistas, batistas e presbiterianos) e os neopentecostais e pentecostais (igrejas como a Assembleia de Deus e a Universal).
Reprodução/Foto-RN176 Grupos evangélicos no Brasil são heterogêneos Foto: Getty Images / BBC News Brasil
Ou seja, não é possível separar a postura por tradição religiosa — dentro desses segmentos há uma divisão. Na igreja metodista, por exemplo, que em geral têm defendido o isolamento, há líderes divergentes.
Alinhamento com Bolsonaro
Segundo uma pesquisa recente do instituto Datafolha, os evangélicos continuam sendo um dos setores onde Bolsonaro tem aprovação. E, embora a maioria dos evangélicos no Brasil seja a favor das medidas de isolamento, o índice dos que são contra o isolamento e acham que a população deve sair para trabalhar (de 44%) é maior entre esses religiosos do que na população em geral (37%).
“Penso que o alinhamento ao projeto de Bolsonaro tem uma relação mais direta com a polarização entre conservadores (direita) e liberais (esquerda)”, explica o teólogo conservador Guilherme de Carvalho, diretor do grupo de estudos L’Abri Fellowship Brasil e ex-diretor de educação em direitos humanos do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.
No entanto, ressalva, a crise do coronavírus fez com que o apoio a Bolsonaro e às medidas de isolamento não seja unânime nem entre os conservadores, afirma Carvalho, que também é membro do conselho deliberativo do Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR).
“Posso dizer que há muitos conservadores católicos e evangélicos que não estão de modo algum alinhados com Bolsonaro na questão do coronavírus, tanto fora quanto dentro do governo, inclusive”, diz ele, que deixou o ministério no mês passado.
Líderes da igreja Batista de Lagoinha, por exemplo, frequentada pela ministra Damares Alves, ao mesmo tempo em que apoiaram o dia de jejum convocado por Bolsonaro (“para que o país fique livre desse mal”), têm feito cultos online, chamando os fiéis para ficarem em casa e criticado pastores que não fazem o mesmo.
“A covid-19 rachou o suporte evangélico transversalmente, em todas as denominações, excetuando-se as mais autocráticas (centradas na figura de líderes religiosos específicos)”, afirma Carvalho.
Fator Moro
Outro fator recente que evidenciou a divergência entre as igrejas foi o pedido de demissão do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
A saída de Moro foi vista com desaprovação por boa parte da comunidade evangélica, explica Carvalho, que vê Moro como símbolo de combate à corrupção.
“Muitos ficaram bem desgostosos com esse processo todo, fazendo com que a posição de muitos evangélicos tenha se movimentado um pouco mais para a oposição”, diz ele.
Até líderes que fazem parte da base mais fiel de apoio ao presidente — como o pastor Silas Malafaia — criticam a saída do ministro.
E entidades importantes e normalmente próximas ao governo Bolsonaro, como a Associação dos Juristas Evangélicos (Anajure), viram com descontentamento a saída do ministro. A Anajure emitiu uma nota de repúdio à “interferência do presidente na direção-geral da Polícia Federal”.
No entanto, muitos pastores ainda se mantêm fiéis à “bolsorreligiosidade”.
Líderes midiáticos
A pesquisadora metodista Magali Cunha, do grupo Comunicação e Religião da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), explica que são esses líderes mais “midiáticos” — nomes como Silas Malafaia (da Assembleia de Deus Vitória em Cristo) e Edir Macedo (Igreja Universal do Reino de Deus) — que têm sido os mais vocais na crítica às medidas de isolamento e mais negacionistas em relação à ameaça representadas pelo coronavírus.
Macedo compartilhou um vídeo em que dizia que o coronavírus não era uma grande ameaça. “Meu amigo e minha amiga, não se preocupe com o coronavírus. Porque essa é a tática, ou mais uma tática, de Satanás” dizia ele.
A Frente Parlamentar Evangélica também defendeu que as igrejas fiquem abertas.
“É fundamental que os templos, guardadas as devidas medidas de prevenção, estejam de portas abertas para receber os abatidos e acolher os desesperados”, disse o grupo em nota emitida há algumas semanas.
“A fé ajuda a superar angústias e é fator de equilíbrio psicoemocional”, afirma a bancada.
A BBC News Brasil tentou falar com o presidente da bancada, o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), e com líderes religiosos contrários ao fechamento dos templos, mas não obteve resposta.
A Igreja Universal disse em nota que serviços religiosos foram considerados essenciais por decreto presidencial e que está tomando medidas de “cautela sanitária”, como oferecer álcool em gel e pedir para que os fiéis sentem longe uns dos outros nos locais onde os cultos ainda estão sendo realizados — eles foram suspensos nos Estados que os proibiram.
“Nas localidades onde está proibida a realização de cultos em templos religiosos, a Universal está aberta apenas para orações individuais e auxílio espiritual, e observando todas as cautelas sanitárias”, diz a igreja.
“Percebe-se que um dos principais grupos que estão contra a medida (de isolamento social) são igrejas sem uma organização mais coletiva, governadas por líderes únicos com uma liderança mais personalistas — figuras sempre envolvidas em polêmicas que acompanham politicamente as orientações do presidente”, afirma Cunha.
O próprio presidente, dizem os teólogos, acabou se transformando em uma figura de “autoridade religiosa”, capaz de influenciar o posicionamento de pastores e fiéis.
Guilherme de Carvalho considera que esse fator é a principal motivação dos grupos contrários ao isolamento social.
“Bolsonaro claramente tem uma aura de autoridade religiosa. Essa aura foi evidentemente cultivada e explorada na ‘Santa Convocação’ ao jejum do dia 5 de abril, com um vídeo bastante divulgado em redes sociais com palavras de apoio de importantes lideranças evangélicas”, afirma Carvalho.
Apoiaram o jejum lideranças importantes das mais variadas denominações religiosas: as igrejas Sara Nossa Terra, Mundial do Poder de Deus, Renascer em Cristo, Presbiteriana do Brasil, Quadrangular do Reino de Deus, Batista Getsêmani e outras igrejas batistas.
“Essa autoridade foi conferida pelas próprias autoridades religiosas, embora, a essa altura, tenha ganhado certa independência”, diz ele.
Nesse contexto, explica, Bolsonaro é visto como representante de certos valores morais caros a esses grupos e qualquer oposição a ele é vista como sendo feita por “inimigos da fé”.
“É o voto de confiança turbinado pela religiosidade”, diz ele, para quem esse apoio também é perpassado por um temor entre os conservadores de que “o enfraquecimento de Bolsonaro permita a ascensão da esquerda”.
“É o que eu chamo de ‘bolsorreligiosidade’, que tem em Bolsonaro uma figura sagrada, a fala dele representa a leitura de mundo que deve ser seguida”, explica Kenner Terra.
“Há uma tendência de tornar esse apoio ao Bolsonaro em um ato piedoso: é óbvio que apoiá-lo é defender a família, quem não o apoia é inimigo, não é ouvido, precisa ser exorcizado e silenciado.”
Reprodução/Foto-RN176 Membros da bancada evangélica do Congresso se reúnem com o presidente Jair Bolsonaro e ministros em Brasília antes da pandemia Foto: Agência Brasil / BBC News Brasil
“Bolsonaro identificou que precisava do apoio dos evangélicos nas eleições e certos grupos evangélicos perceberam que poderiam usar isso para conseguir benefícios”, explica. “É preciso lembrar que muitos desses religiosos apoiaram Dilma e Lula quando foi conveniente”, afirma.
Carvalho vê uma origem diferente para essa autoridade que acabou sendo conferida ao presidente — uma espécie de vácuo de autoridade que o político soube aproveitar.
“Suas raízes estão, naturalmente, na necessidade de uma representação política que considere alguns valores cristãos importantes, como a família, a justiça, a honra a autoridades e a símbolos que promovam coesão social, e que deixe de marginalizar a voz cristã, erro sistematicamente cometido em governos anteriores”, diz ele.
“Bolsonaro, corretamente, se lembrou de que existem milhares e milhares de igrejas no Brasil. Levou a sério os argumentos em favor da liberdade de religião ou crença, e as proteções especiais que essas liberdades recebem na Constituição Federal. Na verdade esse é um ponto a favor de Bolsonaro, e não contra”, afirma Carvalho.
Carvalho defende o isolamento social como forma de combater o coronavírus, mas afirma que as autoridades estaduais e municipais, o Ministério Público e a imprensa não “compreendem a importância histórica e social da liberdade religiosa” e que muitos desses grupos estão com medo de perderem a liberdade de culto.
“Se alguém deseja enfraquecer a forma caricatural de conservadorismo representada por Bolsonaro, existe um e apenas um caminho: abrir diálogo com as igrejas evangélicas”, diz ele.
Questão econômica
Segundo os analistas, há um setor, que inclui esses líderes, para quem a questão econômica é uma das motivações para a hesitação diante das medidas de isolamento.
“Há um medo das igrejas, porque a entrada financeira acontece principalmente nos cultos presenciais, há o risco da entrada ser menor, e há uma série de compromissos financeiros, aluguel dos templos, salários dos pastores, etc” afirma Kenner Terra.
“Em uma reunião que fui com o governador do Espírito Santo, 70% dos pastores tinham isso como principal preocupação, perguntaram se o Estado iria dar ajuda financeira para as igrejas.”
Reprodução/Foto-RN176 Bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, pediu que seus fiéis não leiam notícias sobre o coronavírus Foto: Reprodução/Instagram / BBC News Brasil
“Não é diferente dos grandes empresários brasileiros que estão pedindo o fim do isolamento, é uma questão de fundo econômico. Eles vivem disso, não querem perder mercado. (O isolamento) interfere na estrutura de recolhimento de oferta”, afirma o sociólogo Clemir Fernandes, do Instituto de Estudos da Religião (Iser).
Magali Cunha diz que “não podemos colocar na mesma balança” grandes conglomerados de igreja que possuem bens, influência política e até meios de comunicações, com igrejas menores, que funcionam com base nas doações do dia a dia.
“Muitas vezes é uma igreja que funciona em uma lojinha, em uma garagem, essas neopentecostais que surgem a rodo. Não podem ser comparados com esses líderes que têm compromisso público com uma agenda bolsonarista”, diz ela.
“É verdade que alguns líderes de grandes igrejas tem feito muita pressão para manter abertas as igrejas, e pelo menos em alguns casos podemos especular que isso tenha relação com a sustentação financeira dessas igrejas. De certo modo, não difere muito do argumento de alguns empresários”, afirma Guilherme de Carvalho.
“Mas tenho a impressão de que, para a maior parte das pequenas congregações, essa realmente não é a grande questão. Ouvi falar pouco sobre isso, entre pastores. A maior preocupação parece ser mesmo a ameaça à liberdade de culto”, diz ele.
Pastores preocupados com a disseminação do coronavírus dizem que a solução para cumprir os compromissos econômicos é receber doações de outras formas, e que, embora legítima, essa preocupação não pode passar na frente da segurança e da vida.
Muitas doações têm migrado para a internet. A plataforma EuIgreja, que permite que os fiéis contribuam virtualmente, teve um aumento de 600% em inscrições de igrejas nas últimas três semanas, segundo Rafael Lazzaro, um dos sócios. Já são mil comunidades religiosas inscritas, incluindo a Igreja Metodista, a Igreja do Narazeno e a Assembleia de Deus.
Essa questão já levou inclusive a rusgas públicas entre líderes religiosos importantes. A pastora Ana Paula Valadão, da Igreja de Lagoinha, criticou pastores que não fecharam as portas e sugeriu que eles façam a coleta das doações pela internet. “Tá com medo de perder o quê? Arrecadação financeira?”, disse ela.
Isso gerou uma resposta de Silas Malafaia. “Nunca cobrei um centavo para pregar o Evangelho”, disse ele, que qualificou a crítica da pastora como uma “fala do inferno no nosso meio” e afirmou que “a igreja é o último reduto” das pessoas em tempos de crise.
Alas progressistas
Entre as igrejas evangélicas, os primeiros a defender o isolamento e transferir os cultos e estudos bíblicos para a internet foram os chamados grupos “progressistas”, não alinhados ao presidente.
O pastor Henrique Vieira, líder religioso de esquerda visto no Rio de Janeiro como um “anti-Malafaia”, tem feito toda sua pregação pela internet e veio a público criticar o jejum proposto pelo presidente.
“Abstinência de alimentos não parece o mais razoável em tempos de fortalecer nossa imunidade”, diz ele, que fez um vídeo para explicar “o verdadeiro sentido do jejum religioso”.
“A gente identifica claramente que as igrejas que apoiam as medidas preventivas são as que têm como base teológica do compromisso social” afirma Magali Cunha. “Historicamente trabalham temas como responsabilidade cristã, fazem trabalho social, têm uma preocupação de responder as demandas que surgem da sociedade.”
O pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda, em São Paulo, tem feito alertas diários no Twitter sobre os perigos da pandemia.
“Precisamos, urgente, dar nome, mostrar foto e contar a história das pessoas que morreram de covid”, escreveu na quarta-feira (22). “Enquanto a discussão ficar nas futricas do Palácio e os números forem estatísticas frias, mais pessoas se manterão indiferentes.”
Kenner Terra lamenta que a ala progressista da igreja evangélica tenha menos visibilidade. “São grupos menores, menos articulados e também que não são donos de grandes meios de comunicação”, afirma. “Também é difícil você juntar pessoas muito críticas.”
Fé e ciência
No vídeo em que duvida da gravidade do coronavírus, o pastor Edir Macedo mostra o trecho de um vídeo de um médico patologista que contraria a comunidade científica, o Ministério da Saúde e a OMS e diz que “de coronavírus a gente não morre”.
“Fica aí o recado do doutor, que é cientista e tem fundamentos científicos para falar o que ele falou com certeza”, diz o líder religioso no vídeo.
Mais de 210 mil pessoas já morreram por causa do covid-19 no mundo, mais de 4,5 mil delas no Brasil.
Para o sociólogo Clemir Fernandes, do Iser, o fato de muitos dos argumentos de religiosos e mensagens compartilhadas nas redes sociais trazerem supostos dados científicos, pesquisas e nomes de pesquisadores (muitas vezes incorretamente), mostram que o que existe não é uma descrença da ciência em si, mas uma tendência a acreditar somente naquilo que confirma uma visão já existente.
“Muitas das pessoas que defendem o uso da cloroquina (remédio que está sendo testado e ainda não tem eficácia comprovada) compartilham pesquisas que foram feitas com a substância, por exemplo”, diz ele. “Se fosse uma descrença total por causa da religião, isso não aconteceria.”
Ou seja, é problema muito mais de posicionamento político e ideológico do que a dificuldade em encaixar a ciência com a espiritualidade.
Para Guilherme de Carvalho, o fato de a “atitude leviana em relação à opinião científica e acadêmica” por parte do presidente não enfraquecer o suporte a Bolsonaro pode ter relação com o fato de a comunidade acadêmica “conversar pouco com a religião brasileira”.
Segundo ele, isso “contribui perversamente para que a religião opere como referência única de verdade”.
“Nesse deserto sem respeito a autoridades e sem cooperação, florescem teorias conspiratórias e o espírito do populismo. Assim, entre um líder político ‘ungido’ pelos líderes religiosos, e uma academia e uma imprensa que sempre jogam contra a fé, o povo tenderá a seguir esse líder político”, afirma.
“Eu diria que o desprezo à opinião científica que se tornou tão gritante nas últimas semanas foi intensificado por uma inimizade desnecessária entre fé e ciência do qual os culpados são tanto a universidade Brasileira quanto os líderes religiosos evangélicos”, afirma.
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