ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 16/05/2020 08:25
RELATO
O jovem Franco Italo encontrou na prática budista a força para avançar
Reprodução/Foto-RN176 Franco em visita ao Centro Cultural Campestre (2018), Itapevi, SP
Aos 17 anos, despertei para uma postura diferente na prática budista. Meus pais haviam se separado e, em casa, enfrentávamos muitos problemas financeiros. Nessas circunstâncias, recebi a visita de um líder que me incentivou a assumir a responsabilidade pela minha vida e da minha família. Essas palavras encorajadoras não saíram mais da minha cabeça e me ajudaram a manter a confiança para transformar esse desafio e todos os outros.
Inabalável
Moro no Rio de Janeiro, nasci em uma família que já praticava o Budismo de Nichiren Daishonin na Soka Gakkai e, ao longo dos anos, tive muitas comprovações dessa prática. A primeira delas foi aos 3 meses, quando me recuperei de uma grave pneumonia que poderia ter me tirado a vida. Minha mãe se manteve confiante em suas orações, pois ela havia determinado que eu resistiria à doença e no futuro me tornaria uma pessoa de grande valor para esse incomparável movimento de transformação social, o kosen-rufu.
Ainda na infância, vivenciava os problemas de desarmonia. No início, a família do meu pai, com quem morávamos, não aceitava a prática budista por não compreender a veracidade dessa filosofia. No entanto, a partir da postura e dos incentivos de minha mãe, toda a família decidiu ingressar na BSGI mesmo em meio a esse ambiente hostil.
Reprodução/Foto-RN176 Em atividade do grupo Brasil Ikeda Myo-on Kai (mar. 2020)
O apoio dos familiares e dos amigos Soka foi fundamental para o meu desenvolvimento, pois sou uma pessoa com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) — doença que se caracteriza por desatenção, inquietude e impulsividade. Aos 6 anos, ingressei no Coral Brisa do Mar, atual Coral Esperança do Mundo e, com o apoio da líder, aprendi a ler por meio do sutra para recitar o gongyo, e assim fortaleci ainda mais a minha fé.
Nessa época, contraí dengue, diagnóstico que inicialmente foi confundido com inflamação de garganta. Tive febre, dores no corpo e tomei antibiótico forte, que agravou a situação e quase me levou à morte. Mesmo muito debilitado, reunia todas as forças e recitava daimoku. Aos poucos eu me recuperei e até participei das apresentações do coral na época. Sinto que minha postura diante da doença foi crucial para essa rápida recuperação.
Coragem para avançar
Na adolescência, os incentivos do presidente Ikeda e o aprimoramento que recebi no Brasil Ikeda Myo-on Kai [grupo da Divisão Masculina de Jovens (DMJ)], foram decisivos. Na escola, estudava com alunos envolvidos com tráfico de drogas e que cometiam crimes. Sofria bullying e recebia ameaças. Nessa situação, mais uma vez, encontrei na prática budista a motivação para transformar aquele ambiente.
Tempos depois, a direção da escola mudou, melhorou sua política educacional e administrativa, tornando-se modelo na região. Com isso, alguns colégios particulares passaram a nos oferecer bolsas de estudo, e tive a chance de estudar em um deles, no bairro da Tijuca, RJ.
Em casa, minha mãe, com quem eu morava após o divórcio dos meus pais, estava com o salário atrasado. As contas se acumularam, recebemos ameaça de despejo e às vezes não tínhamos o que comer. Eu estudava à luz de velas e caminhava quase seis quilômetros por dia para ir e voltar da escola. Não podia desistir.
Preocupada, minha avó nos ajudava financeiramente; até que consegui um emprego. Eu me esforçava bastante e rapidamente fui promovido, tendo meu salário triplicado. Destaquei-me na empresa e ganhei prêmios de melhor funcionário.
Nossa condição financeira melhorou e tudo ia bem. Porém, comecei a ter problemas no trabalho. Meu desempenho muitas vezes foi questionado, tive o salário reduzido e achei que fosse perder o emprego. Tudo mudou quando passei a desejar a felicidade das pessoas, direcionando minhas orações nesse sentido. Fui promovido novamente e assumi a subgerência de uma filial da empresa que apresentava baixos resultados. Continuei me dedicando ao máximo ao trabalho; o setor se desenvolveu e se tornou o melhor da corporação.
Reprodução/Foto-RN176 Reunião da DMJ no Distrito Mariz e Barros (set. 2017)
Um passo a mais
Em 2016, fui aprovado com bolsa integral na faculdade de administração da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio). Para me dedicar integralmente aos estudos, pedi demissão no trabalho e recebi apoio dos meus chefes com um acordo rescisório do meu contrato.
Na organização, segui me esforçando pelo desenvolvimento dos membros. Ensinei o budismo para cinco amigos que iniciaram a prática budista. Na minha localidade, 99 pessoas também ingressaram na BSGI. Com isso, foi fundado o Distrito Afonso Pena, do qual sou responsável pela DMJ.
Na mensagem que enviou ao Myo-on Kai do Brasil, em abril de 2009, o presidente Ikeda cita: “Entre os vários ditados de grandes escritores, os quais aprendi de meu mestre (Josei Toda), um diz o seguinte: ‘As experiências de minhas angústias são a minha vantagem. Graças a elas, posso salvar as pessoas’”.
Muita coisa aconteceu nesse período: superei a morte da minha avó e outros desafios, mas permaneci confiante, recitando daimoku. Recentemente, consegui um emprego na minha área, retornando ao mercado de trabalho.
Ainda na mesma mensagem, Ikeda sensei afirma: “Nos escritos sagrados consta que ‘uma espada forjada não derrete em meio ao fogo’ (cf. CEND, v. II, p. 99). Um jovem fortalecido é capaz de cultivar a si mesmo como uma poderosa espada. Eu fui treinado na Universidade Toda. E são vocês que me sucederão honrosamente”.
Com esse incentivo, meu desejo é representar meu mestre dignamente, propagando essa filosofia da transformação da vida que é o budismo, o qual nos permite avançar dia após dia.
Franco Italo Peixoto Pinto, 26 anos. Estudante. Resp. pela DMJ do Distrito Afonso Pena e secretário do grupo Brasil Ikeda Myo-on Kai, CSMRJ, CGERJ.